BTG Pactual quer liderar empréstimos sindicalizados nos EUA | Finanças

“Os EUA são o maior mercado de crédito do mundo e precisamos estar lá”, disse Rogério Stallone, sócio do BTG responsável por crédito corporativo, em entrevista. Os empréstimos sindicalizados são uma boa porta de entrada porque permitem ao banco “participar do fluxo de negócios que outros bancos nos trazem e começar a compreender melhor as peculiaridades da região”.

Com uma carteira de crédito de cerca de R$ 195 bilhões, o BTG, com sede em São Paulo, iniciou o negócio de empréstimos sindicalizados há cerca de dois anos, contratando o veterano Ernesto Meyer, ex-BNP Paribas. Desde então, ele liderou 11 transações, totalizando US$ 2,5 bilhões, trazendo ao mercado empresas latino-americanas de médio porte e atraindo novos credores para a região.

Entre as transacções mais inovadoras estava um empréstimo que incluía uma parte denominada em renminbi. O BTG também passou a negociar empréstimos no mercado secundário —uma raridade para os bancos brasileiros.

“Queremos continuar a aumentar a nossa carteira de crédito de forma mais diversificada, chegando a mais empresas, a mais geografias e oferecendo novos produtos”, afirmou Stallone.

O BTG disse em junho que assinou um acordo definitivo para adquirir o MY Safra Bank, com sede em Nova York. O banco, que não é vinculado ao Grupo J. Safra, tinha ao final de março uma carteira de crédito de US$ 275 milhões. Espera-se que a aquisição ajude a reduzir o custo de financiamento do BTG nos EUA, semelhante ao impacto da compra do FIS Privatbank em Luxemburgo no ano passado. O acordo reduziu em 30% o custo de financiamento em euros do BTG, segundo Meyer.

“Esperamos o mesmo efeito nos EUA, algo que nos permitirá alcançar uma gama mais ampla de clientes lá”, disse Meyer, que hoje é diretor global de empréstimos sindicalizados do BTG. Com mais de 20 anos de experiência e experiência no JP Morgan, Deutsche e BNP, Meyer também é responsável por financiamento de aquisições, financiamento de projetos, financiamento alavancado, entre outros.

Meyer disse que foi ao BTG “para começar a assediar” o grupo de bancos líderes nos mercados globais de empréstimos sindicalizados.

Entre as transações que o BTG liderou este ano está um empréstimo de US$ 510 milhões à produtora brasileira de celulose e papel Bracell, que incluiu parcelas em renminbi, reais e dólares. Dois bancos taiwaneses participaram pela primeira vez em empréstimos na América Latina: Banco SinoPac e Taishin International Bank.

As empresas brasileiras ainda representam 75% da carteira total de crédito do BTG, sendo 5% da Europa e o restante de outros países latino-americanos. O banco também negociou cerca de mil milhões de euros em transações nos mercados secundários europeus nos últimos 90 dias.

O BTG possui escritórios em Madrid, Lisboa, Londres e Riade, além de uma corretora nos EUA e empresas de gestão de fortunas em cidades como Miami. Na América Latina, o BTG possui bancos no Chile e na Colômbia e presença local na Argentina, México e Peru.

Na Europa, o BTG foi um dos coordenadores de um empréstimo de 640 milhões de euros à espanhola Aleatica, que foi concluído com uma tranche no Chile equivalente a 60 milhões de euros. E o BTG acaba de lançar no mercado um empréstimo de R$ 750 milhões como coordenador líder da Addiante, joint venture entre a siderúrgica brasileira Gerdau e a Randon SA Implementos e Participações, que produz caminhões e vagões ferroviários.

Na Colômbia, o BTG foi o banco líder no refinanciamento de US$ 50 milhões para o chileno Parque Arauco e coordenou uma transação de US$ 80 milhões para a empresa de petróleo e gás Geopark. No Brasil, foi responsável pelo empréstimo de R$ 500 milhões à rede de hambúrgueres Madero Restaurante, que acabou com demanda maior que oferta. O BTG acaba de lançar um empréstimo de R$ 170 milhões para a Bacio di Latte Gelato Puro, rede de sorvetes do Brasil.