As entidades de defesa do consumidor exigem da Agência Nacional de Saúde Suplementar medidas eficazes de proteção ao cliente. Aumentam reclamações sobre rescisões unilaterais de planos de saúde O número de reclamações contra planos de saúde na ANS aumentou quase 30% devido a rescisões unilaterais de contratos. Estar com Daniel é um privilégio. Há pouco tempo, ele evitava contato com qualquer pessoa, não fazia barulho e precisava de ajuda com tudo. Atualmente ele já se veste, abraça, responde perguntas. Seu irmão, João, também foi diagnosticado com transtorno do espectro do autismo e, da mesma forma, melhorou muito com o tratamento. Os irmãos continuaram as sessões diárias de terapia durante dois anos. Até que, de repente, o tratamento foi interrompido. “29 de julho foi quando meu pesadelo começou. No final do dia recebi um e-mail e o e-mail dizia o seguinte: o plano do seu filho será cancelado por inadimplência”, afirma Queli Cristina Vieira Santana, autônoma. A mãe provou que estava tudo pago, mas não adiantou. Dois dias depois, as crianças estavam sem seguro saúde. As entidades de defesa do consumidor exigem da Agência Nacional de Saúde Suplementar medidas eficazes de proteção ao cliente. “O Judiciário entendeu que essas práticas são abusivas, mas a ANS ainda se recusa a criar resoluções normativas que inibam essa prática”, afirma Lucas Andrietta, coordenador do Programa Idec Saúde. Aumentam as reclamações contra planos de saúde por rescisões unilaterais de contratos. Jornal Nacional/ Reprodução ANS não possui nenhuma regra que obrigue as operadoras a informar cancelamentos. Então, a única forma de mensurar o tamanho do problema são as reclamações dos consumidores que chegam à própria ANS. Em 2024, estas reclamações aumentaram quase 30% face ao mesmo período de 2023. Mas a Agência Nacional de Saúde afirma que o número de interrupções unilaterais não aumentou, apesar do crescimento das reclamações. “Existem vários fatores que podem levar a esse motivo. Desde o aumento do número de beneficiários, maior empoderamento do consumidor em relação aos seus direitos, maior conhecimento da ANS por parte do consumidor. No momento, os cancelamentos são muito populares porque envolvem pessoas do espectro do autismo, em outras situações”, afirma Marcus Braz, vice-diretor de fiscalização da ANS. Entidades representativas das operadoras de planos de saúde se manifestaram. A Associação Brasileira de Planos de Saúde afirma que, desde o final de maio, seus associados suspenderam as rescisões unilaterais nos planos de adesão coletiva, após acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. A Federação Nacional de Saúde Suplementar afirma que todas as reclamações são tratadas pelos seus associados com a devida atenção; e que os sistemas dos operadores não permitem identificar o estado de saúde específico de cada beneficiário, o que impede qualquer discriminação na rescisão contratual. João e Daniel voltaram às sessões de terapia nesta quinta-feira (29) graças a uma decisão judicial. Mas a mãe teme que cada dia perdido tenha consequências no futuro. “A partir do momento que você interrompe essa terapia você começa a regredir, o tratamento regride. Ele começa a querer puxar a orelha, a querer enfiar o dedo no olho, ele começa a fazer coisas que ele não fazia mais, que estava sob controle, que estava em tratamento. A terapia ajuda nisso, no dia a dia dele de se vestir, de se tornar um adulto autônomo na vida”, afirma Queli Cristina Vieira Santana. LEIA TAMBÉM Operadoras de planos de saúde se comprometeram a suspender cancelamentos unilaterais de contratos de pacientes em tratamento contínuo Plano de saúde: governo notifica 20 operadoras por quebra unilateral de contratos; ver lista
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