Uma multidão compareceu à sede do Nacional para o velório do jogador, falecido aos 27 anos. Nos jogos no Parque Central, é comum ver uma bandeira levantada pelos torcedores do Nacional. Ela diz: “Por la sangre de Abdon”. Pode passar despercebido aos olhos menos atentos, mas refere-se ao homem e ao acontecimento (hoje indissociáveis) que simbolizam o mito fundador da paixão dos tricolores uruguaios. Nesta semana, o eterno capitão Abdon Porte conheceu, dentro e fora de campo, Juan Izquierdo. O que aconteceu em 1918 carrega um romantismo do tipo que só estudamos nas aulas de Literatura: já uma referência histórica para o Nacional, o meio-campista (porque os meio-campistas são todos uruguaios) Abdon Porte percebeu que suas pernas estavam enfraquecendo e, portanto, você provavelmente iria ser removido da equipe do seu ente querido. A saída que encontrou, talvez rapidamente avaliada no bonde do centro de Montevidéu, foi obra de um Lord Byron do Rio da Prata, um Álvares de Azevedo de La Blanqueada, um Rimbaud de Rivera: foi até o meio do campo do Parque Central e deu um tiro no peito. Este acontecimento trágico e emblemático faz parte da forma como os torcedores do Nacional veem sua relação com o clube: se alguém tomou uma atitude tão extrema, precisamos amar esta camisa como se não houvesse amanhã. Abdon Porte tornou-se lenda, símbolo e bandeira. A constituição do mito, muito próxima da ficção, desconsidera quaisquer outras circunstâncias pessoais e não deixa espaço para problematizar a perigosa mensagem que Abdon Porte perpetuou. Existem outras maneiras de expressar amor, por mais extremo que seja. Juan Izquierdo também entrou em campo com a camisa do Nacional e entra para o panteão de heróis tricolores que faleceram cedo demais, mas se distanciaram de Abdon Porte em sua essência: jovem, no auge da carreira, pai de dois bebês e colega amado por todos, o companheiro na mão e o sorriso no rosto, tudo em Juan Izquierdo remetia a uma intensa predisposição para a vida. Izquierdo não cabia nas roupas do mártir; todo o futuro pertencia a ele. E é isso que torna tudo mais doloroso e difícil de assimilar. Existem outras formas de compartilhar o amor, e todas convergiram para Juan Izquierdo e sua família – desde o mais simples lamento individual até manifestações institucionais. No velório do atleta, uma multidão compareceu à sede do Nacional, incluindo torcedores do rival Peñarol. “As cores nos dividem e a mesma paixão nos une”, como disse um torcedor aurinegro. Ontem, no Morumbi, em meio a toda a agitação, a fumaça azul se juntou ao branco e ao vermelho, combinando as cores do Nacional e do São Paulo. No meio de tanta desolação, há uma mensagem que deve permanecer. A mesma paixão nos une. A mesma tristeza nos transforma em um só. Rodapé blog Meia Incarnada Douglas Ceconello Arte
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