A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria entre os ministros para tornar o réu Ramiro Alves da Rocha Cruz, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros, e que foi candidato a deputado federal em 2022, mas não foi eleito. Segundo consta nos autos, ele convocou a população a participar dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 com os apelos “Tomada do Poder” e “Tomada de Brasília”.
De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Cruz fazia parte de diversos grupos de WhatsApp com temas antidemocráticos. Para a PGR, o arguido desempenhou um importante papel como incentivador e organizador de atos golpistas, “com grande poder de recrutamento”. O engajamento nas redes sociais, com publicação de mais de 20 mil curtidas, exemplifica o alcance da influência do acusado. Pelas redes sociais, Cruz chegou a pedir recursos financeiros para sua chave Pix para financiar sua viagem a Brasília.
Ainda segundo a PGR, ele fez uma transmissão ao vivo em sua conta do Instagram, no dia 4 de janeiro de 2023, com duração de duas horas, e revelou seu conhecimento sobre os ataques que seriam realizados em Brasília “detalhando o plano de ação e indicando os equipamentos necessários para praticar os atos”. Na mesma live, o ex-candidato a deputado indicou que precisava de dinheiro para comprar armas e explosivos e explicou a necessidade de um caminhão com gerador de energia elétrica. Revelou ainda que o plano seria “ocupar o congresso com uma média de 1.000 pessoas por edifício”.
O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou pelo recebimento da denúncia contra Cruz nos crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e ameaça grave, contra o patrimônio da União e com danos consideráveis à vítima e deterioração dos bens tombados.
Ministros acompanharam Moraes Flávio Dino É isso Carmem Lúcia. O julgamento está em plenário virtual e ainda há votações a serem realizadas. Luiz Fux É isso Cristiano Zanin.
Nos autos, a defesa de Cruz argumenta que a denúncia é infundada porque os acusados “nunca pediram arrombamento, nunca recrutaram pessoas para irem a Brasília/DF, para invadir qualquer órgão público, muito menos para vandalizar bens da União”. Afirmam ainda que ele estava em Uberaba (MG) e não em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, “portanto, não poderia ter cometido os crimes pelos quais é acusado”.
“Assim, reiteramos que Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior não organizou, financiou, incitou e muito menos executou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023”, diz a petição.
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