A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concluiu, no dia 2, a peça acusatória de um dos processos que cercam a suposta fraude contábil no IRB, eclodida pouco antes da pandemia. A informação foi antecipada nesta quarta-feira (21) pelo jornal “O Globo”.
O processo administrativo sancionador (PAS) em questão, aberto em maio de 2023, apura possíveis irregularidades nos registros contábeis e nas demonstrações financeiras do exercício de 2019.
A peça acusa 11 ex-diretores e conselheiros da resseguradora. De acordo com a informação pública disponível, o processo encontra-se agora na fase de convocação do arguido com comunicação externa — ou seja, notificação oficial sobre a acusação.
Entre os acusados estão quatro ex-diretores estatutários do IRB: José Carlos Cardoso, que presidia a empresa; Fernando Passos, que foi vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores do IRB; Lúcia Maria da Silva Valle, que foi vice-presidente executiva de riscos e compliance; e Werner Romera Suffert, ex-diretor de relações com investidores do IRB.
Entre os ex-membros do conselho de administração, há sete réus no caso: Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras e atual presidente da Eletrobras, que chefiou o conselho do IRB até o início de 2020; Alexsandro Broedel Lopes, ex-assessor do IRB e que foi diretor financeiro do Itaú até julho deste ano.
Além deles, estão Pedro Guimarães, que foi presidente da Caixa durante o governo Bolsonaro e, posteriormente, virou réu sob acusação de assédio; Marcos Bastos Rocha; Maria Elena Bidino; Roberto Dagnoni; e Vinícius José de Almeir Albernaz.
Procurado, o IRB ainda não retornou. O Valor tenta entrar em contato com o acusado.
A partir de maio de 2020, a CVM abriu investigações para apurar as operações do IRB, o que resultou em processos administrativos e processos sancionatórios. Outro processo que aguarda julgamento no órgão regulador, aberto em novembro de 2021, acusa Fernando Passos e José Carlos Cardoso de possíveis irregularidades relacionadas a operações na B3 envolvendo ações do IRB entre 1º de janeiro e 31 de março de 2020.
No início de fevereiro de 2020, a gestora Squadra publicou uma carta aos acionistas explicando o motivo de estar “short” (venda a descoberto ou operação a descoberto) nas ações da resseguradora, afirmando que acreditavam que as ações cairiam.
No documento, Squadra questionou as práticas contábeis do IRB. A carta ganhou repercussão entre os investidores, a ponto de, em fevereiro daquele ano, as ações caírem 26%.
O então presidente do conselho do IRB, Ivan Monteiro, renunciou ao cargo no final do mesmo mês e, em março, o ex-presidente da empresa, José Carlos Cardoso, também renunciou ao cargo.
O IRB encerrou 2020 com prejuízo líquido acumulado de R$ 1,5 bilhão, ante lucro de R$ 1,21 bilhão em 2019.
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O pós CVM acusa 11 executivos em processo que investiga fraudes no IRB; veja lista | Finanças apareceu primeiro em WOW News.