Um dos maiores problemas da pecuária leiteira, a doença exige atenção na prevenção e nos protocolos. Uma das doenças mais comuns em vacas leiteiras, a mastite gera cerca de R$ 6 bilhões em prejuízos por ano, segundo dados da Embrapa Gado de Leite. Por isso, ficar atento à prevenção e ao tratamento da doença é fundamental para manter a produtividade e a rentabilidade da propriedade. O tema foi abordado por diversos especialistas durante a Agroleite, feira promovida pela Cooperativa Castrolanda, entre os dias 6 e 9 de agosto, em Castro (PR). No que diz respeito à doença, o manejo da vaca no período seco e na fase de lactação, com ênfase na nutrição e na saúde da glândula mamária, é considerado essencial para prevenir e tratar a mastite. Leia também Agroleite 2024 gera R$ 520 milhões em negócios Cuidados com bezerros podem garantir rentabilidade da pecuária leiteira Produtor de leite aposta no sistema Free Stall para crescer “Para esses animais, o período mais crítico são os 60 dias antes do parto e os 30 dias depois, que chamamos de 90 dias vitais, quando intensas alterações fisiológicas e metabólicas podem causar problemas de saúde na vaca e comprometer a qualidade do colostro para as bezerras e do leite para o consumidor”, destaca Matheus Lopes, consultor técnico de leite da Elanco Saúde Animal, uma das empresas presentes no evento. Lopes cita ações preventivas para evitar distúrbios metabólicos e infecciosos nesse período crítico, como formular uma dieta adequada, utilizar suplementos adequados, gerenciar o equilíbrio energético e a função imunológica da vaca e cuidar da saúde da glândula mamária. Mastite bovina: principais ações preventivas Causas da mastite bovina A mastite é uma inflamação da glândula mamária do animal, normalmente causada pela infecção por diversos tipos de microrganismos, sendo as bactérias os principais agentes. Segundo a Embrapa, esses microrganismos entram pelas aberturas dos tetos, principalmente durante a ordenha, mas isso também pode ocorrer entre as ordenhas. Ao afetar a glândula mamária da vaca, a doença provoca redução na quantidade e interfere na qualidade do leite produzido. Em cartilha destinada a orientar os produtores sobre o problema, a Embrapa alerta ainda que, caso a doença progrida, a vaca pode perder definitivamente um ou mais quartos mamários em decorrência da infecção. “Por se tratar de uma doença altamente contagiosa, os técnicos e produtores precisam estar sempre atentos para diagnosticar e tratar adequadamente a doença, a fim de evitar sofrimento às vacas e perdas econômicas”, alertam os especialistas da agência. Apoio técnico A importância de o produtor também receber orientação na definição do tratamento e medicação do animal doente foi destacada por Fernanda Paparotti, coordenadora de marketing de Ruminantes da Rede Elanco Lácteos. “É importante saber, se a minha vaca tiver mastite, quais dos inúmeros produtos que temos na nossa farmácia irão atacar aquela bactéria específica. Temos uma frente de trabalho que orienta o uso correto dos antibióticos, tanto na dosagem quanto no tempo de uso”, explica. Uma das iniciativas da Elanco nessa área, segundo Fernanda, acontece na região de Minas Gerais, por meio de parceria com um laboratório. O leite é coletado nas propriedades dos produtores atendidos pela empresa e enviado para análise, para que o produtor obtenha o protocolo de tratamento correto, quando for o caso. Ainda em relação ao diagnóstico de mastites, a Vetoquinol Saúde Animal realizou pesquisa de mercado durante a feira para lançar equipamentos para diagnóstico de mastites clínicas e subclínicas em até 24 horas. O produto, fabricado em parceria com outra empresa, está sendo lançado globalmente. “Hoje o diagnóstico não inclui o antibiograma [teste microbiológico] em 24 horas”, destacou Jorge España, presidente do grupo na América Latina e Canadá. Ele acrescentou que os testes incluem um antibiograma, normalmente dentro de 72 horas. “É necessário ter um diagnóstico para a tomada de decisão e o uso correto, coerente e responsável de antibióticos e anti-inflamatórios”, enfatizou. Segundo ele, os novos equipamentos já estão consolidados na Europa, estão sendo introduzidos na América do Norte e no Canadá e deverão posteriormente ser levados ao Brasil e à América Latina. A pesquisa durante o Agroleite se deve ao fato da região ser referência na pecuária leiteira, dados seus altos índices de produtividade e uso de tecnologia, manejo e nutrição, sendo considerada formadora de opinião no setor. As duas empresas apresentaram na feira um portfólio completo de tratamentos para mastites. Identificar a mastite no início da doença facilita o tratamento e a recuperação do animal Freepik Como identificar se a vaca está com mastite A Embrapa ressalta que a identificação ou confirmação da doença é feita por meio de exames, testes de campo “no pé da vaca” ou em o laboratório. O teste mais comumente usado para detectar mastite clínica é o teste da caneca de fundo escuro. Também é possível realizar testes clínicos através da observação do úbere. É importante ressaltar que os benefícios da identificação precoce da mastite incluem a facilitação do tratamento e recuperação do quarto seio doente, evitando que a doença se espalhe para outras vacas do rebanho e permitindo que o leite da vaca doente seja separado do leite da vaca. vacas saudáveis. “Esse procedimento ajuda a reduzir a Contagem de Células Somáticas (CCS) do leite total do rebanho”, explica a Embrapa. Outra recomendação dos especialistas é que as vacas com mastite clínica sejam separadas e recebam tratamento adequado, de acordo com as recomendações do veterinário. Também é recomendado que o animal com a doença receba identificação, como uma corda de náilon no pescoço. Ela deve ser ordenhada por último – nas próximas ordenhas – e receber tratamento até a recuperação da mama afetada. *O jornalista viajou a convite da Elanco Saúde Animal
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