O Santander é outra grande instituição financeira que espera aumento da taxa Selic na reunião do Copom da próxima semana. No novo cenário base do banco, os aumentos das taxas de juros deverão continuar a um ritmo de 0,25 pontos percentuais ao longo das próximas quatro reuniões do Banco Central, o que levaria a taxa básica para 11,5% em janeiro.
Em relatório, assinado pelo economista Marco Antonio Caruso, o Santander observa que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acelerou, enquanto as expectativas de inflação e de câmbio continuam a ser motivo de preocupação.
“Desde a última reunião do Copom, em julho, os dados locais têm apoiado uma postura ‘hawkish’ [conservadora]enquanto o cenário global parece mais ‘pacífico’ [inclinado ao afrouxamento monetário]. As expectativas de inflação e taxa de câmbio oscilam próximas aos níveis observados naquele momento, o que incomoda o comitê. No entanto, dados melhores que o esperado levaram a previsões de crescimento do PIB mais elevadas, apesar das estimativas do BC de um hiato do produto próximo de zero”, afirma.
Ao mesmo tempo, considera, a postura dos principais bancos centrais torna-se gradualmente menos restritiva, com destaque para a maior sensibilidade da Fed ao arrefecimento do mercado de trabalho.
Segundo o economista, o comitê considera o uso do guidance ineficaz em tempos de incerteza. Ao mesmo tempo, observa Caruso, uma ampla gama de cenários possíveis tem alimentado essa incerteza, especialmente com as idas e vindas dos discursos dos membros do Copom em aparições públicas.
“Portanto, há poucos dias, alguns membros ‘hawkish’ decidiram esclarecer a sua preferência por um aumento gradual — ou seja, 0,25 pontos. Essa sinalização — aliada à melhor aceitação do governo há algumas semanas — fez com que os analistas revisassem suas projeções para a taxa Selic”, observa o economista.
Apesar da projeção de alta de 1 ponto percentual na Selic, as condições internas sugerem que os riscos ainda estão inclinados para cima, segundo Caruso.
“As expectativas de inflação estão próximas das observadas no início do ciclo de corte, mas o balanço de riscos hoje é pior, na nossa opinião. A queda das taxas de juros ao redor do mundo favorece um ciclo curto no Brasil, mas o canal seria através de um dólar/real mais baixo, o que ainda não vimos. O tempo ajuda à medida que o horizonte relevante avança, os choques inflacionários perdem força e a desaceleração econômica esperada se confirma”, afirma.
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