Combate à fome deve ser prioridade em declaração de ministros da agricultura no G20

Metas globais para erradicar a fome estão “preocupantemente fora de alcance”, diz FAO O compromisso com o combate à fome no planeta deve ganhar prioridade na declaração que os ministros da Agricultura dos países do G20 devem divulgar nesta sexta-feira (13), após a conclusão do reuniões em Chapada dos Guimarães (MT). Leia mais Brasil quer incluir conversão de pastagens na declaração do G20 Empresários entregam propostas ao grupo agrícola do G20 As metas globais para erradicar a fome estão “preocupantemente fora de alcance”, alertou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) ), Qu Dongyu, em seu discurso de abertura da reunião. Ele apelou a uma maior cooperação dos países membros do G20 nesta questão e disse que 733 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar no mundo. De acordo com Dongyu, as alterações climáticas, os choques económicos e os conflitos são factores que impulsionam a fome global e causaram “crises alimentares de uma magnitude nunca vista em muitos anos”. O ministro Carlos Fávaro afirmou que a declaração ministerial do G20 está “muito bem acertada”, apesar do desafio de buscar consensos sobre compromissos sobre mudanças na rota de produção de alimentos e no combate à fome. “O texto já está bem alinhado para podermos deixar sem letras, o que é uma indicação. Queremos sair com uma declaração, que é algo muito forte para ser implementado”, indicou. Eixos da declaração A declaração deve conter compromissos em quatro eixos prioritários: sustentabilidade da agricultura e dos sistemas alimentares, aumentar a contribuição do comércio internacional para a segurança alimentar e nutricional, elevar o papel essencial dos agricultores familiares nos sistemas agrícolas e promover a integração das pescas e aquicultura sustentável nas cadeias de valor locais e globais. Fávaro disse que a delegação tem a oportunidade de dar um “primeiro passo” para a mudança dos sistemas alimentares, sem apontar culpas pelos extremos climáticos no mundo. “Cabe a este grupo discutir a implementação de medidas eficazes de combate à fome, e então certamente começaremos a ter justiça social no planeta”, afirmou no discurso em que classificou a fome como a “maior degradação” da seres humanos. Destacou o papel do comércio internacional na garantia da segurança alimentar e a necessidade de ultrapassar as barreiras comerciais para garantir o fluxo de mercadorias e o acesso, para todos, aos alimentos “a preços justos e competitivos com qualidade sanitária”. Agricultura familiar Qu Dongyu, diretor da FAO, destacou que os agricultores familiares desempenham um papel central na garantia da segurança alimentar global, pois representam mais de 90% das explorações agrícolas mundiais, ocupam entre 70% e 80% das terras agrícolas e produzem mais de 80% dos alimentos do mundo em termos de valor. O tema também foi mencionado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Ao citar a COP30, em Belém (PA), em 2025, ele pediu medidas para descarbonizar os países desenvolvidos e apoiar os pequenos produtores das nações em desenvolvimento para a transição agroecológica. O ministro destacou ainda o papel da agricultura familiar no combate à fome.

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