O contexto da economia global, de transição para uma economia de baixo carbono e de corrida tecnológica marcada por tensões geopolíticas, poderá abrir oportunidades para a indústria nacional. Para aproveitar essas oportunidades, as reformas econômicas, o aumento do financiamento e as políticas específicas devem trabalhar juntas para aumentar a produtividade e, portanto, a competitividade internacional das indústrias sediadas no Brasil.
A avaliação é de representantes do governo, da academia e do empresariado que participaram no dia 21 do debate sobre política industrial promovido pelo projeto G20 no Brasil, que reúne “O Globo”, Valor e a rádio CBN cobrindo a presidência temporária do Brasil no grupo dos países mais ricos do mundo. O Nova Indústria Brasil (NIB), lançado em janeiro, inclui um pacote de R$ 342 bilhões, chamado Plano Mais Produção, mas grande parte dos recursos já estava nos orçamentos e projeções de bancos como o BNDES.
Para Rafael Lucchesi, diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor superintendente do Sesi, a indústria nacional pode estar enfrentando um ponto de inflexão. Ele vê “três oportunidades claras”: a revolução tecnológica, com a internet das coisas e a inteligência artificial (IA); a transição para uma economia de baixo carbono e as tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China, que abrem oportunidades para países que têm boas relações diplomáticas tanto com o Ocidente como com a Ásia.
É o caso do Brasil, destacou, lembrando também que o país tem uma matriz elétrica renovável e pode aproveitar a transição para uma economia de baixo carbono. “O Brasil pode se posicionar como uma Arábia Saudita para a economia verde”, afirmou o diretor da CNI, que participou do primeiro painel do evento. “A política industrial brasileira, seu financiamento e seu impacto na vida das pessoas”.
Na mesma mesa, o diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Gordon, defendeu a política industrial lançada pelo governo Lula e criticou governos anteriores, que, segundo ele, negligenciaram essa parte da política econômica. “O mundo fez, está fazendo e continuará a fazer políticas industriais e de inovação. Precisamos superar a demonização da política industrial, compreender a sua importância”, afirmou.
Perpétua Almeida, diretora de economia sustentável e questões de defesa da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que implementa ações de política industrial governamental, lembrou que as grandes potências mundiais estão investindo trilhões em sua indústria. “Para financiar esta indústria é preciso olhar para os gargalos que ela enfrenta hoje: a transição verde, que é o compromisso que o Brasil e todos os países do mundo assumiram com o planeta; a guerra tecnológica entre as potências; a resiliência das cadeias de abastecimento, algo a ser financiado para que não vivamos momentos como a pandemia; e uma força de trabalho capaz de servir esta nova indústria”, disse ela.
Lucchesi disse que o NIB precisava ter ainda mais recursos para financiamento, lembrando que o Plano Safra, que prevê crédito subsidiado para a agricultura, recebeu R$ 400 bilhões apenas para a safra 2024-2025. Gordon, por sua vez, considerou que a nova política está no início e há restrições fiscais.
“As iniciativas de hoje são o início de um processo. O Plano Safra também não começou com R$ 400 bilhões por ano”, afirmou o diretor do BNDES. “O Plano Mais Produção começa com uma vantagem, em relação ao Safra, porque não é só crédito. Há crédito, mas há recursos perdidos.”
Naercio Menezes Filho, professor do Insper, fez alguns alertas. Para ele, as políticas industriais não podem focar apenas na proteção comercial em relação às importações e no incentivo ao conteúdo local. Criticou o facto de, nas orientações anunciadas com o NIB, existirem alguns objectivos “irrealistas” e falta de mecanismos de avaliação. ‘Prefiro favorecer reduções tarifárias, proteção, principalmente de insumos. Por que? Porque grande parte dos avanços tecnológicos acontece quando as empresas estão inseridas em cadeias globais de valor e conseguem importar insumos baratos que trazem novas tecnologias”, disse.
Entre os erros do passado, o professor citou a Lei de Informática, que buscou incentivar a produção local de computadores na década de 1980. Para ele, a questão não é ter ou não uma política industrial. “O segredo é escolher como você vai implementar essa política industrial, quais setores você vai privilegiar, como você vai resolver os problemas e gargalos que existem. Não é apenas um tipo de política industrial e, sobretudo, não é mais a política industrial que ficou para trás, de substituição de importações. Temos que ter incentivos às exportações e metas claras que devem ser exigidas às empresas que recebem apoio”, afirmou.
Os investimentos na educação também foram um dos gargalos destacados pelos participantes no desenvolvimento do setor. Menezes Filho analisou que os investimentos em políticas educacionais são uma das ferramentas mais importantes para promover a competitividade do setor.
“Não podemos chegar a um país diferente se não tivermos uma população com conhecimentos mínimos de matemática, ciências e leitura. Isso é fundamental em todos os aspectos e é particularmente importante nesta nova fase das novas tecnologias, a inteligência artificial”, afirmou o professor do Insper.
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