Uma pesquisa experimental inédita no Brasil, realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais, mostra evidências de que crianças e adolescentes cometem menos erros ao ouvir música durante uma tarefa que exige atenção. A pesquisa constatou que a música não interferiu na velocidade de resposta, mas, por outro lado, reduziu o número de erros cometidos.
Os cientistas analisaram 76 jovens de 10 a 12 anos, dos quais 34 foram diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e 42 sem o diagnóstico, mas com a mesma faixa etária, além de nível socioeconômico e inteligência semelhantes. O objetivo foi identificar se a música afetaria o teste de atenção, conforme explica a terapeuta ocupacional e médica da saúde da criança e do adolescente Camila Mendes.
“As crianças realizaram uma tarefa que é, na verdade, um teste de atenção. É informatizado e a criança tem algumas regras para seguir. Esse teste avalia a atenção para que possamos entender se, de fato, enquanto a criança fazia o teste ouvindo música, houve diferença. O que vimos no final, na verdade, é que quando ela fez isso ouvindo música, ela cometeu menos erros do que na situação sem ouvir música.”
Imagem mostra os dados básicos que justificam a conclusão da pesquisa — Foto: Gráfico: Jonas Jardim | UFMG
A pesquisa foi realizada entre 2019 e 2022 e foi publicada recentemente em uma revista internacional de pesquisa médica. Verificou-se então que a música promoveu um aumento do interesse e da motivação para a realização da tarefa, o que resultou num maior envolvimento dos jovens e em menos erros.
Para a pesquisadora Camila Mendes, essa é uma boa recomendação, principalmente para pais de crianças com TDAH.
“Os pais disseram que a criança queria muito fazer a lição de casa enquanto ouvia música ou assistia TV. Isso gerou dúvidas, principalmente para as crianças com TDAH, pois existe esse medo de que a criança se distraia ainda mais ao estudar. que as crianças cometem menos erros e também nos ensina a prestar mais atenção ao que aquela criança diz aos pais. Não podemos generalizar que isso terá efeitos positivos ou negativos para todos.”
O cientista afirma ainda que novos estudos, com amostras maiores, são necessários para validar o achado e também para avaliar como a música influencia as atividades cotidianas, seja em casa, na escola ou em outros ambientes educacionais.
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