setembro 4, 2024
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O Judiciário precisa de um Plano Real | Colunas de Marcelo Trindade

O Judiciário precisa de um Plano Real | Colunas de Marcelo Trindade
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A decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que o StarLink responder às multas impostas Xo antigo Twitter, sob o argumento de que o maior acionista de ambos é o mesmo, me pegou lendo “30 anos de verdade”, editado pelo selo História Real, da Intrínseca. E era impossível ler o livro sem pensar nele o tempo todo. decisão ilegal.

Os artigos coletados por Gustavo Franco, Pedro Malan e Edmar Bacha Foram, na sua maior parte, publicados ao longo das três décadas de vida da nossa moeda. Já tinha lido quase todos, mas quando reli revivi cada momento com muito mais intensidade do que naquela época, acredito que pela realidade atual do Brasil.

Quão bom foi o compromisso explícito com uma inflação baixa, uma moeda estável e um excedente nas contas públicas. Na época, isso parecia normal, embora fosse algo sem precedentes. Não compreendi, em 2003, toda a gravidade do alerta de Pedro Malan: “A estabilidade macroeconómica não é algo que um país, um dia, incorpore definitivamente no seu património histórico-cultural, no ADN da sua sociedade, e comece a lidar com outras questões mais interessantes. Deve ser preservado continuamente.”

Talvez parte do meu otimismo na época se devesse ao surpreendente apoio de Lula às fundações do Real, em seu primeiro ano de governo, que o próprio Malan mencionou: “O fato de esse resultado positivo ter sido possível devido aos avanços alcançados pela sociedade brasileira nos últimos anos não diminui de forma alguma os méritos do atual governo.”

Ainda no segundo mandato de Lula, em 2009, Gustavo Franco ainda comemorou que, aos 15 anos, “nossa moeda vai bem” e “que o Real seja percebido, cada vez mais claramente, como uma obra coletiva”. Afinal, acrescentou, “a valorização das coisas públicas – e não há nada mais público do que a moeda – começa com o distanciamento, ou com o sentimento de que não pertencem a ninguém senão ao país”.

Embora tenha vivido os primeiros trinta anos da minha vida sem uma moeda digna desse nome, não me lembro de ter sido movido então, como sou agora, por adversários políticos unidos na protecção da estabilidade da moeda. Foi como se Proust e Casimiro de Abreu se conhecessem durante a leitura e na saudade que isso me deu do que parecia ser o amanhecer de um novo Brasil.

Sempre houve, como nos lembram os textos do livro, fogo amigo dentro do Partido dos Trabalhadores. Mas, retrospectivamente, acredito que mesmo os desvios do rumo certo – e já provados correctos – pareciam, naquela altura, menos prováveis, ou pelo menos incapazes de nos levar a lugares tão inóspitos como aqueles para onde efectivamente nos levaram.

Como a estupidez é teimosa, nos anos seguintes a gestão económica procurou uma nova matriz económica, que acelerasse o crescimento ao abandonar as ferramentas que permitiram tantos avanços. Edmar Bacha alertou, em 2013, que ao brincar “com a inflação, que é tão difícil de conter”, Dilma Rousseff “teria que lidar não só com as novas demandas populares, mas também com a estagflação que ronda a economia do país”.

Pelo menos para mim, lembrar dói mais do que presenciar aquela busca por um metaverso mágico na economia, que custou ao Brasil as duas maiores quedas consecutivas do Produto Interno Bruto (3,55% em 2015 e 3,28% em 2016). E isso sem falar no segundo impeachment presidencial em menos de 25 anos e na polarização política que resultou, em grande parte, da indignação com a fraude eleitoral de Dilma em 2014.

Imbuído de lembranças do desastre que supostas boas intenções causaram na economia brasileira, foi-me impossível não ver a decisão do ministro Alexandre de Moraes como uma espécie de “nova matriz do direito”. Uma decisão não prevista em nenhuma lei brasileira e, pior, violando diversas dessas leis, que o Supremo deveria garantir o cumprimento.

A decisão do Supremo Tribunal Federal é um ato de inconformidade com a realidade, uma reação contra as inevitáveis ​​limitações inerentes ao poder jurisdicional. O problema é que estas limitações – ou seja, o facto de os juízes poderem fazer muito, mas não poderem fazer tudo – são inerentes à própria democracia e, se forem ultrapassadas, colocam-na em risco.

Isto é porque um ato ilegal do mais alto tribunal de um país não produz efeitos apenas no processo em que é realizado, nem prejudica apenas as partes nesse processo. Esqueça que o alvo do petardo do STF não merece a simpatia daqueles que valorizam a democracia e o devido processo legal. Quem pagará a conta do ato da Suprema Corte não é Elon Musk. Como disse Pedro Aleixo em relação aos efeitos do AI-5, o problema são os guardas na esquina.

Explico: em um país que normalmente não respeita mais a limitação de responsabilidade dos sócios, o projeto de lei da decisão do STF vai para todos os empresários do Brasil, principalmente os pequenos, que não têm condições de contratar advogados para explicar ao juiz da matéria. canto que não merecem punição, pois não desrespeitam ordens judiciais como um bilionário americano.

Haverá também uma consequência nos investimentos internacionais. As repercussões da decisão judicial ilegal certamente contribuirão para a reputação de que o Brasil é um país de riscos imprevisíveis. Os danos atingirão a nossa economia, não o bolso de Elon Musk. Os mais pobres, que precisam de emprego e renda, serão os que pagarão a conta do roubo judicial.

Gustavo Franco escreveu, em 1997, que o sucesso do Real se deveu a “três anos de coisas simples”, “em cuja base está a sabedoria das donas de casa muito mais do que qualquer ideologia sobre os destinos do planeta. Coisas que já deveríamos ter descoberto há muito tempo e cuja teimosia em ignorar produziu enormes custos sociais.”

Há diversas propostas equivocadas de reforma do Supremo Tribunal Federal e do Judiciário em tramitação no Congresso Nacional. Mas a verdade é que só precisamos de três anos de coisas simples, que qualquer advogado sabe, para restaurar a credibilidade do Judiciário: juízes que não investigam e julgam ao mesmo tempo; respeito pelos poderes constitucionais e limitação da responsabilidade dos sócios; e tantas outras pequenas coisas que, se ignoradas em conjunto, colocam em risco a estabilidade democrática.

Marcelo Trindade — Foto: Arte em foto Divulgação

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