agosto 16, 2024
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O que se sabe sobre a queda do voo 2283 da Voepass | Brasil

O que se sabe sobre a queda do voo 2283 da Voepass | Brasil
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Uma semana depois da queda do Voepass voo 2283em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto, investigadores tentam apurar as causas do acidente. Todas as 62 pessoas a bordo morreram.

Por enquanto, há poucas respostas, mas algumas pistas podem ajudar no trabalho.

A previsão é que um relatório preliminar sobre o caso seja divulgado apenas em setembro. Veja o que se sabe até agora.

Condição do avião e da tripulação

O modelo ATR-72 estava com a documentação em dia e autorizado a voar, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A Voepass também afirma ter realizado manutenção de rotina na aeronave um dia antes do acidente.

Piloto e co-piloto eram experientes. O capitão, Danilo Santos Romano, tinha 5.202 horas de voo; seu auxiliar, Humberto Campos de Alencar, 5.100 horas.

Vídeos do momento do acidente registrados por diversos moradores de Vinhedo mostram que a aeronave desceu, girando no ar, permanecendo na posição horizontal, manobra conhecida como “parafuso plano”.

Essas condições, segundo especialistas, indicam que o piloto havia perdido o controle da aeronave e a capacidade de virar, ou seja, apontar o nariz da aeronave para baixo e usar os motores para recuperar a sustentação no ar.

O voo 2283 da Voepass ia de Cascavel (PR) para Guarulhos (Grande São Paulo) quando caiu na área de uma casa do condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, em Vinhedo. O avião, que decolou às 11h50 e estava previsto para chegar às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21.

Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o avião deixou de responder aos chamados do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência. Isto, porém, só será esclarecido e confirmado ao final da análise da caixa preta.

Especialistas levantam a possibilidade de acúmulo de gelo nas asas da aeronave.

A aeronave cruzou uma zona crítica para formação de gelo quase dez minutos antes do acidente, segundo análise do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

Antes mesmo de chegar a este trecho com condições severas, ele havia passado por uma área com ventos intensos e grandes variações de temperatura, contribuindo para as adversidades durante o voo, afirma o laboratório.

Umidade e frio extremo (-45°C), ventos de alta velocidade, ciclone extratropical sobre o Rio Grande do Sul e fumaça de queimadas na atmosfera compõem o cenário de dificuldades que podem ter contribuído para o acidente.

O foco da investigação está na formação de gelo nas asas, que pode envolver tanto questões técnicas, como falhas nos sistemas antigelo, quanto erros de procedimento ou mesmo desatenção da tripulação por cansaço. Somente a investigação poderá tentar explicar o que aconteceu. O acúmulo de gelo na borda dianteira das asas pode alterar a aerodinâmica do vôo, fazendo com que o ar passe sobre as asas em vez de passar por baixo delas.

Ainda no dia do acidente, o engenheiro Hildebrando Hoffman, professor aposentado de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), levantou outra hipótese: a de que teria havido falha no posicionamento das hélices, o que teria sido um problema de manutenção.

A força-tarefa da Polícia Técnico-Científica de São Paulo concluiu os trabalhos de autópsia dos 62 corpos do acidente Voepass 2283 e concluiu que a maioria das vítimas morreu por politraumatismos em decorrência do acidente.

“A maioria, sem dúvida, foi por politrauma. E, consequentemente, com a explosão da aeronave, alguns foram atingidos pelas chamas”, disse à Folha de S.Paulo o superintendente Claudinei Salomão.

Todos os 62 corpos foram identificados. Destes, 41 já haviam sido liberados para seus familiares até esta quinta-feira.

Segundo a polícia, cerca de 40 vítimas foram identificadas por impressões digitais.

Gravação de caixa preta

No total, são cerca de duas horas de transcrições de conversas dentro do avião, feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), responsável pelas investigações.

As caixas pretas do avião teriam gravado gritos e o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva falando em dar energia à aeronave, conforme noticiou o Jornal Nacional, da TV Globo, nesta quarta-feira (14).

A reportagem afirma ter conversado com investigadores que tiveram acesso às gravações da caixa preta. Eles teriam dito que a aeronave perdeu altitude repentinamente e avaliaram, porém, que a análise de áudio da cabine não seria capaz de determinar a causa do acidente.

O copiloto teria notado que o avião estava perdendo altitude e perguntou o que estava acontecendo. Depois, ele teria dito que era preciso “dar potência”, uma forma de fazer com que a aeronave evitasse cair.

Segundo o relatório, teria se passado um minuto desde o momento em que foi percebida a perda de altitude até o avião atingir o solo. A gravação mostrava gritos e um grande estrondo naquele momento, disse o Jornal Nacional.

Após a reportagem, o Cenipa divulgou comunicado no qual afirma que “nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios e transcrições, nem aos dados dos gravadores de voo” das caixas pretas do avião Voepass.

— Foto: Andre Penner/AP Photo

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