agosto 2, 2024
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Ao pedir auditoria ao Supremo Tribunal, Maduro atua em campo aliado

Ao pedir auditoria ao Supremo Tribunal, Maduro atua em campo aliado
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Presidente do TSJ, Caryslia Beatriz Rodríguez ocupou cargos políticos e atuou no partido chavista. Presidente Nicolás Maduro em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros Reprodução/Reuters Autoproclamado reeleito no pleito sem transparência, que recebeu repúdio interno e internacional, Nicolás Maduro apelou ao Supremo Tribunal de Justiça para auditar as eleições do último domingo e investigar o suposto ataques cibernéticos sofridos pelo sistema. Tal como acontece com o Conselho Nacional Eleitoral, o presidente venezuelano atua num campo aliado. Com 12 juízes, o órgão é questionado como dependente do regime. A sua presidente, a juíza Caryslia Beatriz Rodríguez, que assumiu o cargo em janeiro passado, foi prefeita de Caracas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e ocupou outros cargos políticos ligados ao chavismo. Advogada, Rodríguez era ativista de carteirinha e se definiu, em entrevista, como “leal ao comandante Hugo Chávez, ao presidente operário Nicolás Maduro e aos projetos de construção do socialismo”. Ela tem uma frase emblemática: “O melhor país para viver feliz e em paz é a Venezuela”. Rodríguez também preside a Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça, que suspendeu as primárias da oposição, realizadas em outubro passado, nas quais María Corina Machado foi eleita com 90% dos votos, e ratificou a ilegibilidade da líder da oposição. Não é de estranhar que o TSJ tenha feito as primeiras manifestações de apoio a Maduro, no domingo, felicitando-o pelo seu terceiro mandato e pela transparência do voto. Diante disso, o apelo de Maduro para uma auditoria das eleições presidenciais tem claras notas de hipocrisia devido à sua proximidade com o tribunal. “Eu me lanço diante da Justiça. Estou disposto a ser intimado, interrogado e investigado”, disse ele na sede do Supremo. Observadores internacionais, como o Carter Center, não acreditaram na iniciativa do regime de produzir uma revisão independente. “Não é uma avaliação independente. Vocês têm outra instituição governamental, que é indicada pelo governo, para verificar os números do governo para os resultados eleitorais, que estão em questão”, assegurou Jennie K. Lincoln, que liderou a delegação da entidade à Venezuela. O tribunal passou por uma reforma em janeiro de 2022, aprovada pela Assembleia Nacional, também controlada pelo regime, que reduziu o número de juízes de 32 para 20. O Legislativo nomeou os novos juízes, dos quais apenas dois estão alinhados com grupos de oposição. Durante oito anos consecutivos, a Venezuela ficou em último lugar entre 142 países numa avaliação do World Justice Project, uma organização internacional que trabalha para promover o Estado de direito. Devido a todas as críticas à isenção do sistema, é difícil digerir o conselho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à oposição venezuelana para apresentar recursos na Justiça, caso não concordem com a ata de votação, que nem sequer foi apresentada pelo regime .

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