Tecnologias capazes de aumentar a produtividade do rebanho exigem planejamento, coleta de dados e gerenciamento para mensurar as respostas. É comum entre os selecionadores genéticos procurarem animais que sejam positivamente extremos nas características que lhes interessam, principalmente aquelas relacionadas ao aumento da produção. Em princípio, não há nada de errado nisso, porque esse é o propósito da seleção. Acontece que a genética pode produzir respostas imprevisíveis se os critérios adotados não forem bem definidos. Saiba mais taboola Ou seja, é possível mirar em um alvo e acertar outros, pois, afinal, a unidade selecionada é o animal. Por esta razão, é essencial identificar impactos indesejáveis nas fases iniciais da seleção. Agosto A pecuária evoluiu muito nas últimas décadas. Em seus primórdios, uma ou algumas características foram escolhidas para serem selecionadas. Com o tempo, observou-se que isso gerou mudanças nem sempre positivas. Em frangos de corte, a seleção para crescimento levou ao aumento do consumo de ração, postura de ovos não padronizada, menor resistência, defeitos estruturais e aumento da taxa de mortalidade. A melhoria da saúde e do manejo nutricional vieram em socorro, mas a espécie mostrou sinais de limites de homeostase. Estudos que analisaram frangos de corte com mais de 40 gerações sob seleção para crescimento indicam que o apetite excessivo e a obesidade foram atenuados pela iluminação artificial nos galpões para controlar os ciclos alimentares. O envelhecimento prematuro dos homens foi resolvido através de estratégias de suplementação, o aumento da suscetibilidade a doenças foi mitigado pelo uso de antibióticos e os problemas de incubação foram reduzidos pela regulação precisa da temperatura nas incubadoras. Em processo de adaptação. A perda de capacidade adaptativa é menos perceptível nos centros de seleção, onde o ambiente é melhorado. Leia mais opiniões de especialistas e líderes agrícolas Mas o criador não pode fugir da ideia de que a sua genética deve ser moldada para funcionar em ambientes comerciais, onde as mudanças ambientais nem sempre são viáveis. Utilizamos agora índices de seleção, nos quais diversas características são selecionadas simultaneamente. Construir e manter índices adequados é um desafio, mas eles nos levaram a um equilíbrio melhor do que a seleção de um único recurso. Mais recentemente, tivemos a chegada da genômica, com a contribuição de trazer o futuro para o presente: os animais podem ser selecionados muito jovens, diminuindo o intervalo entre as gerações e, como consequência, acelerando o surgimento de respostas correlacionadas. Por estes motivos, as tecnologias atuais (embora sejam capazes de aumentar a produtividade dos sistemas) exigem, mais do que nunca dos selecionadores, planeamento dos seus objetivos, recolha contínua de dados e capacidade de gestão para medir as respostas e monitorizar a evolução do rebanho. . . *Luiz Josahkian é zootecnista, professor de melhoramento genético e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Nota: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de exclusiva responsabilidade de seu autor e não representam necessariamente a posição editorial de Globo Rural
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