setembro 5, 2024
6 mins read

Haddad emula Palocci na condução da economia | Bruno Carazza

Haddad emula Palocci na condução da economia | Bruno Carazza
Antecipação saque aniversário fgts


Ao participar do programa No pontoDa Globonews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou o bom resultado do PIB no segundo trimestre ao se declarar vencedor de uma disputa contra outras duas escolas de pensamento que lutam entre si desde que ele assumiu o comando da economia brasileira.

“Havia uma certa visão, de alguns economistas, que diziam que o ajuste fiscal não era importante, que o governo poderia ser mais brando nessa questão”, diagnosticou. O ministro não citou nomes, mas não precisa ser muito esperto para concluir que se referia à ala desenvolvimentista do PT, que tem na presidência do partido, a deputada Gleisi Hoffmann, sua voz mais estridente.

Do outro lado do ringue, na opinião de Haddad, “havia outros economistas que diziam que a questão fiscal era importante, mas o ajuste tinha que ser feito nos programas sociais, em relação ao salário mínimo, corte de benefícios e assim por diante” . Há aqui uma clara referência à visão dominante do mercado, que exige sempre do governo Lula uma postura mais firme em relação à gestão dos gastos públicos.

A solução dada por Haddad, que até agora manteve o quadro fiscal em vigor apesar do cepticismo dos economistas das instituições financeiras, ficou conhecida como “ajuste fiscal do lado das receitas”. E é o próprio ministro quem explica esta opção e os seus efeitos no crescimento do PIB observados até agora: “Nossa visão era que o ajuste fiscal tinha que ser feito, pela primeira vez na história do Brasil, sobre quem deixou de pagar impostos”, referindo-se a medidas de correção de benefícios fiscais e tratamentos tributários diferenciados para diferentes grupos e segmentos econômicos.

“O resultado desta política é que é possível fazer ajustamentos sem prejudicar o crescimento económico. Essa é a graça do que está sendo feito. Quando você faz ajustes para os mais pobres, você reduz o consumo, e quando você reduz o consumo você reduz o investimento, porque ninguém vai investir sem ter para quem vender.” E ele conclui: “Então veja como podemos ter um círculo virtuoso na economia quando fazemos ajustes no lugar certo. […] Porque, na minha opinião, tomamos a atitude certa: vamos cobrar quem deixou de pagar, vamos reequilibrar as contas públicas, com isso o consumo vai voltar e depois o investimento”.

De certa forma, Fernando Haddad segue os passos de Antonio Palocci, que ocupou o mesmo cargo no quinto andar do Ministério da Fazenda há vinte anos, durante o primeiro mandato de Lula. Palocci também enfrentou forte descrença da sociedade em relação ao compromisso fiscal do novo governo petista, além de se mostrar vencedor na disputa interna do partido sobre qual rumo tomar para a economia.

Existem diferenças, é claro. Se por um lado a tarefa de conquistar a confiança do mercado era muito mais desafiadora para Palocci, a situação internacional, com o início do boom das commodities, bem como a solidez da base política durante o período Lula I, lhe foram favoráveis ​​– sem falar na chamada “herança maldita” que, olhando para trás, mostrou-se muito mais favorável no que ficou conhecido como período “Malocci” (Malan + Palocci).

Deixando de lado as circunstâncias específicas de cada momento histórico, a verdade é que, tal como Palocci, Haddad conseguiu apresentar resultados económicos positivos, superando tanto a desconfiança do mercado como o fogo amigo da ala política do governo. E isso não é desprezível, pois, a cada revisão para cima das previsões de crescimento do PIB do boletim Focus, aumenta a influência política de Haddad junto a Lula, diante do olhar preconceituoso de seus pares no ninho de cobra que está no topo. do PT.

O que preocupa, nesse paralelo com Antonio Palocci, é o que vem pela frente – e aqui, felizmente, não há referência a mansões do Lago Sul, amigos de conduta questionável e caseiros perseguidos injustamente. Refiro-me à segunda fase do ajustamento fiscal, a das medidas estruturais necessárias.

Antonio Palocci, ao deixar a Casa Civil em junho: a forma como Dilma tem lidado com as suspeitas sobre ministros é um elemento importante de seu estilo político — Foto: Valor

Em meados de 2005, Antonio Palocci conduziu Lula a uma proposta de ajuste fiscal de longo prazo, que teria como norte a adoção de uma meta para eliminar o déficit nominal do setor público num prazo de sete ou oito anos. Na prática, este objectivo ambicioso exigiria que o governo contivesse despesas suficientes não só para cobrir os compromissos actuais da administração federal, mas também para pagar os juros da dívida pública. A adoção de uma ampla revisão da estrutura de gastos do governo traria como bônus, na visão da equipe econômica da época, um ganho de credibilidade tal que as taxas de juros despencariam e o país cresceria de forma muito mais sustentável.

A proposta, porém, foi encerrada em seu início. Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, classificou a ideia como “rudimentar” e Lula decidiu não assumir o peso político da implementação desta reforma tributária. O resto é história: enquanto o boom das commodities permitiu, o governo aumentou os gastos como se não houvesse amanhã – em valores de hoje, já descontados pela inflação, os gastos passaram de R$ 950 bilhões em junho de 2005 para R$ 1,6 trilhão em dezembro de 2010 (fim do segundo mandato de Lula) e R$ 1,9 trilhão na época do impeachment de Dilma.

O tempo passa, Lula regressa ao poder em 2023, mais uma vez o seu Ministro das Finanças colhe os louros de um crescimento económico acima das expectativas e depara-se com a necessidade de promover, mais cedo ou mais tarde, um ajuste estrutural nas contas públicas.

Quem admite é o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, em entrevista a Guilherme Pimenta e Lu Aiko Otta, na edição de hoje (05/09) do Valor. Ao comentar o projeto orçamentário para 2025, enviado na semana passada ao Congresso, ele afirma: “Chegamos a uma primeira etapa, que é garantir o cumprimento da meta fiscal [de zerar o déficit primário, aquele que não leva em conta o pagamento dos juros da dívida]”. Mas a tarefa não termina aí, segundo o principal assessor de Haddad na área tributária: “Depois há o segundo: qualidade da composição da despesa. O setor obrigatório cresce com forte dinâmica e comprime o setor discricionário. É ruim. Então agora nossa agenda precisa se voltar para isso.”

Na proposta orçamentária para o próximo ano, do total de R$ 2,93 trilhões de despesas totais, nada menos que 92% são de natureza obrigatória, prevista em lei, sobre as quais o governo tem pouco controle: benefícios previdenciários e assistenciais, transferências aos estados e municípios, folhas de pagamento de funcionários, mínimos constitucionais para saúde e educação, entre outros.

Dos R$ 230 bilhões que sobraram para o governo gastar de acordo com suas prioridades (as famosas despesas discricionárias), deputados e senadores vão abocanhar quase R$ 40 bilhões com emendas, deixando uma margem muito estreita de R$ 190 bilhões (6,5% das despesas totais) . ) para investimentos como o PAC ou programas de combate ao desmatamento, por exemplo.

Para piorar o cenário de compressão das despesas discricionárias, descrito por Ceron, as despesas obrigatórias têm dinâmica própria de crescimento: o financiamento da saúde e da educação aumenta automaticamente com o aumento da receita, enquanto as despesas previdenciárias e assistenciais são indexadas aos reajustes salariais-mínimos. Se nada for feito, o governo em breve se tornará um mero caixa pagando contas obrigatórias.

A tarefa que Haddad enfrenta actualmente é apresentar uma proposta sustentável para evitar o colapso fiscal nos próximos anos – e ao contrário de Palocci, não há no seu radar um longo ciclo de valorização das matérias-primas para acomodar a factura das receitas.

Em algum momento num futuro próximo, Haddad terá que apresentar a Lula um projeto que dificilmente evitará o dilema de rever os mecanismos de reajuste das políticas sociais, como assistência, saúde e educação, uma vez que o próprio ministro da Fazenda já admitiu que uma nova reforma da Previdência não está no radar.

Resta saber se a ala política do governo classificará os planos de Haddad como rudimentares.

atribuído a servidor público

empréstimo pessoal do banco pan

simulador de empréstimo de caixa aposentado

renovação de empréstimo

empréstimo consignado para assalariados

empréstimo banco itaú

O post Haddad imita Palocci na gestão da economia | Bruno Carazza apareceu pela primeira vez no WOW News.



Wow News

Jannik Sinner jogará a semifinal do Aberto dos Estados Unidos após falhar no teste de drogas devido ao spray de esteróides com grande aviso de ‘DOPING’
Previous Story

Jannik Sinner jogará a semifinal do Aberto dos Estados Unidos após falhar no teste de drogas devido ao spray de esteróides com grande aviso de ‘DOPING’

As autoridades prendem três cidadãos colombianos suspeitos de envolvimento em uma quadrilha de roubos turísticos no sul da Califórnia.
Next Story

As autoridades prendem três cidadãos colombianos suspeitos de envolvimento em uma quadrilha de roubos turísticos no sul da Califórnia.

Latest from Blog

Go toTop

Don't Miss

Possíveis greves portuárias: o impacto que poderão ter na economia

Possíveis greves portuárias: o impacto que poderão ter na economia

–> Gerri Willis, da FOX Business, diz que é a
Economia circular regenerativa: obrigação ou inovação? | ESG

Economia circular regenerativa: obrigação ou inovação? | ESG

Devido à crise climática e ao aumento da ocorrência de