Há dois anos, os frangos das fazendas de Sérgio Antônio Farinha Dias, em Rondon (PR), vivem uma espécie de “Big Brother”. As aves são monitoradas por câmeras e sensores, que transformam em dados cada movimento dos animais: quanto comeram, o volume de água que consumiram, como se comportou sua temperatura e respiração. Todas essas informações ajudam o criador a antecipar possíveis problemas de saúde dentro dos aviários.
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“Trabalho na avicultura há seis anos. Se você me perguntasse há dez anos, eu não seria capaz de imaginar que existiriam essas tecnologias ajudando na criação de galinhas. Foi uma evolução enorme”, afirma.
Dias é um dos 469 produtores integrados da GT Foods, sexto maior produtor de carne de frango do Brasil, que adotaram o sistema nos últimos sete anos. No total, a empresa mantém cerca de 900 granjas avícolas, próprias e de empresas integradas. Inicialmente restrito à pesagem de animais, o monitoramento remoto das granjas ganhou novos dispositivos ao longo dos anos até chegar ao modelo atual, que abrange todas as etapas da produção.
“É realmente o Grande Irmão. As aves são monitorizadas 24 horas por dia, do primeiro ao último dia em que estão no aviário, o que lhes permite estabelecer-se e verificar o que se passa no interior das instalações. Com isso podemos intervir para melhorar as condições das aves e ter o melhor desempenho com o menor custo possível”, observa o diretor de operações da GT Foods, César Assmann.
Segundo ele, foi graças à tecnologia mais barata que a adoção do sistema se espalhou entre os colaboradores integrados da GT Foods. Na prática, a empresa financia a aquisição de equipamentos e os avicultores têm até dois anos para quitar o empréstimo. A empresa deduz o valor das parcelas de produção entregues nesse período.
A startup Agrisolus é a responsável pela operação do sistema, que custou até o momento R$ 30 milhões. Chegará a todas as empresas integradas da GT Foods nos próximos 18 meses, período durante o qual a empresa investirá mais R$ 30 milhões no projeto.
“É uma mudança de paradigma. Antes realizávamos uma visita técnica orientada pela experiência do técnico e agora ela é orientada por dados. É algo que realmente muda o jogo na avicultura”, comenta o CEO da Agisolus, Anderson Nascimento.
O executivo destaca que o principal salto tecnológico do sistema foi a utilização conjunta de câmeras de monitoramento com ferramentas de inteligência artificial para avaliar o comportamento dos animais. “A movimentação do frango diz muito sobre o lote. Remotamente e pelo celular, o técnico pode verificar o bem-estar de toda a fazenda e antecipar problemas comportamentais e de saúde. Isso nos permite reduzir o uso de medicamentos”, observa Nascimento.
Graças à possibilidade de identificar antecipadamente alterações no comportamento das aves, o sistema tem proporcionado um retorno de 15% a 37% para as granjas que já o instalaram, segundo o CEO da Agrisolus. O cálculo leva em conta tanto a redução dos gastos veterinários quanto o aumento da produtividade. Neste caso, o ganho é consequência da melhoria do bem-estar animal, o que aumenta a taxa de conversão alimentar.
“Como essa é a base da remuneração do avicultor, ajuda muito a aumentar o ganho financeiro do produtor. E, para nós, integradores, é um fator de redução de custos. Todos acabam sendo beneficiados. Por isso estamos cada vez mais convencidos de que este é o caminho a seguir e trabalhamos para levar a tecnologia ao maior número possível de granjas avícolas”, acrescenta Assmann.
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