Para os activistas, a caça com as tecnologias actuais e as mortes desenfreadas poderiam tornar a data num “puro massacre”, o que poderia ameaçar a sobrevivência de toda a espécie escandinava. Ontem à tarde, 152 ursos pardos foram mortos por caçadores licenciados pelo governo sueco, no segundo dia da caça anual ao urso no país, de acordo com a Agência Sueca de Proteção Ambiental. Faltam ainda 334 animais para completar o abate de 20% da espécie, estipulado no início da data. Mas o evento anual tem gerado polêmica entre ativistas que consideram desnecessário um número tão grande de abates da espécie. Da música de Beyoncé ao discurso de Barack Obama: Veja os principais pontos da convenção democrata que oficializou Kamala Harris na disputa pela presidência dos EUA Vivo, morto: Pai é preso por fraude mortal para evitar pagar mais de 606 mil em pensão alimentícia O governo A Suécia emitiu 486 licenças para matar ursos na caça deste ano, mas ainda não chegou perto do número recorde de 722 animais mortos no ano passado. Além do elevado número de licenças, a Suécia flexibilizou os seus regulamentos de caça para permitir a utilização de iscos, câmaras e cães para matar ursos – práticas que antes eram ilegais. Segundo o presidente da Associação Sueca de Carnívoros, Magnus Orrebrant, a facilidade de caçar um animal com os equipamentos tecnológicos que temos hoje prejudica a ideia de garantir a segurança das pessoas. — Os métodos modernos de caça tornam extremamente fácil matar um urso – você pode compará-lo ao puro abate — disse o presidente do grupo de defesa da vida selvagem ao The Guardian. Antecipando possíveis manifestantes anti-caça, a polícia local acompanhou os caçadores pela primeira vez. IA para animais: Veterinários usam inteligência artificial para cuidar de animais de estimação na Coreia do Sul As autoridades têm patrulhado as florestas a pé e com drones para garantir o “progresso pacífico dos caçadores” em meio a preocupações de que o aumento das licenças possa desencadear protestos. — Consideramos necessário garantir que não haja interferência no trabalho dos caçadores durante a caça ao urso deste ano — disse Joacim Lundqvist, policial e coordenador da vida selvagem para o norte da Suécia. E continuou: — Isto porque houve um aumento de manifestantes nas caçadas ao lince e ao lobo que ocorreram no início deste ano. Nos últimos dois anos, a Suécia matou centenas de lobos, linces e ursos. Em 2023, o país realizou a maior caça ao lobo dos tempos modernos, com o objetivo de abater 75 animais de uma população ameaçada de extinção, com apenas 460 lobos. Cultura versus ecologia Os ursos estiveram perto da extinção na Suécia há 100 anos, mas começaram a crescer novamente e atingiram um pico de 3.300 em 2008. Nos anos seguintes, os abates reduziram o número de ursos em 40%, para cerca de 2.400. Se continuarem a um ritmo semelhante, o abate do próximo ano trará números próximos do mínimo de 1.400 ursos considerado necessário para manter uma população viável pelo governo sueco. Para os ecologistas existe a preocupação de que se a caça continuar a este nível, poderá ter repercussões em toda a região. No início deste mês, grupos ambientalistas noruegueses apelaram às autoridades suecas em algumas regiões fronteiriças para recusarem licenças aos caçadores para matarem os ursos, argumentando que ameaçavam a população de ursos pardos em ambos os países. O recurso foi negado. Para o chefe da Organização Norueguesa de Conservação da Natureza, Truls Gulowsen, esta redução é bastante dramática para a sobrevivência da população de ursos pardos escandinavos. O cientista-chefe do Scandinavian Bear Project, Jonas Kindberg, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, calcula que o número correto de abates para manter a população estável é de cerca de 250 por ano. Os ursos pardos são uma espécie protegida na Europa, e os conservacionistas argumentam que elevadas quotas de caça poderiam violar a directiva de habitats da União Europeia (UE), que proíbe “a caça ou morte deliberada de espécies estritamente protegidas”. De acordo com as regras da UE, esta proibição só pode ser levantada como “último recurso” para proteger a segurança pública, as culturas ou a flora e a fauna naturais. Magnus Rydholm, diretor de comunicações da Associação Sueca de Caça e Gestão da Vida Selvagem, afirma que estes animais não causam problemas aos humanos, a menos que sejam provocados. Mas sublinha que o património cinegético ainda é importante no país.
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