agosto 13, 2024
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Precisamos incluir pequenas e médias empresas na agenda climática | ESG

Precisamos incluir pequenas e médias empresas na agenda climática | ESG
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As pequenas e médias empresas (PME) estão no centro das rodas que impulsionam as economias globais, regionais e locais. Eles são responsáveis ​​por metade do Produto Interno Bruto global e pela geração de mais de 80% dos empregos no Brasil, segundo as Nações Unidas. Ou seja, a renda de 8 em cada 10 pessoas no país depende de negócios que atualmente estão entre os mais vulneráveis ​​aos riscos ambientais. A prova dessa fragilidade veio com a recente tragédia no Rio Grande do Sul, em que mais de 63% das micro, pequenas e médias empresas atingidas pelas enchentes não tinham cobertura de seguros.

Se, por um lado, as PME são severamente impactadas por eventos extremos, por outro, são também agentes na luta contra as alterações climáticas. Não surpreende, portanto, que a estruturação de políticas específicas para esse segmento esteja na agenda de discussão de fóruns intergovernamentais e econômicos, como o Grupo de Trabalho de Finanças Sustentáveis ​​do G20, que analisou mecanismos de assistência, regulamentações e métricas ambientais.

O raciocínio é que, como é urgente que o sector privado garanta que os seus modelos e estratégias de negócio sejam compatíveis com a transição para uma economia sustentável, a falta de informação climática sobre as cadeias de abastecimento pode abrandar e até atrasar os avanços necessários.

Isto porque, globalmente, as emissões de gases com efeito de estufa na cadeia de abastecimento são 26 vezes superiores às emissões das próprias empresas, conforme demonstrado num estudo do CDP. Para a maioria dos setores, portanto, qualquer esforço de descarbonização só será eficaz se envolver fornecedores. No entanto, apenas 39% das empresas da América Latina estão conscientes dos impactos climáticos na sua cadeia.

A lacuna de dados diz respeito particularmente aos investidores e às instituições financeiras que comprometeram a avaliação dos riscos e a exposição climática e acabam por inflacionar as classificações do perfil de risco das PME e dos seus clientes.

Existem alguns aspectos críticos enfrentados pelas grandes corporações na obtenção de informações assertivas, abrangentes e rastreáveis. A primeira é convencer as pequenas e médias empresas a medirem as suas emissões de gases de efeito estufa, pois o volume isolado pode parecer pequeno, com pouca contribuição para os resultados coletivos.

Outro desafio significativo é a necessidade, nas PME, de conhecimento técnico e de recursos humanos e financeiros para conduzir o mapeamento de impactos, riscos e oportunidades de melhorias.

Mesmo que os grandes grupos económicos estejam dispostos a estruturar programas de apoio, por se relacionarem com milhares de parceiros de diferentes dimensões, atividades e regiões, é impossível cobrir todos os contratos. Considerando que o objetivo é obter mudanças relevantes e duradouras no menor tempo possível, a solução é orientar a alocação de recursos com base em matrizes de criticidade da cadeia de suprimentos.

Uma abordagem equivocada seria simplesmente transferir o peso das obrigações para as pequenas e médias empresas, sufocando-as com parâmetros e padrões. Sem uma estratégia faseada de responsabilização e facilitação, não teremos uma adesão adequada para que as PME se sintam confiantes em reportar de forma transparente a existência de impactos e a falta de práticas de gestão ambiental. Sem dados fiáveis, existe o risco de inconsistência na priorização dos investimentos e, consequentemente, de políticas ineficazes.

É responsabilidade de todos os agentes – governos, empresas, investidores e sociedade civil – tornar ferramentas e metodologias mais acessíveis e apoiar a capacidade adaptativa das PMEuma vez que apoiam a estabilidade e o crescimento socioeconómico local e global. A transição justa para economias mais verdes, resilientes e inclusivas pressupõe um cenário em que todos possam prosperar.

Raissa Saré é líder de Political Engajamento – Economias Emergentes do CDP Latin America​. Formada em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP), tem pós-graduação em Direito Internacional pela EBRADI e em Estudos Diplomáticos pelo Ibmec. Ao longo de mais de 10 anos de carreira, atuou nos setores público e privado nas áreas de gestão de projetos, orçamento público, finanças e planejamento estratégico. Antes de ingressar no CDP, gerenciou equipes na área de políticas públicas para direitos humanos, diversidade e inclusão. No CDP, ela atua como Líder de Engajamento Político para Mercados Emergentes.

Fernanda Coletti é Gerente de Programas Corporativos da CDP América Latina. Fernanda é formada em Gestão Ambiental e mestre em Ciências Ambientais ambos pela Universidade de São Paulo (USP), sua área de especialização acadêmica inclui mudanças climáticas e iniciativas florestais para redução do desmatamento. A sua experiência profissional inclui seis anos de experiência na área de consultoria em sustentabilidade apoiando organizações no estabelecimento de estratégias de descarbonização, recolha de dados ambientais e auditoria de relatórios de sustentabilidade. Ela está no CDP desde 2020 e atualmente é gerente dos Programas Corporativos Reporter Services & Supply Chain para a América Latina, que apoia mais de cem empresas no avanço de suas práticas ambientais e no envolvimento e treinamento de seus fornecedores.

Fernanda Coletti é Gerente de Programas Corporativos do CDP Latin America — Foto: CDP Latin America/ Divulgação

Disclaimer: Este artigo reflete a opinião do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e não pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza decorrentes do uso dessas informações.

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