‘Liquid Tree’ é um processador de ar atmosférico que usa fotossíntese para reter carbono. O primeiro laboratório da iniciativa funcionou em São Vicente (SP). ‘Árvore’ que reduz dióxido de carbono fica pronta após pesquisa em laboratório no litoral de SP Ciência, inovação e tecnologia. Esses foram fatores determinantes para a construção da ‘árvore líquida’, mecanismo que retém dióxido de carbono e libera oxigênio na atmosfera. Desenvolvido ao longo de dois anos em laboratório em São Vicente, no litoral paulista, o equipamento já foi exposto em alguns grandes eventos, como a Fórmula 1. Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. O fotobiorreator, como é chamado o equipamento, foi desenvolvido pelo Life Service Group e é composto por três tubos de acrílico, um ao lado do outro, contendo água doce borbulhando com algas marinhas. É coberto por seis painéis fotovoltaicos, que captam energia solar imitando folhas de palmeira. O engenheiro ambiental Antônio Iris Mazza, mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos, explicou ao g1 que o equipamento ajuda a resolver o problema do efeito estufa. No Grupo Life, que atua na capital paulista, foi patenteado com o nome Life Tree. “Monitoro quanto CO² entra no equipamento e quanto sai. E aí eu tenho a evidência da diferença que acontece”, explicou. “Posso reter, em uma situação máxima, até 20% do CO² que está passando pelo equipamento”, disse. Para se ter uma ideia, uma Life Tree pode fazer o trabalho de até 40 árvores na retenção de CO². Atualmente são seis modelos prontos, em diferentes formatos. No modelo palmeira, que atualmente fica na sede da empresa, cada tubo do reator utiliza aproximadamente 100 litros de água. Motivação ‘Liquid Tree’ usa biorreator para capturar CO2 e liberar oxigênio de volta à atmosfera Arminda Augusto/Jornal A Tribuna Cícero Farias, CEO do Grupo Life, disse que grandes eventos liberam alto nível de CO², seja pela concentração de pessoas ou veículos. Por isso definiu o projeto como algo fantástico que reduz o efeito estufa nos centros urbanos. “Comecei a procurar algo no mundo que pudesse reduzir esse efeito estufa, essa quantidade de CO² na atmosfera. E eu vi uma matéria, lá na Sérvia, falando sobre biorreatores, toda essa situação. Peguei e trouxe, fiz algumas pesquisas”, relatou. Em 2022, apresentou a demanda ao professor Mazza, que sugeriu a realização de pesquisas no litoral paulista. “Começamos a montar um laboratório, contratamos pessoal e realizamos diversos exames. Foram mais de 100 testes realizados até o lançamento do primeiro projeto”, disse o CEO. Como ocorre a retenção de CO²? Mazza explicou que, a partir do desafio, foram escolhidas microalgas, que posteriormente adaptou para a água doce comum. Engenheiros químicos e ambientais e uma equipe multidisciplinar de profissionais trabalharam no laboratório. “54% do oxigênio que respiramos atualmente vem do ambiente aquático. Esse processo de geração de oxigênio no ambiente aquático foi o que utilizamos como linha de estudo. É a maximização do que a natureza faz”, disse ele. Com 2,7 metros de altura, a árvore contém painéis fotovoltaicos instalados nas folhas artificiais do topo, que servem como fonte de energia limpa. Dentro de cada tubo, existem dois tipos de microalgas marinhas e uma cianobactéria – microrganismo capaz de fotossíntese –, formando uma mistura. Árvore líquida na sede do Grupo Life Service, em São Paulo Grupo Life Service/Divulgação No fundo dos tubos, em uma estrutura que serve de bancada para o público, há um biorreator que provoca trocas gasosas por meio de borbulhamento. Durante o processo, algas e cianobactérias retêm o dióxido de carbono presente no ar, liberando oxigênio de volta à atmosfera. Também existe um software para monitorar a entrada e saída desses gases em partes por milhão (PPM). Localizado próximo ao biorreator, permite medir a eficiência com base na capacidade do equipamento em reter CO². Importância ambiental Fotobiorreator criado com tubos de acrílico utiliza energia limpa Arminda Augusto/Jornal A Tribuna Ao reter carbono, o funcionamento da árvore fica saturado. Segundo Mazza, chega um momento que é preciso retirar o material de dentro (sangramento), que vira biofertilizante ou suplemento alimentar. Atualmente o fotobiorreator pode ser alugado. Um modelo como a árvore da sede da empresa, por exemplo, custa cerca de R$ 15 mil por mês. Chegará em Santos? O Parque Valongo insere-se num projeto de revitalização dos antigos armazéns da zona portuária. Divulgação/ Prefeitura de Santos Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente informou que tomou conhecimento da tecnologia e levou a proposta ao Fundo Municipal de Meio Ambiente. Após análise, foi aprovada a proposta de instalação do equipamento num espaço público, que poderá ser o Parque Valongo. O próximo passo será abrir o processo de contratação, em modalidade a definir. Semam destacou que o principal objetivo da instalação dos equipamentos é a educação ambiental. VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
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