Especialistas explicam o que acontece com o corpo quando o álcool é consumido sem alimentos. É regra até na mesa de bar: beber álcool com o estômago vazio faz mal. Mas qual é a razão por trás disso? É tão prejudicial? Especialistas consultados pela EU Athlete explicam o que acontece com o corpo ao consumir bebidas alcoólicas sem comer primeiro e quais os riscos que isso pode trazer. + Se você bebe, não faça exercícios: o álcool afeta negativamente o desempenho esportivo As bebidas alcoólicas são ainda mais prejudiciais ao organismo se consumidas com o estômago vazio iStock Por que beber álcool com o estômago vazio é ruim? O álcool é processado pelo corpo muito mais rapidamente do que outros líquidos e alimentos. Portanto, os danos podem ser maiores, principalmente quando o estômago está vazio, o que aumenta a absorção do álcool. + Ressaca: o que comer e beber para evitá-la + O que acontece com o corpo quando você treina com ressaca? Quando não há alimento para triturar durante o processo digestivo, o estômago trabalha para metabolizar o líquido ingerido, no caso, as bebidas alcoólicas. Sozinho, o álcool é a única substância absorvida pelo organismo, e de forma mais rápida. Por outro lado, com o estômago cheio e alimentado a história é diferente. É como se a comida servisse de escudo para o álcool que vem depois. Com o alimento presente, o estômago produz o bolo alimentar, que deixa intacta a barreira protetora do estômago. Até mesmo comer junk food ajuda, pois o estômago primeiro decompõe a comida com ácido gástrico, libera os minerais e nutrientes e depois prepara o estômago para receber o álcool. – O álcool no estômago atinge seu pico 30 minutos após a ingestão – detalha a endocrinologista Silvia Regina Cavallari da Costa. + O que acontece com seu corpo quando você para de beber + Quer dormir bem? Não beba à noite Além da alimentação, também é importante beber água. A recomendação é beber água durante o consumo de álcool ou imediatamente após, pois, em geral, a absorção do álcool depende de muitos fatores, como peso, percentual de gordura, velocidade de ingestão, uso de medicamentos, entre outros. – Pessoas que têm maior proporção de gordura corporal têm maior pico de álcool no sangue, em comparação com uma pessoa com o mesmo peso, mas que tem maior proporção de massa magra – considera a nutricionista Renata Bressan, integrante do Departamento de Nutrição do da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). + 13 frutas ricas em água: veja a lista campeã da hidratação + Conheça 17 alimentos que ajudam na hidratação 17 alimentos com alto teor de água que ajudam na hidratação do corpo Como o álcool se comporta no corpo? Imediatamente após o consumo, a bebida desce pelo esôfago e chega ao estômago, onde cerca de 20% das moléculas do álcool são absorvidas e passam para o sangue. – A maior parte passa direto para o intestino delgado, onde é absorvido e entra rapidamente na corrente sanguínea – explica a nutricionista Taís Rodrigues. Quando o álcool é consumido, o fígado é responsável por metabolizar a maior parte do álcool. É inicialmente transformado em acetaldeído pela ação da enzima álcool desidrogenase (ADH), presente no fígado. Mesmo em pequenas quantidades, o acetaldeído é tóxico para o corpo. Portanto, o corpo humano tenta se livrar dele o mais rápido possível. Com o consumo moderado de álcool, o fígado pode, com a enzima aldeído desidrogenase (ALDH), converter o acetaldeído em acetato – uma substância que não é prejudicial. O problema é quando o indivíduo bebe mais do que a capacidade do corpo humano para fazer tudo isso em tempo suficiente para evitar que o corpo fique intoxicado. Diferentes tipos de bebidas alcoólicas têm efeitos diferentes no corpo. As bebidas destiladas, como a cachaça e a vodca, possuem maior teor alcoólico e, por isso, irritam mais a mucosa do estômago, o que, além de embriaguez, náuseas e outros sintomas, pode causar gastrite e úlceras. As bebidas fermentadas, como o vinho, contêm flavonóides, antiinflamatórios que protegem a mucosa gástrica. – Mesmo assim, o que influencia é a quantidade de álcool consumida e não necessariamente o tipo de bebida. O ideal é evitar o consumo excessivo de álcool – alerta o representante da Abeso. Fontes: Renata Bressan é nutricionista, membro do Departamento de Nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e colaboradora do Ambulatório de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP); Silvia Regina Cavallari da Costa é endocrinologista formada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Possui residência médica em Endocrinologia e Metabologia pela Unicamp e estágios de especialização na Itália em Diabetes (Universidade de Perugia) e Endocrinopediatria (Arcispedale di Ferrara); Taís Rodrigues é nutricionista especializada em emagrecimento.
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