Cortes na geração de energia renovável no Brasil resultaram em perdas próximas a R$ 1 bilhão, segundo levantamento feito por associações do setor. Somente no setor energia solarempresas acumulam perdas de R$ 237 milhõesenquanto estiver em energia eólica perdas excedem R$ 700 milhões.
Você cortes de geração devido à falta de demandatambém conhecidas pelo termo inglês “curtailment”, no jargão do setor, são decididas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Como as usinas não têm controle sobre essa decisão, elas defendem na Justiça que sejam indenizadas por meio do Encargo de Serviço do Sistema (ESS), que seria repassado aos consumidores na conta de luz.
Durante a Intersolar South America, em São Paulo, o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, disse que os cortes se devem principalmente à falta de capacidade de escoamento de energia para os centros consumidores. Segundo Sauaia, desde o apagão de 15 de agosto de 2023, o ONS adotou uma postura que classifica como “excessivamente conservadora”.
“As duas fontes [eólica e solar] estão sendo impactados negativamente por esses cortes e pela falta de remuneração, legalmente prevista para os empresários”, afirmou. “Este acontecimento incontrolável é uma escolha do ONS (…) que tem levado a um volume de cortes por parte dos empresários de 20% a 70% no mês em que prevêem a sua energia a ser gerada”, acrescenta.
Segundo ele, os dados foram mapeados pela consultoria Volt Robotics com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Por outro lado, o ONS afirmou que não pode aumentar a geração de energia sem a correspondente demanda. Com a expansão do parque gerador focado principalmente em fontes renováveis, como eólica e solar, essas restrições afetam usinas que não possuem mais capacidade de armazenamento, diferentemente das hidrelétricas.
“A solução encontrada pela Agência Nacional de Energia Elétrica é uma solução inadequada porque foi restritiva com os empresários autorizando o reembolso financeiro apenas por alguns tipos de motivos muito específicos alegados pelo ONS quando faz o corte”, diz Sauaia.
A Absolar e a Abeeólica, associação que representa as empresas de energia eólica, recorreram à Justiça solicitando uma análise urgente do assunto. As entidades também avaliam outros caminhos possíveis, via Ministério de Minas e Energia (MME) para que a secretaria reveja alguns procedimentos, além de tentar sensibilizar outras esferas de poder, como o Congresso Nacional.
O temor de alguns especialistas é que essa conta seja paga pelos consumidores, já que pelas regras o ESS é pago por todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN), com exceção dos autoprodutores de energia, e é contabilizado mensalmente. . pela CCEE.
A Absolar argumenta que se todos os gargalos de transmissão (Constrained-off, no jargão do setor) fossem compensados como ESS em 2023, a cobrança valeria R$ 0,31/MWh, representando um impacto médio na tarifa dos consumidores residenciais de 0,04%.
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