Presença destacada de Einstein no anuário Valor Inovação Brasil, que identifica as 150 empresas mais inovadoras do país, é recorrente há sete anos. Em 2024, porém, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein deu alguns passos à frente, ficando em primeiro lugar entre as dez empresas que mais avançaram em pesquisa e desenvolvimento, com resultados transformadores para os setores em que atuam. A passagem do terceiro lugar, obtido em 2023, para a liderança foi resultado de um processo que exigiu investimentos de cerca de R$ 900 milhões em tecnologia de ponta nos últimos seis anos, incluindo o valor previsto até dezembro de 2024. Inteligência artificial, robótica, big data e algoritmos são exemplos de ferramentas que permeiam a gestão do ecossistema de saúde e chegam a centros cirúrgicos, consultórios e laboratórios.
“A inovação deixou de ser uma ilha isolada e passou a envolver profissionais de todas as áreas”, afirma Sidney Klajner, presidente do Einstein. Resultado: diagnósticos mais precisos, prevenção mais eficaz de doenças, redução de readmissões, além de maior eficiência no manejo. “Muitas apostas acabam gerando transformação cultural dentro da organização. É difícil hoje, em qualquer gargalo operacional, as áreas não pensarem em soluções que envolvam algoritmos e IA.”
Maior centro privado de pesquisa em número de artigos publicados no Brasil, segundo Klajner, o Einstein teve contato com mais de 2,5 mil startups de saúde desde 2014, quando iniciou o processo de inovação em seu centro tecnológico. Em 2018, criou a Eretz.bio, incubadora que já acelerou 140 startups, em parcerias que resultaram em cerca de 80 patentes e softwares. Hoje, 42 startups participam do programa de incubação. Em 2023, a plataforma de serviços de validação e incorporação de tecnologias inovadoras desenvolveu 171 projetos com startups nacionais e de mais de 20 países.
“A pesquisa de inovação protege a propriedade intelectual e contempla soluções de saúde relevantes não só para o Einstein, mas também para o país”, diz Klajner, cirurgião do aparelho digestivo que chega ao hospital paulista todos os dias às 6h para operar seus pacientes, antes de vestir as roupas de seu gerente.
No ano passado, o Einstein investiu 5% do seu faturamento em inovações tecnológicas. Foram destinados R$ 240 milhões para startups, pesquisas, projetos do Proadi-SUS com foco em inovação, robótica, Cerner Millennium (prontuários digitais) e transformação digital. O retorno, no sentido mais amplo, é intangível, mas há dados que demonstram a sua eficácia: mais de 80% das metas estabelecidas nas estratégias de inovação são alcançadas. Além disso, os contratos firmados com startups geraram receita de R$ 10,7 milhões no ano passado, valor 300% superior ao de 2022.
Observam-se mudanças relevantes na prática, tanto com benefícios para a saúde dos pacientes quanto para a gestão hospitalar. Na área de diagnóstico, uma das novidades, fruto da parceria do Einstein com a startup coreana Lunit, foi a criação, no ano passado, de um sistema de reconhecimento de alterações em imagens de radiografia de tórax. “O algoritmo mostra alterações que às vezes não são percebidas por médicos não especialistas. O socorrista que solicitar esse exame de raio X poderá chegar a um diagnóstico melhor, pois o sinal de alerta o levará a investigar mais a fundo aquele paciente”, afirma Klajner. Só em 2023, foram processadas mais de 20 mil imagens.
Outra parceria com uma startup, neste caso a portuguesa Speculum, resultou na criação de um software capaz de analisar exames de cardiotocografia em gestantes e detectar a possibilidade de sofrimento do bebê durante o trabalho de parto. A falta de oxigenação cerebral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a terceira causa de morte neonatal, além de poder causar consequências permanentes aos bebês sobreviventes. “A startup criou um algoritmo que faz a comparação em tempo real. Tem muita coisa na medicina que o cérebro é incapaz de perceber”, afirma o presidente.
Ciente desse desafio, o Einstein também criou um algoritmo capaz de identificar deterioração clínica em pacientes acompanhados em unidades semi-intensivas oito horas antes do problema se manifestar. A soma dos dados captados pelo algoritmo permite alertar os médicos sobre a tendência de piora do quadro clínico, levando o profissional a agir antes que o paciente piore.
“São mudanças imperceptíveis durante uma consulta médica”, explica Klajner. Outra utilidade trazida pela inovação é a possibilidade de prever sinais de síndrome metabólica por meio de exame de sangue. O algoritmo alerta que, sem mudança de hábitos e alimentação, aquele paciente terá problemas num futuro próximo. “Permite ver um filme, não uma foto daquele momento”, afirma o médico.
São mais de cem algoritmos desenvolvidos internamente no Einstein em todos os setores, como processos e gestão. Hoje, segundo Klajner, é possível saber, em até 30 minutos, se um paciente que chega ao pronto-socorro será internado, antes mesmo de o médico solicitar o procedimento. “Os algoritmos podem avisar o setor de internação sobre a reserva ou não de um leito. Dessa forma, o paciente não terá que esperar. Com antecedência, iremos direcioná-lo para a área apropriada.”
A prática mostra que diagnósticos precisos reduzem as internações hospitalares em 15%. “Ganhamos 186 leitos pela maior eficiência, sem aumento de infraestrutura”, diz Klajner. A mesma expertise nos permitiu criar cronogramas de cirurgias utilizando inteligência artificial. Algoritmos identificam o tempo médio da cirurgia, os aparelhos que serão utilizados, a distância entre o local de internação e o centro cirúrgico e, em casos de cancelamento, remarcam e reorganizam a ocupação das salas para evitar ociosidade e atrasos. “O sistema inteligente gerou de quatro a cinco consultas cirúrgicas adicionais por dia.” Outra inovação permite identificar pacientes com alto risco de readmissão após a alta, que passam a ser acompanhados de forma diferenciada. A média de cem cirurgias diárias chegou a 200.
A instituição conta atualmente com 64 unidades, entre hospitais e ambulatórios, das quais 35 são do setor público. Mantém 15 centros de ensino médio e universitários em quatro estados, uma unidade de pesquisa em São Paulo e quatro polos de inovação, incluindo o mais recente, em Manaus (AM). Em contrapartida à isenção tributária obtida por ser entidade filantrópica, realiza projetos no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi). Em uma delas, atende a população das regiões Norte e Centro-Oeste em municípios onde o deslocamento até o posto médico leva até 24 horas. Com a telemedicina foram realizadas mais de 200 mil consultas. Cerca de 90% dos casos foram resolvidos sem deslocamento. Desde 2009, a empresa investiu R$ 3,4 bilhões em projetos junto ao SUS.
Acessibilidade é um dos temas da pauta, que anda de mãos dadas com pesquisas de ponta, como a sequência genética desenvolvida no centro de medicina de precisão do Einstein. Hoje já é possível identificar pacientes com câncer que podem ser operados com sucesso por meio de análise genética e aqueles para os quais o procedimento será inútil. “Ainda há muito a descobrir, mas a análise do genoma será o futuro da saúde”, afirma Klajner.
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