agosto 27, 2024
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Fumaça e fogo em números: gráficos e mapas mostram tamanho da crise ambiental no país

Fumaça e fogo em números: gráficos e mapas mostram tamanho da crise ambiental no país
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O g1 coletou dados e ouviu especialistas para explicar o contexto de cada episódio de incêndio em diferentes regiões do Brasil. Incêndios próximos à Rodovia dos Bandeirantes, na região de Campinas, neste sábado (24), no estado de São Paulo. VINCENT BOSSON/FOTOARENA Em uma sequência com oito gráficos e mapas, o g1 mostra abaixo um retrato do atual momento das queimadas no Brasil. As linhas ou cores das ilustrações mostram a gravidade dos incêndios no país, que estão sendo investigados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama) e pela Polícia Federal. Na maioria dos casos, a fumaça que cobriu as cidades vem de incêndios em locais próximos. Há dias, uma corrente de ventos também transporta fuligem de incêndios florestais que acontecem em regiões mais distantes, como a Amazônia e o Pantanal. O clima seco também dificultou a dissipação da fumaça e aumentou o risco de incêndios em diversas regiões do país. Somando tudo isso, temos: focos de incêndio inéditos em São Paulo para o mês de agosto; a maior taxa em 13 anos para o mesmo mês em Minas Gerais; aumento de 260% em relação ao ano passado para agosto em Mato Grosso; aumento de 3.316% para todo o Pantanal no mesmo período; mais da metade de todos os surtos do ano na Amazônia em agosto; e o dobro para o Cerrado no mesmo mês em relação a 2023. “A situação é grave, intensa e, infelizmente, generalizada. Já havíamos alertado sobre o elevado número de surtos na Amazônia e no Pantanal. batendo recordes de queimadas na Amazônia O Pantanal também teve um ano intenso e agora o fogo está se espalhando para outras regiões”, alerta Mariana Napolitano, Diretora de Estratégia do WWF-Brasil. Abaixo, além de mostrar os gráficos e mapas, o g1 consultou especialistas e utilizou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para explicar o contexto de cada episódio de incêndio em diferentes regiões do Brasil e discutir as perspectivas, que são preocupantes. 1) Taxa inédita em São Paulo No estado de São Paulo, o número de focos de incêndio registrados em agosto de 2024 já é o maior desde o início da série histórica do Inpe, em 1998. Em agosto deste ano, que ainda não atingiu o último , 3.483 surtos já foram registrados pelo satélite de referência do instituto. O resultado de tantos incêndios ficou evidente nas primeiras horas da manhã do último fim de semana, quando cidades inteiras ficaram cobertas por uma espessa nuvem de fumaça. Em Itirapina, no Centro-Leste do estado, mais de dois mil hectares foram devastados pelas chamas. Em São Carlos, também na mesma região, cerca de 800 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, enquanto 700 alunos foram retirados das escolas. Em Araraquara, um incêndio matou dez animais em uma fazenda de suínos e as lavouras foram totalmente destruídas em Dourado. A intensidade e frequência dos incêndios, sem precedentes na região, também levaram 48 cidades a declarar estado de alerta máximo. “O que está acontecendo em São Paulo é impressionante. Os períodos de seca são mais severos devido às mudanças climáticas, que intensificam as queimadas, mas esse elevado número de queimadas sugere a possibilidade de uma ação criminosa coordenada, embora isso ainda precise ser confirmado”, explica Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e coordenadora de políticas públicas do o Observatório do Clima. “O Ibama e a Polícia Federal estão investigando e possuem tecnologia para identificar a origem e a época dos incêndios. Havendo responsabilidade criminal, os responsáveis ​​podem ser identificados e punidos”, acrescenta. 2) Maior taxa em 13 anos Minas Gerais Em Minas, a situação também é crítica. Do início do mês até o último domingo (25), foram registrados 2.136 incêndios no estado. Esse número representa um aumento de 107% em relação a todo o mês de agosto do ano passado, quando ocorreram 1.029 incêndios em vegetação. Além disso, segundo a série histórica do Inpe, agosto de 2024 já atingiu o maior índice de queimadas dos últimos 13 anos, atrás apenas dos 2.445 focos de incêndio registrados em cidades mineiras em 2011. No sábado (24), o Sul de Minas registrou 68 incêndios em 27 cidades, segundo o Inpe. Os incêndios mobilizaram Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e voluntários em diversas localidades. Em Extrema, cidade na divisa com São Paulo, um incêndio na Serra do Lopo demorou dois dias para ser controlado. Em São Pedro da União, arderam dois hectares de vegetação e, em São Lourenço, o incêndio destruiu uma casa. Devido aos incêndios no estado, também no sábado, moradores de Belo Horizonte se depararam com um céu totalmente nublado. 3) Aumento de 260% em Mato Grosso Em Mato Grosso, agosto de 2024 já está perto de superar o ritmo de 2020, quando 10.430 focos foram contabilizados pelo Inpe. Até o último domingo (25), o estado já registrava 10.424 surtos. O número também representa um aumento de 296% em relação ao mesmo período do ano passado. Dados do Inpe mostram ainda que Mato Grosso continua sendo o estado com maior número de focos de calor no país desde o início de 2024. Os focos de calor registrados no estado representam 20,72% de todos os registrados no país até o momento. De janeiro a domingo, ocorreram 20,7 mil focos de incêndio, um aumento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ocorreram 9,8 mil incêndios. 4) Pantanal em chamas No Pantanal, uma das maiores áreas úmidas contínuas do planeta, que enfrentou uma devastadora temporada de incêndios entre 2019 e 2021, só nos primeiros seis dias de agosto foram registrados 1.899 focos de calor, superando o histórico mensal média de 1.478 focos (1998-2023). Comparando todo o mês de agosto do ano passado com os 25 dias de agosto de 2024, há um aumento de 3.316% nos focos de calor no Pantanal: de 110 focos de calor em 2023 para 3.758 até agora em agosto de 2024. De janeiro a domingo, foram Foram 8,5 mil focos de incêndio em todo o bioma, um aumento de 2.094% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ocorreram 388 focos de incêndio. 5) Amazônia em alerta A temporada de queimadas geralmente ocorre na Amazônia entre junho e outubro, mas agricultores, garimpeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la durante todo o ano. Segundo o Inpe, o bioma registrou 50 mil focos de incêndio desde janeiro até agora. O número representa um aumento de 77% quando comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 28 mil surtos pelo instituto. Toda aquela fumaça que cobre a floresta está viajando milhares de quilômetros. Esse volume se soma ao que vem do Pantanal, de Rondônia com o incêndio no Parque Guajará-Mirim há um mês, e da Bolívia, formando uma densa camada cinza na atmosfera que é arrastada para o resto do mapa formando uma “fumaça”. corredor”. E só em agosto de 2024 (gráfico acima), que ainda não acabou, o bioma registrou mais da metade de todos os surtos do ano: 25.193. Comparando com a taxa de todo o mês do ano passado (17.373), o número também representa um aumento de 45%. Esses elevados números de incêndios são resultado da seca extrema que o Brasil enfrenta este ano. O ano passado já foi atípico devido à seca causada pelo El Niño e pelas mudanças climáticas. Os rios da Amazônia e do Pantanal não transbordaram suficientemente durante a estação chuvosa, criando um déficit hídrico significativo no início da seca. Com altas temperaturas, baixa umidade do ar e uso de queimadas e incêndios criminosos, os focos perdem o controle e atingem grandes proporções. 6) Cerrado com o dobro de focos Segundo dados do Inpe, foram registrados 13.865 focos no Cerrado de 1º de agosto até o último domingo. A taxa representa mais que o dobro do número de surtos quando comparado a todo o mês de agosto de 2023, quando foram registrados 6.850 surtos. O bioma também registra altos índices de desmatamento desde o ano passado, e desde o início do ano registrou 34.557 focos no total, uma diferença de 48% quando comparado ao mesmo período de 2023 (de 1º de janeiro a 25 de agosto). 7) Distrito Federal No DF, a comparação dos surtos ativos detectados pelo satélite de referência do Inpe em agosto de 2024 (até o dia 25) mostra que a taxa está perto de superar o número do mês de 2022. O valor atual ainda é bem inferior ao outros anos que tiveram taxas mais elevadas, como 2010, por exemplo, que registrou 181 surtos. Mesmo assim, a fumaça continua a cobrir o céu no DF nesta semana. Na última segunda-feira, Brasília amanheceu coberta de fumaça pelo segundo dia consecutivo. 8) Goiás Em Goiás a situação é um pouco diferente. Com 974 surtos, agosto de 2024 (até dia 25) já está perto de igualar a taxa de 2022 por um foco de diferença. Porém, assim como o DF, no ano passado o estado registrou queda nos surtos ativos (488) no mesmo mês. 9) Pior seca em 44 anos Mais da metade do país enfrenta a pior seca em 44 anos Art/g1 Segundo pesquisa exclusiva do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) realizada a pedido do g1, mais da metade dos estados do país também enfrentam o pior período de seca em 44 anos. Das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior seca já vista no período de maio a agosto, desde a década de 1980. A lista inclui: Amazonas Acre Rondônia Mato Grosso Pará Mato Grosso do Sul Goiás Minas Gerais São Paulo Paraná Rio de Janeiro Espírito Santo Bahia Piauí Maranhão Tocantins 10) Mudanças nos padrões de chuva A maior parte do Brasil teve chuvas abaixo da média. Art g1 Ana Paula Cunha, especialista em monitoramento de secas do Cemaden, explica que esta é a primeira vez em anos de monitoramento que uma seca tão longa é observada no país. E vem se estendendo desde o El Niño. Acabou trazendo a seca para o Norte e mudou o padrão de chuvas em todo o país. Com isso, o período de estiagem foi antecipado para 2023 e, como as chuvas daquele ano ficaram abaixo da média, houve uma estiagem extensa, que hoje se tornou ainda mais forte. Com o fim do El Niño, a situação não mudou porque o Atlântico Tropical Norte está muito quente. Isto altera o desempenho das zonas de convergência, que podem trazer chuvas para o Norte, agravando a seca. “Essa combinação de fatores, com o El Niño mais intenso, os oceanos mais quentes, vemos a seca se expandindo por todo o país. Em anos de monitoramento de secas, nunca vi isso acontecer de forma tão severa, com tantos pontos de seca excepcional e por tanto tempo”, diz Cunha. Dados: Hoje, mais de 3.800 cidades possuem alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice de seca é calculado com base no índice pluviométrico, variando conforme a proximidade ou distância da média e do período. Para se ter uma ideia, o número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto e, segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e até o final do mês o cenário pode piorar. “Quanto mais durar a seca, mais difícil será a recuperação. São necessárias chuvas bem acima da média para reverter o cenário. Já temos uma ideia de como será o período chuvoso e a previsão é que não seja suficiente para a recuperação do país”, acrescenta o especialista.

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