O Supremo Tribunal Federal (STF) começou hoje a ouvir testemunhas do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), do motorista Anderson Gomes, e da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, em março de 2018. É a primeira vez que testemunhas dão depoimento após STF tornar Chiquinho Brazão réu; Domingos Brazão; Rivaldo Barbosa; o ex-major Ronald Paulo Alves Pereira e Robson Fonseca, conselheiro de Domingos conhecido como Peixe.
A primeira a prestar depoimento foi a vítima Fernanda Chaves e, posteriormente, o assessor jurídico e administrativo de Marielle Franco durante sua gestão como vereadora, Arlei de Lourival Assucena. Porém, a pedido da defesa, acatado pelo juiz Airton Vieira, que conduziu os depoimentos, foi retirado o compromisso de Assucena de dizer a verdade como testemunha, por dizer ser amigo próximo de Marielle. Na prática, o depoimento do orientador torna-se uma prova mais fraca.
As audiências retornam na terça-feira (13) e o primeiro depoimento será de Guilhermo De Paula Machado Catramby, delegado da Polícia Federal. No total, serão entrevistadas 11 pessoas, entre elas os denunciantes Ronnie Lessa e Élcio Vieira De Queiroz.
Nesta fase processual, o Ministério Público Federal e os advogados podem fazer perguntas às testemunhas para instrução processual. A ideia é trazer mais elementos para o caso, com outras versões e possíveis contradições de testemunhas, na tentativa de fornecer melhores informações para os ministros tomarem uma decisão.
Em seus depoimentos desta tarde, tanto Fernanda Chaves quanto Arlei de Lourival Assucena corroboraram o relatório apresentado pela Polícia Federal e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que Marielle Franco estava preocupada com habitação social e regularização fundiária e que sua participação nessas questões começaram a incomodar colegas da Câmara Municipal, como Chiquinho Brazão. Na verdade, segundo Assucena, Chiquinho Brazão teria mudado a forma cordial de lidar com os funcionários do gabinete de Marielle Franco depois que ela se posicionou contra o projeto de lei de Brazão que ampliava a flexibilização da regularização de áreas em Jacarepaguá.
Fernanda Chaves afirmou que Marielle tinha um assessor específico para questões fundiárias e urbanas. “Defender a habitação era uma questão crucial para Marielle”, disse ela. Chaves contou um episódio em que Chiquinho Brazão brigou com uma funcionária do escritório de Marielle. Ela teria dito: “ah, o Brazão me deu uma bronca”, depois que a funcionária tentou apoiar o projeto de lei de Marielle. Apoio é a coleta de assinaturas para que o projeto tramite na casa legislativa.
Depois, Assucena disse que foi ele o funcionário que foi maltratado por Chiquinho Brazão. O deputado federal, então vereador, teria lhe dito que não apoiaria o andamento de nenhum projeto de Marielle, pois ela teria interferido em um projeto no qual ele passou um ano trabalhando – a referência é o projeto que prorrogou o prazo para flexibilizando os critérios de regularização. de áreas em Jacarepaguá.
Na visão de Assucena, Marielle passou a incomodar Brazão depois que ela passou a se posicionar contra o despejo de populações vulneráveis em áreas de interesse de grileiros e milicianos, principalmente em regiões da Zona Oeste que foram valorizadas após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. “Ao lutar pela permanência das comunidades, ela lutava contra a valorização da terra, o que prejudicaria grileiros na região e até mesmo a especulação imobiliária”, disse Assucena.
Assucena disse ainda que os atritos aumentaram quando Marielle se posicionou contra o aproveitamento dos benefícios da regularização de áreas da Zona Oeste – como Jacarepaguá e Rio Comprido – como se fossem áreas com populações socialmente vulneráveis, quando não o eram. O escritório começou a comparar áreas consideradas de interesse social com construções existentes através do Google Earth e constatou que o padrão era alto e algumas casas tinham até piscina.
A defesa de Chiquinho Brazão tem argumentado que Marielle e Chiquinho não tiveram atritos na atuação como vereadores e que mantiveram uma relação cordial. Além disso, o advogado de Chiquinho Brazão, Cléber Lopes, afirmou que a vereadora assassinada não tinha bandeira terrestre e que não se opunha a Chiquinho na questão imobiliária.
No dia 18 de junho, a Primeira Turma do STF, por unanimidade de votos, decidiu tornar réus os cinco suspeitos de participação no crime. O relator, ministro Alexandre de Moraes, votou a favor da denúncia apresentada pela PGR e foi seguido pelos demais integrantes do painel. Após a decisão, foi aberta a Ação Penal 2.434 no STF contra os acusados. Somente no final do processo o Tribunal decide se serão condenados ou absolvidos. Os cinco arguidos permanecem em prisão preventiva.
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O pós STF começa a ouvir testemunhas do caso Marielle com depoimento de assessor | A política apareceu primeiro no WOW News.