setembro 12, 2024
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Câmara aprova texto-base de projeto que estabelece compensação à desoneração da folha | Política

Câmara aprova texto-base de projeto que estabelece compensação à desoneração da folha | Política
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A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (11) o texto-base do projeto de lei que permite manter a isenção de folha de pagamento para 17 setores e municípios intensivos em mão de obra, criando formas de compensação para a medida. A proposta prevê ainda o reembolso gradual desses segmentos e cidades a partir de 2025. Enquanto 253 deputados votaram a favor, 67 foram contra e quatro se abstiveram. Os parlamentares ainda deverão analisar os destaques antes que a proposta seja enviada para aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O texto é aprovado no último dia do prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que governo e Congresso formalizem acordo para manutenção do programa de desoneração fiscal.

Horas antes da votação, uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e lideranças partidárias selou o acordo que viabilizou a análise do tema.

Foi decidido que haveria um ajuste no texto da medida para que valores esquecidos nas instituições financeiras – cerca de R$ 8,6 bilhões – tivessem apenas efeito contábil e não fossem incluídos no cálculo do resultado primário.

O acordo serviu para satisfazer o Banco Central, que, um dia antes da autuação, enviou nota aos parlamentares relatando preocupações sobre uma possível apropriação desse valor como parte da compensação pela perda de receitas da União. Na avaliação da autoridade monetária, essa incorporação estaria em desacordo com sua metodologia estatística, contrariando as orientações do Tribunal de Contas da União (TCU) e o recente entendimento do STF sobre o tema.

A oposição tentou obstruir a sessão, mas os pedidos de adiamento da votação foram rejeitados pela maioria dos parlamentares.

Antes da votação, a presidente da Federação Nacional de Call Centers, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações (Feninfra), Vivien Suruagy, manifestou preocupação com a possibilidade de o assunto não ser resolvido no prazo estipulado pelo Supremo.

“O Congresso precisa acabar com a insegurança jurídica que enfrentamos desde que o Executivo vetou a isenção”, afirmou em nota.

Numa mudança de última hora, o deputado Any Ortiz (Cidadania-RS) abriu mão da relatoria, que acabou ficando com o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

“Há cerca de um mês que peço que esta matéria seja votada. Todo mundo conhece o conteúdo deste artigo. A matéria chegou à Câmara há poucos dias e só hoje Lira indicou o relator. Eu avisei que o prazo ia chegar”, respondeu Guimarães.

Em abril, o ministro Cristiano Zanin, do STF, suspendeu temporariamente os efeitos da isenção, o que restabeleceria imediatamente a cobrança sobre os setores afetados. Dias depois, porém, o juiz concedeu nova liminar, desta vez dando 60 dias para se construir um entendimento sobre as fontes de compensação da medida — decisão que foi confirmada pela turma do Tribunal. O prazo foi posteriormente prorrogado até esta quarta-feira.

Atualmente, o modelo de desoneração da folha de pagamento permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. É um modelo de substituição tributária, mais adequado para setores intensivos em mão de obra. Juntos, os 17 setores da economia beneficiados pela isenção geram cerca de 9 milhões de empregos.

Com base no projeto de lei, proposto pela equipe econômica após acordo com o Congresso Nacional, a arrecadação salarial voltará a ser feita de forma progressiva a partir do próximo ano. Serão 5% em 2025; 10% em 2026; 15% em 2027; e 20% em 2028.

O modelo de desoneração tributária da folha de pagamento para setores da economia foi instituído em 2011, como forma de estimular a criação de empregos. Desde então, foi prorrogado diversas vezes. No ano passado, o Congresso prorrogou a medida até o final de 2027. Além disso, estabeleceu que os municípios com população inferior a 156 mil habitantes poderão ter a contribuição previdenciária reduzida de 20% para 8%.

O texto foi vetado pelo presidente Lula, mas o veto foi derrubado pelo Congresso, desencadeando a série de movimentos que foram parar no STF.

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