agosto 26, 2024
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Alta do cacau vai puxar preço dos chocolates

Alta do cacau vai puxar preço dos chocolates
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A disparada do preço da commodity poderá influenciar até mesmo o custo dos ovos de Páscoa em 2025. Os fabricantes de chocolate esperam um segundo semestre mais desafiador devido ao aumento dos custos relacionados ao cacau, que enfrenta uma das maiores crises de abastecimento das últimas décadas. Em resposta, o preço do chocolate, que no Brasil já aumentou até 18% entre janeiro do ano passado e maio deste ano, segundo a empresa de pesquisa de mercado Kantar, deverá sofrer novos aumentos. Veja também: “Veremos o preço da commodity continuar subindo. E, neste caso, vamos ajustar os preços”, disse Ana Manz, diretora financeira da Nestlé, em teleconferência com analistas. A empresa, que se beneficiou de preços mais favoráveis ​​nos primeiros meses do ano devido às estratégias de hedge, não vê esse cenário se repetindo daqui para frente e espera margens menores no segundo semestre. Segundo projeções da Organização Internacional do Cacau (ICCO), a demanda global pelo produto deverá superar a oferta em 439 mil toneladas na safra 2023/24 (de outubro de 2023 a setembro de 2024), terceira temporada consecutiva com déficit no mercado global. produção. Como resultado desta crise na oferta global da principal matéria-prima do chocolate, os preços atingiram máximos históricos na Bolsa de Nova Iorque. Em abril, a tonelada de cacau atingiu pela primeira vez o valor de US$ 11.878. Nos últimos 12 meses encerrados em julho, a valorização da commodity no mercado internacional atingiu 121%, segundo cálculos do Valor Data. Em comunicado, a Nestlé afirma que “está empenhada em tomar medidas mitigadoras para ajustar os preços de forma responsável e apenas quando necessário”. A empresa também reforça seu compromisso com a expansão do Plano Nestlé Cacau no Brasil, programa de sustentabilidade do cacau criado em 2009 que reúne mais de 6,5 mil fornecedores em nove estados. Um dos principais desafios da indústria será equilibrar os aumentos de preços com a manutenção do volume de vendas. A Mondelez, proprietária das marcas Lacta e Oreo, afirma que irá “proteger preços críticos e limites-chave, ao mesmo tempo que utiliza a gestão de receitas para implementar mais preços em segmentos e ocasiões de consumo menos elásticos”, disse o diretor. finanças, Luca Zaramella, em teleconferência. “Desenvolvemos alternativas para continuar oferecendo aos consumidores produtos em diversos formatos, seja para consumo individual, em pequenas porções, ou mesmo embalagens promocionais e tamanho família”, afirmou Mondelez, em comunicado. Esta tem sido uma estratégia comum a outras empresas do setor para tentar reduzir as transferências. A empresa afirma que está concentrando seus esforços em “promover iniciativas que impulsionem a produção brasileira e incentivem ainda mais os produtores a terem acesso à pesquisa e às boas práticas agrícolas”. Consumo garantido Apesar do cenário inflacionário, o consumo de chocolate pelos brasileiros não sofreu impacto significativo até o momento. O produto cresceu 15,5% em volume de janeiro a maio deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Kantar. A categoria foi a única a avançar no aumento do consumo na cesta de indulgências, que inclui tabletes, chocolates, caixas/pacotes, salgadinhos, chocolates e confeitos. “Os consumidores e a economia brasileira permanecem resilientes”, disse Dirk Van de Put, CEO da Mondelez, aos analistas. Por outro lado, o executivo destaca que há um aumento gradual das elasticidades no Brasil, o que significa que a demanda do consumidor está cada vez mais sensível às variações de preços e que a manutenção deste cenário não está garantida. O chocolate concorre com outros produtos nas compras mensais. À medida que os preços sobem, “os consumidores tendem a racionalizar mais as suas escolhas”, afirma Matheus Macedo, novo gestor de negócios da Kantar. Para facilitar as transferências, “as empresas terão de pensar em alternativas que utilizem menos cacau”, sugere Macedo. Isso inclui produtos como wafers, que contêm biscoitos de chocolate, chocolates ou até salgadinhos de nozes com cobertura de chocolate. Essa lógica vale também para a Páscoa de 2025, considerando que o produto mais tradicional da festa, os ovos, são basicamente chocolate e que as compras de cacau para o período serão feitas neste contexto de preços elevados. Em abril deste ano, por exemplo, as vendas cresceram 15%, impulsionadas principalmente pelas caixas de chocolates (45,3%) e pelas barras (22,5%), segundo a Kantar. Os ovos, por sua vez, representaram apenas 12,6% do volume do mercado. “O grande ponto de atenção é equilibrar a cesta de indulgências dentro dessa elasticidade de preços”, diz Macedo. Falta de matéria-prima Essa estratégia se torna ainda mais relevante considerando que a situação do abastecimento de cacau no Brasil é crítica, segundo produtores e consultores de mercado, que afirmam não haver matéria-prima suficiente para abastecer as indústrias. O setor reconhece a dificuldade de encontrar matéria-prima no mercado, mas isso ainda não é um impedimento para a operação de grandes processadores de cacau no país, como Cargill e Barry Callebout, por exemplo. É o que afirma Anna Paula Losi, presidente executiva da Associação Nacional das Indústrias de Processamento de Cacau (AIPC). “Até o momento nenhuma empresa [associada à AIPC] relatou falta de produto e pode parar [as operações]. Isso ainda não existe. Não estou dizendo que não haja risco, mas a escassez de cacau continuará a assombrar o setor até que tenhamos volumes de colheita mais calmos”, afirma Losi. Dados da associação mostram que no primeiro semestre de 2024 houve uma quebra de 37,4% no volume de grãos nacionais recebidos pela indústria de transformação de cacau. Foram 58,3 mil toneladas recebidas no período, ante 93,3 mil toneladas nos primeiros seis meses de 2023. “Tivemos queda no recebimento por falta de produto. Para o segundo semestre, o número também poderá ser negativo pela expectativa de queda da demanda nos próximos meses, já que o déficit se reflete em preços mais elevados nos mercados externo e interno”, detalha. Ela lembra que a produção brasileira foi prejudicada pelas perdas na colheita antecipada do cacau, geralmente colhido entre abril e agosto. O clima adverso e a presença de pragas, principalmente nas lavouras baianas, prejudicaram o potencial produtivo da fruta.

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