A atratividade do mercado acionário brasileiro voltou pelo mesmo motivo que havia sido deixado de lado no primeiro semestre: as taxas de juros nos Estados Unidos. O Ibovespa, nosso principal índice de ações, atingiu a máxima, acima dos 133 mil pontos, pouco menos de dois meses depois de atingir o fundo do poço.
O índice acumulou queda de 11% à medida que o mercado perdia a esperança de um corte nas taxas americanas ainda este ano.
Numa altura em que os ventos mudaram de direcção e a flexibilização monetária se tornou uma tese mais credível e pronta a concretizar-se, mercados mais arriscados, como os mercados emergentes (entre eles o Brasil), ganharam relevância. Esta quarta-feira cimenta o regresso.
- O Ibovespa marcou 133.318 pontos, após subir hoje 0,69%, sua sétima alta consecutiva. Este é o nível mais alto do ano para um fechamento. No mês, o aumento é de 4,44%. No ano, as perdas que chegaram a 11% em junho somam agora 0,65%.
O ano começou com muito otimismo por parte do mercado, que apostava que a redução dos juros ocorreria em março. Mas como os indicadores mostraram uma economia ainda forte, presa às mãos do Banco Central Americano (Federal Reserve ou Fed), o otimismo deu lugar à aversão ao risco. Cada vez que as previsões adiaram os cortes nas taxas de juro, os activos de risco foram deixados de lado. Os recursos foram concentrados em renda fixa americana ultrasegura e em algumas ações estrangeiras.
Esta preferência por obrigações americanas que ofereciam retornos historicamente elevados ajuda a explicar a fuga de dólares do nosso mercado, que chegou a R$ 43 bilhões, quase zerando o saldo positivo de 2023, de cerca de R$ 45 bilhões. O volume diário de negociações da bolsa caiu, afetando a liquidez dos títulos locais.
- Nesta quarta-feira, o volume negociado foi de 25,3 bilhões, o maior giro desde 31 de maio e bem acima da média diária de R$ 16,5 bilhões dos últimos 12 meses.
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A saída de dólares, alimentada ainda mais pelo risco fiscal, fez com que a moeda americana se valorizasse 18% frente ao real. Em agosto o aumento perdeu força, após mais um tropeço envolvendo operações de carry-trade. (Entenda o que são e como afetam a taxa de câmbio).
- Agora, o dólar comercial está “apenas” 12,7% mais caro que no início do ano. Depois de seis sessões de drop, a moeda valorizou 0,35% frente ao real, fechando o dia cotado a R$ 5,47.
As taxas de juros no Brasil também foram elevadas pelas taxas americanas. O risco fiscal e a falta de ancoragem das expectativas de inflação acrescentaram algum prémio à curva. Nos últimos dias, as taxas de juro têm caído, mas hoje subiram ligeiramente.
- As taxas de Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2025 passaram de 10,73% para 10,75%. Os prêmios em contratos de prazo mais curto estão mais ligados às expectativas dos investidores em relação à Selic;
- Para janeiro de 2034, passaram de 11,34% para 11,35%. Estas taxas mais longas geralmente medem o “risco fiscal”, que é a capacidade do governo de manter as contas públicas atualizadas.
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O pregão de hoje teve dois impulsos importantes. A primeira foi a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que veio em linha com as expectativas, dissipando os temores de recessão e reforçando a tese de cortes nas taxas de juros do país na próxima reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), marcada para setembro.
A segunda alavanca é a reacção a uma época de lucros muito encorajadora. Embora algumas empresas tenham decepcionado (e suas ações tenham pago o preço por isso), a maioria delas apresentou números satisfatórios.
Das 85 ações do Ibovespa, 57 fecharam em alta, ante 26 em queda e duas estáveis.
O petróleo teve mais um dia de queda após aumento dos estoques (oferta) nos Estados Unidos, mas as ações do setor, incluindo Petrobrásconseguiu permanecer positivo. Do outro lado estiveram os exportadores de produtos metálicos, que registaram uma queda na sequência da desvalorização do minério de ferro.
Entre as ações que mais avançaram está a Cemig, que subiu após apresentar saldo visto como positivo pelo mercado. A empresa também anunciou o pagamento de dividendos extraordinários de R$ 1,45 bilhão, o que animou os investidores.
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“Um aumento notável está nas ações da JBS, que subiram após a empresa aprovar o pagamento de R$ 4,4 bilhões em dividendos intermediários, o que corresponde a R$ 2 por ação. Além disso, a empresa também apresentou saldo positivo com lucro de R$ 1,715 bilhão, revertendo o prejuízo do mesmo trimestre do ano anterior As ações da Azul se recuperam após a queda dos últimos dias após apresentar um balanço que desagradou o mercado , reportando prejuízo.”, comenta Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e. fundador do Eu me banco.
O Ibovespa está cada vez mais forte, mas o mercado muda de humor muito rapidamente, O índice subirá ainda mais?
Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital explica que, em termos de níveis de preços, há resistência em superar o último pico, em torno de 134 mil pontos.
“No entanto, se o mercado avançar nesta região poderemos chegar a 136 mil pontos num primeiro momento. Se esse movimento continuar, poderemos ver o Ibovespa acima dos 136 mil pontos antes mesmo do famoso rali de Natal”, afirma.
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