Depois de uma das maiores secas da história na Amazônia, em 2023, o nível do rio não voltou ao que era antes. Ao chegar à comunidade Santa Helena do Inglés, em Iranduba (AM), as embarcações que passam pelo Rio Negro não chegam mais à plataforma. madeira para que as pessoas possam descer até o chão. Após uma das maiores secas da história na Amazônia, em 2023, o nível do rio não voltou ao que era antes e, além de afetar a navegação, causou danos à principal atividade econômica dos ribeirinhos: a pesca. Leia também Atualmente, na região de Iranduba, o rio está cerca de dois metros abaixo do nível que deveria estar nesta época do ano. Às margens da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, onde está localizada Santa Helena do Ingles, o terreno é dividido entre grama verde e terra vermelha, esta última ocupando o espaço que pertencia ao rio. As famílias locais vivem da pesca do jaraqui, de março a junho, e cultivam mandioca para subsistência e venda de subprodutos em Manaus. Mas o clima mudou a dinâmica da produção. “Estamos muito preocupados. No ano passado o rio secou muito num período em que já vínhamos pescando, porém, acreditamos que por causa dessa seca de 2023, o volume de pescado que esperávamos para este ano não chegou”, afirma Nelson Brito, comunitário líder. Nelson Brito, líder da comunidade Santa Helena do Inglês, em Iranduba (AM) Thiago Poncio/ Aberje Em anos normais, os ribeirinhos de Santa Helena pescam pouco mais de cem toneladas de peixes por ano. A tonelada é vendida entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Na temporada 2024, porém, Brito estima que a produção terá caído cerca de 50%. “E acreditamos que este ano haverá a mesma seca do ano passado, o que afetará os peixes do próximo ano”, afirma. Pirarucu Em Tefé, região central do Amazonas, a seca de 2023 impactou pela primeira vez em 25 anos a pesca do pirarucu, espécie protegida cujo manejo depende de autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Dos 12 grupos de pescadores habilitados a capturar a espécie na região, apenas cinco conseguiram capturar a quantidade a que tinham direito e dois nem sequer se arriscaram a fazê-lo. “A logística de entrega desse peixe ficou muito difícil sem acesso ao lago. Por isso ficamos muitos dias esperando o rio encher”, diz Raimundo Torres, ribeirinho e presidente da colônia de pescadores do Maraã, a 190 quilômetros de Tefé. Segundo ele, a comunidade alcançou um resultado 20% abaixo do esperado. Estima-se que mais de 280 comunidades e seis mil pescadores dependam da pesca do pirarucu para sua subsistência na Amazônia. A pesca foi completamente proibida na década de 1990 e, no início dos anos 2000, foi criado um plano de gestão para garantir a exploração sustentável da espécie. A temporada começa em novembro, mas com a estiagem os pescadores só poderão iniciá-la em janeiro, após duas prorrogações do prazo de autorização do Ibama. “Passamos todo esse tempo no porto da cidade esperando a subida do nível da água para ter acesso ao lago, o que aumentou muito o custo da pesca”, diz Torres. Se antes o volume total era capturado em menos de 20 dias, na temporada passada foram 54 dias, dos quais 40 aguardavam o melhor momento para pescar. “Nesse período, o mato cresceu e, quando alagou, o pirarucu ficou dentro da pastagem, impedindo a captura com redes”, diz. A pesca do pirarucu na Amazônia Clóvis Miranda/FAS Com o dobro do custo, a decisão dos pescadores maraenses foi vender a produção no próprio pesqueiro, o que reduziu o valor recebido de R$ 8 por quilo quando entregue no frigorífico para R$ 6,20 . A coordenadora do manejo do pirarucu do Instituto Mamirauá, Ana Claudia Gonçalves, afirma que a pesca do peixe é uma importante fonte de renda para essas comunidades. A instituição foi uma das responsáveis pela elaboração do plano de manejo da espécie na região. “Mesmo que haja pouca possibilidade de realizar esta pesca ou o preparo seja caro, alguns grupos ainda farão todo o esforço necessário para realizar a captura”, afirma. Com respiração dupla e até 220 quilos de peso vivo, o pirarucu precisa subir à superfície, o que facilita a captura. Portanto, todos os anos, os grupos autorizados a realizar a pesca devem enviar um relatório contabilizando a população total de peixes ao Ibama, que, após validar a contagem, emite autorização para capturar até 30% dos indivíduos adultos. Com a seca de 2023 a estender-se até meados de 2024, Raimundo Torres estima que, só na sua região, haverá um declínio entre 1.000 e 1.500 indivíduos este ano. Para evitar perdas ainda maiores, seu grupo estuda pedir a antecipação da autorização de pesca para escapar do período mais crítico da seca. *O jornalista viajou para Iranduba (AM) a convite da Expedição Amazônia, promovida pela Aberje e Itaú
o que está incluído no teste pmmg
como fazer um empréstimo no Bradesco
bpc loas pode contrair um empréstimo
empréstimo consignado bradesco
The post No Amazonas, seca afeta manejo de peixes apareceu primeiro no WOW News.