agosto 16, 2024
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Casos de racismo nas torcidas de Botafogo e San Lorenzo reacendem discussão, e entidade pede maior participação dos clubes

Casos de racismo nas torcidas de Botafogo e San Lorenzo reacendem discussão, e entidade pede maior participação dos clubes
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Conmebol abrirá processo para apurar episódios, mas história mostra que punições não são eficientes Alguns jogos das oitavas de final da Libertadores, nesta semana, foram marcados por casos de racismo nas arquibancadas. Na terça-feira, em Buenos Aires, torcedores do San Lorenzo imitaram macacos em direção aos torcedores do Atlético-MG, outro caso entre muitos que se repetem na Argentina. No dia seguinte, foi a vez de alguns torcedores do Botafogo também fazerem essa imitação diante da torcida palmeirense, no jogo disputado no Nilton Santos. O time alvinegro não demorou a identificar Vinícius Ramos e decidiu expulsá-lo do estádio e da torcida. No entanto, a discussão sobre o tema foi reavivada. Leia mais: Botafogo vai banir torcedor flagrado fazendo gestos racistas com torcedores do Palmeiras no Nilton Santos E ainda: Botafogo identifica torcedor que fez gesto racista contra torcedores do Palmeiras A Conmebol não comenta casos específicos. Porém, ao ser procurada pela reportagem do EXTRA, a entidade explicou que todos os episódios passam pelo procedimento padrão: abertura do processo, investigação, prazo para defesa do acusado e decisão do Conselho Disciplinar. E os dois casos desta semana não serão diferentes. Em 2022, a entidade anunciou o endurecimento das regras contra o racismo. O valor das multas foi aumentado. Além disso, jogar em estádios parcial ou totalmente fechados foi adicionado à lista de punições. Diretor do Observatório de Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho destaca que uma das principais consequências foi a produção de cartilhas por clubes estrangeiros para seus torcedores antes dos jogos contra os brasileiros. Texto inicial do plugin Mas isso não foi suficiente para impedir a escalada dos episódios. Para o diretor do Observatório, uma possível falta de punição não é a principal questão do problema. Mas sim o não envolvimento de clubes e federações na educação dos torcedores. — O clube alega que ato de torcedor não pode acarretar punição esportiva. Mas você não vê o torcedor sendo identificado e preso. Então um acaba sempre passando o problema para o outro. O responsável é a confederação, a Conmebol. Mas o clube também não toma medidas eficazes para conscientizar os torcedores. É urgente que todos os clubes façam isso, se comprometam a conversar com os torcedores sobre o que é racismo para que eles realmente entendam e não o reproduzam — explica Carvalho ao EXTRA. — Quando você olha para a Argentina você vê que todos os clubes multados recorrem. E quando têm que jogar com metade do estádio fechado, ficam indignados. Porque também não conseguiram entender o que a Conmebol faz. Eles não têm ideia do que é racismo, do que é crime. É muita defesa do seu clube e pouca ação — continua. Em maio, a FIFA anunciou um protocolo global para denunciar e abordar o racismo. Entre os anúncios, destaca-se o procedimento de três etapas a serem seguidas pelos árbitros. Em nota oficial, o Botafogo afirma que está tentando identificar torcedores que cometeram atos racistas na partida contra o Palmeiras Primeiro, solicitando a interrupção dos cantos pelo sistema de som ou no telão. Se persistir, suspenda o jogo momentaneamente. Por fim, caso as duas etapas anteriores não tenham êxito, considere o jogo encerrado e declare a derrota do time vinculado à torcida em questão. Carvalho explica que, embora adotado pela Conmebol e pela CBF, esse procedimento é pouco utilizado na América Latina. Aqui os ataques não partem de grandes grupos de torcedores, como ocorre na Europa, o que dificulta a identificação dos árbitros. — Existe uma solução. A questão é ser capaz de fazer isso. O clube precisa se responsabilizar e começar a realizar campanhas educativas. Se forem obrigados a tomar ações antirracistas com torcedores, jogadores e funcionários, então começaremos a ter mais gente consciente — finaliza o diretor do Observatório.

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