O Ifixíndice de referência para a classe de fundos imobiliários, registrou o segundo melhor desempenho mensal do ano em agosto, com valorização de 0,86%. Em um mês amplamente positivo para a categoria, o setor de sinalização corporativa foi o único que registrou variação negativa no período.
Com a perspectiva de retomada do ciclo de aumento dos juros básicos, a Selic, fundos imobiliários de recebíveisque investem em títulos de renda fixa no setor imobiliário, foram os protagonistas do mês que marcou o início do segundo semestre. Também apelidado os fundos “papel” acumularam rentabilidade média de 1,4%.
Caio Nabucoanalista em Pesquisa Empíricaadmite que o aumento das taxas de juro torna os produtos de rendimento fixo mais atrativos do que os produtos de rendimento variável, mas o especialista lembra que, nos últimos anos, a composição do Ifix mudou muito. Hoje, cerca de 40% dos fundos imobiliários presentes no índice são justamente do setor de recebíveis imobiliários.
“Como a remuneração desses fundos é CDI+ ou IPCA+, esses ativos expostos ao crédito imobiliário têm se mostrado bastante interessantes equilibrar o portfólio em cenários de alto interessePor isso acabam ganhando destaque dentro da classe dos fundos imobiliários”, explica Nabuco.
Você fundos de fundos (FoFs), com um mandato flexível para investir tanto em fundos de papel como em carteiras com exposição apenas ao ativo real, ou seja, o “tijolo”, dividiu o segundo lugar com fundos de armazéns logísticos. Ambos os segmentos registraram valorização média de 1,1% em agosto.
Fundos híbridosque combinam ativos de papel e tijolo no portfólio, e a parte de trás dos shoppings apareceu mais tarde, com um desempenho tímido de 0,2% e 0,1%, respectivamente.
Ao contrário de outros setores, fundos de lajes corporativas registraram perdas de 0,5%em média no último mês.
Desempenho setorial em agosto
Setores | Retorno no mês |
Recebíveis imobiliários | 1,4% |
Fundos de Fundos (FoFs) | 1,1% |
Armazéns logísticos | 1,1% |
Híbrido | 0,2% |
Shoppings | 0,1% |
Lajes Corporativas | -0,5% |
Em relatório, a equipe de análise da empresa EXP argumenta que, por estarem vinculados ao CDI e ao IPCA, fundos imobiliários de recebíveis devem continuar sendo favorecidos nos próximos mesesespecialmente dada a perspectiva de novos aumentos das taxas de juro num cenário de fortalecimento da actividade económica e de pressão inflacionista.
Mesmo assim, considera a equipe, o preço das cotas de alguns fundos tijolo já inclui a possibilidade de aumento da taxa Selic. Neste sentido, os fundos com uma carteira de boa qualidade e uma boa gestão deverão permanecer resilientes. Entre os fundos que investem em imóveis físicos, a XP prefere os do segmento de armazéns logísticos.
“A redução da taxa de vacância dos condomínios logísticos tem contribuído para reajustes nos preços de aluguel e, consequentemente, para o bom desempenho dos fundos, que têm demonstrado maior apetite pela aquisição de novos imóveis”, destaca a equipe da XP.
Coincidência ou não, o fundo imobiliário que mais valorizou em agosto foi o BLMG11, focado em armazéns logísticos. Apesar do mês positivo para o segmento como um todo, a razão por trás do valorização de mais de 10% do fundo gerido por Arara Azul foi o anúncio de outro fundo, o “Triple A”, do qual o BLMG11 detém uma participação relevante de quase 36%, venda de imóvel localizado em São Bernardo do Campo, em São Paulo, por R$ 130 milhões.
A maior parte do valor recebido com a venda foi utilizada para reduzir a alavancagem do fundo, até então visto como ponto de atenção dos investidores, e uma parte menor do valor será distribuída como lucro aos cotistas da Triple A.
Na outra ponta, o TORD11, que não paga dividendos aos investidores há mais de um ano, teve o pior desempenho do mês, com perdas de 16% em agosto. O resultado negativo, embora significativo, não surpreende, visto que o fundo já atravessa bons momentos há muito tempo.
Desta vez, porém, explica Nabuco, da Empiricus, a desvalorização foi abordada por reavaliação patrimonial dos ativos do fundorealizado por B2R, que mostrou uma queda de 48% no patrimônio líquido do TORD11.
Apesar do Ifix tendo registrado seu segundo melhor desempenho mensal em agosto, o resultado ficou bem abaixo da valorização de 6,5% do Ibovespao principal índice de referência do mercado acionário nacional, que atingiu seu maior valor histórico no mês.
Para Leonardo Garcíaanalista em Trixa diferença no movimento traçado pelos dois índices nacionais de renda variável sugere que fundos imobiliáriospois eles não respondem de maneira semelhante às ações, tem potencial para valorização no futuro.
“Os fundos imobiliários continuam a apresentar boas oportunidades de investimentotanto nos fundos tijolo, que conseguem desbloquear valor em suas carteiras e manter altos níveis de distribuição de dividendos, quanto nos fundos de papel, que estão com descontos, oferecendo bons retornos e carteiras atrativas de risco de crédito”, destaca Garcia.
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