agosto 3, 2024
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Hambúrguer de fungos é aposta de startup paranaense

Hambúrguer de fungos é aposta de startup paranaense
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Que tal um hambúrguer sem carne, mas com o mesmo sabor da carne, menos gordura e calorias, e mais proteínas e fibras? Essa é a proposta da Typcal, spin-off da startup Fungi Biotecnologia, que tem sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná. A foodtech paranaense desenvolveu uma proteína concentrada no micélio, que é a parte vegetativa de fungos e cogumelos.

A ideia surgiu em 2021, quando o engenheiro de bioprocessos Eduardo Sydney e o empresário Paulo Ibri se uniram para criar um alimento rico em proteínas e fibras, e pobre em gorduras e calorias. Diretor de Tecnologia da startup, Sidney explica que uma das maiores dificuldades dos alimentos de origem vegetal, como soja e ervilha, é o sabor.

“A vantagem do micélio é que ele não tem sabor, então quando você adiciona como ingrediente não altera o sabor do produto. Nossa expectativa é escalar a produção e ver os primeiros produtos no mercado em 2025”, afirma o engenheiro.

O ingrediente é produzido a partir de um processo de fermentação líquida semelhante ao utilizado na produção de cerveja e etanol. O produto final sólido, segundo a startup, possui características como textura e aparência semelhantes ao frango desfiado, sabor neutro, além de benefícios à saúde. Portanto, pode ser utilizado no mercado vegano e vegetariano como substituto do frango.

Outro foco da empresa é inserir o produto no mercado de alimentos saudáveis, misturando proteína de micélio com proteína animal. Segundo Sydney, um hambúrguer híbrido contém 50% menos gordura e calorias, e maior quantidade de fibras, melhorando o perfil nutricional. Outra possibilidade é utilizar o ingrediente no mercado de nutrição esportiva para aumentar o valor nutricional de alimentos, como barras de proteína, shakes e salgadinhos.

Eduardo Sydney, diretor de tecnologia da Fungi Biotechnology — Foto: SEI-PR/Divulgação

Atualmente, a empresa está em fase piloto e de interação com a indústria, fechando os primeiros acordos comerciais para levar o produto ao mercado no próximo ano. A startup foi uma das 68 selecionadas na primeira chamada do Paraná Anjo Inovador, programa desenvolvido pelo Governo do Paraná, e recebeu R$ 250 mil em incentivos, por meio da Secretaria de Inovação, Modernização e Transformação Digital.

Sydney explica que a contribuição do Paraná Anjo Inovador é importante pela dificuldade de encontrar investidores no mercado na atual fase da startup. “O investidor está focado em vender e gerar receita e não em desenvolver a tecnologia, que é uma área arriscada, mas essencial para qualquer negócio, principalmente em biotecnologia”, avalia.

Os fungos trabalham com dois processos de fermentação: sólido e líquido. Tanto resíduos vegetais quanto subprodutos que sobraram do agronegócio, como palha, bagaço e folhas, são aproveitados para o cultivo do fungo. Na produção de alimentos Typcal, a empresa utiliza o processo de fermentação líquida, no qual o fungo é adicionado a um meio líquido e ali se desenvolve dentro de um biorreator.

Fábrica piloto pode produzir até 100 quilos de micélio fresco por mês — Foto: SEI-PR/Divulgação

A empresa destaca ainda que essa técnica é pioneira na América Latina, sendo o processo de fermentação mais rápido do mundo quando comparado a outras startups que utilizam a mesma tecnologia. O tempo médio de fermentação de outras empresas é de 48 horas a 72 horas.

A Typcal afirma que pode realizar o mesmo processo em 24 horas, além de utilizar um fungo que possui histórico de consumo humano, o que facilita questões regulatórias na hora de lançar o produto no mercado. Na escala atual, a planta piloto pode produzir até 100 quilos de micélio fresco por mês.

Segundo Sydney, no Brasil é preciso comprovar que a população consome aquela espécie de fungo há mais de 25 anos e, sem esse histórico, seria necessário introduzir um novo ingrediente e passar por todas as etapas regulatórias.

A tecnologia desenvolvida pela Typcal também se destaca por ter produtividade 7 mil vezes maior e consumir 99% menos água que a produção de carne bovina. Outro ponto destacado pela startup é a redução dos impactos ambientais e o alinhamento sustentável, já que a empresa utiliza matérias-primas abundantes e de baixo custo, subprodutos da agroindústria que não são aproveitados pela indústria. A empresa destaca ainda que a produção ocorre em escala vertical, ocupando menos espaço do que uma fazenda de gado, por exemplo, que utiliza escala horizontal.

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