setembro 7, 2024
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6 mil m de altitude, frio de -12°C, mal estar e insônia: os desafios enfrentados pelos brasileiros que escalaram a ‘montanha mais bonita do mundo’

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André Perlatti e Hikaru Arimura, moradores de Jundiaí, no interior de SP, completaram uma expedição de 10 dias rumo ao cume do Alpamayo, no Peru, em julho. Do grupo de nove pessoas, apenas os dois conseguiram chegar até o fim. Brasileiros chegam ao cume da ‘montanha mais bonita do mundo’ no Peru Arquivo pessoal Exaustão, alívio e, por fim, satisfação. Foi essa intensa mistura de sentimentos que os brasileiros André Perlatti e Hikaru Arimura vivenciaram há poucos dias, quando riscaram (mais um) item de sua lista de desafios ao completarem uma expedição de 10 dias ao cume do Alpamayo, considerado o mais belo montanha do mundo. . , no Peru. Participe do canal g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp Ao lado de outras sete pessoas, os moradores de Jundiaí, cidade do interior de São Paulo, iniciaram a missão no dia 15 de julho, chegaram ao cume no dia 21 e encerraram a expedição no dia 23. No total , foi um dia para ir de Jundiaí ao município de Huaraz, base da Cordilheira Branca no Peru, e mais nove dias na montanha. O grupo era formado por cinco escaladores, três carregadores e uma cozinheira. Destes, cinco pretendiam chegar ao cume, mas apenas o guia de montanha André e o empresário Hikaru conseguiram – os outros três desistiram dias antes por dificuldades de aclimatação à altitude. “A sensação de cumprir a missão, sem dúvida, foi de exaustão. A montanha é muito técnica e exigiu muito de nós. Logo depois de podermos avistar o cume, iniciamos a descida. Afinal, o tempo voa”, afirma Hikaru, 35 anos. E André acrescenta: “No final foi um misto de satisfação, depois de anos de preparação e planeamento, com alívio por poder rever a minha família e ter regressado inteiro”, confessa o indígena de 40 anos. Jundiaí. Nove pessoas iniciaram a expedição, mas apenas duas conseguiram terminá-la Arquivo pessoal Meses de preparação Alpinista há 24 anos, André considera que a preparação para a expedição peruana começou em 2001. “Cada experiência nas montanhas anteriores de alguma forma me preparou para o ataque para o Peru.” Alpamayo”, explica. Cerca de seis meses antes, porém, ele iniciou treinamentos mais específicos, escalando longas paredes no Brasil e simulando o uso de machados em uma academia de escalada em Jundiaí, no bairro de Medeiros. Hikaru começou a se preparar para a missão em dezembro de 2023, logo após os dois decidirem o itinerário. “A preparação consistiu basicamente em alimentação, corrida e trekking”, conta. Em maio, André já havia tentado ser o primeiro ser humano a chegar ao cume do Alpamayo na temporada 2024. Foi uma tentativa alpina solo, completamente sozinho, e, ao encontrar alguns obstáculos, não se sentiu confortável em continuar a expedição sem companheiro e decidiu voltar. Dois meses depois, porém, conseguiu chegar ao topo da montanha, considerada de alto grau de dificuldade, ao lado de Hikaru, que escalou o Alpamayo pela primeira vez. “Nenhuma agência brasileira jamais operou a rota. A empresa Jundiaí foi pioneira nesta montanha. Não podemos dizer o número exato, mas acreditamos que não passam de 10 brasileiros que já escalaram o Alpamayo. Orientação, ou seja, sendo líder no dia da cúpula, acreditamos que esse número será reduzido para menos de três brasileiros”, afirma André. André e Hikaru começaram a se preparar com meses de antecedência para a missão Arquivo pessoal Dificuldades no caminho Com monitoramento e comunicação via satélite em tempo real informando o dia a dia dos alpinistas para seus familiares, o grupo chegou ao acampamento base, 4.300 metros acima do nível do mar. altitude, com alguma tranquilidade. A partir daí, porém, as dificuldades começaram a surgir. “Praticamente todo o grupo começou a sentir fortes dores de cabeça, mal-estar, falta de apetite e uma clara redução do desempenho físico devido ao ar rarefeito. A baixa concentração de oxigênio privou o sono de alguns integrantes, que, a partir do terceiro dia de expedição, começaram a desistir”, relatam os jundiaíses. Entre as dificuldades enfrentadas pelos montanhistas está o frio intenso de -12°C Arquivo pessoal Por ser o mais experiente do grupo, André quase não sentiu os efeitos da altitude. Hikaru, mesmo com perda de apetite em alguns dias, dores de cabeça e enjoos, manteve-se focado no objetivo do cume. Um dia antes de avançar pelo trecho mais técnico de toda a expedição, os outros três alpinistas que pretendiam chegar ao cume já haviam desistido. Isso porque, segundo especialistas, a falta de neve na região este ano criou uma parede vertical de gelo de 90° com 10 metros de comprimento. “Foi um dia muito longo e cansativo, com 10 horas de atividade ininterrupta. André teve que ajudar um casal catalão que estava com problemas na corda do rapel e outra dupla formada por um americano e um irlandês com dificuldades semelhantes. um grupinho”, dizem. A falta de neve criou uma parede de gelo vertical de 90° com 10 metros de comprimento Arquivo pessoal Missão cumprida O dia seguinte foi de descanso e planejamento para o ataque ao cume, quando os dois acordaram às 0h30 e enfrentaram o frio do –12° C fora da tenda para completar a missão. “Colocamos nossa lanterna frontal, colocamos nossa cadeira de escalada, todos os nossos equipamentos, derretemos o gelo para que pudéssemos ter água líquida em nossas garrafas térmicas e rumamos para o desconhecido.” Era um dia nublado com pouca visibilidade, mas sem vento. André e Hikaru subiram 11 horas seguidas, sem parar, chegando ao topo da montanha mais bonita do mundo às 13h. A parte mais difícil foi atravessar uma fenda na geleira na base da montanha. André e Hikaru dormiram em barracas durante a expedição Arquivo pessoal Os dois descansaram no cume por cerca de 40 minutos e, pouco depois, iniciaram a descida do muro de rapel, que durou mais três horas. Por volta das 17h30, quando o sol já se punha, os jundiaenses retornaram à base da serra. No dia seguinte, encerraram a expedição retornando a Huaraz. “Apesar dos quase 30 quilómetros de aproximação desde a aldeia de Cashapampa, do tradicional problema de altitude, do frio intenso e do cansaço, a nossa maior dificuldade foi atravessar o muro vertical de acesso. metros acima do nível do mar, a dificuldade torna-se muito maior.” Após 40 minutos de descanso no cume, os dois iniciaram a descida Arquivo pessoal Da tentativa fracassada dos sete cumes e dos sete vulcões A paixão de André pelo trekking começou em 2001, durante uma tentativa fracassada no Pico dos Marins, montanha icônica da Serra da Mantiqueira. “Um amigo da faculdade me convidou para fazer uma caminhada com trechos de escalada, sem guia, apenas com GPS, novidade na época. Não estávamos preparados, não tínhamos equipamentos adequados e o GPS não funcionou como esperávamos. O resultado foi um acampamento forçado no final da tarde para um local fora do acampamento, perdido, e tivemos que abortar a missão na manhã seguinte”, lembra. Na semana seguinte, obcecado em cumprir a missão de alguns dias atrás, Jundiaí convidou os mesmos amigos para tentarem novamente, mas, como eles recusaram por compromissos pessoais, decidiu ir sozinho. Ainda assim, ele conseguiu chegar ao cume. “A partir daí entrei de cabeça no esporte. Subi as principais montanhas do país e outras do exterior. [sozinho e sem suporte de guias, agências ou porteadores]. Até que, depois de 18 anos de prática, resolvi abandonar a carreira em logística para abrir minha agência de turismo especializada em montanhismo e me tornar guia de montanha”, conta. A decisão de transformar seu hobby em profissão fez com que André precisasse se especializar na área, através de cursos de primeiros socorros em áreas remotas, escalada no gelo na Bolívia, como guia turístico para obter certificação do Ministério do Turismo, e navegação e orientação. Desde então, o montanhista esteve em Elbrus (Rússia), em 2013; no Kilimanjaro (Tanzânia), em 2014; no Aconcágua (Argentina), em Huayna Potosi (Bolívia) e em Damavand (Irã), em 2016; Orizaba, Damavand e Ojos del Salado novamente, em 2022, além das inúmeras montanhas do Brasil e da Patagônia, no Irã, e do Aconcágua, na Argentina “Damavand pela diferença cultural e pelo roteiro escolhido. Atravessei a montanha de norte a sul. Fui o único brasileiro a completar o percurso. O Aconcágua, a montanha mais alta das Américas, em solo alpino, também foi inesquecível. Eu tinha 35 quilos na mochila por adotar essa estratégia totalmente autônoma. Apenas um brasileiro conseguiu o feito: Mozart Catão, de Teresópolis (RJ)”, explica. Como projeto pessoal, a próxima tentativa de Jundiaí, em 2025, será escalar o Artesonraju, montanha de 6.025 metros que, segundo ele, foi inspirada no logotipo da Paramount Pictures “Meu principal objetivo é me tornar o primeiro brasileiro a escalar os sete cumes (Everest, Vinson, Denali, Kilimanjaro, Aconcágua, Elbrus e Pirâmide Carstensz) e os sete vulcões (Damavand). ) sozinho. , Ojos del Salado, Kilimanjaro, Elbrus, Orizaba, Giliwe e Sidley). Já estou na metade do projeto”, finaliza. Projeto ‘Andes 10+’ Hikaru começou a fazer trekking por curiosidade e, assim como André, a primeira montanha que escalou foi o Pico dos Marins. rock com a agência do amigo e desde então não parou mais “No Brasil, já estive no topo das principais montanhas. Alpamayo foi minha primeira viagem e minha primeira experiência em altas montanhas. Antes, meus maiores desafios eram a Travessia Serra Fina e Marins x Itaguaré”, relata. No futuro, Jundiaí pretende continuar escalando as rotas clássicas do Brasil, continuar com o trekking e, o mais rápido possível, colocar algumas montanhas no Top 10 da Cordilheira dos Andes como meta para o próximo ano “Depois do sucesso em Alpamayo, definitivamente Quero voltar a Huaraz e explorar outras montanhas, mas tenho em mente o projeto ‘Andes 10+’. Agora é começar o planejamento financeiro e ir embora”, finaliza. Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista reportagens da TV TEM

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