A arma foi apreendida quando a polícia atendeu a ocorrência da menina atacada na praia pelo pit bull de Luciano Batista, em São Vicente (SP). A criança precisou passar por um procedimento cirúrgico na época. Família de criança agredida por cachorro contesta versão apresentada por deputado Reprodução O ex-deputado estadual Luciano Batista foi condenado a 2 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por porte ilegal de arma e lesão corporal culposa [sem intenção de ferir] em regime inicial semiaberto [quando o preso dorme na cadeia e pode sair para trabalhar]. Em 2020, o político passeava armado com seu pit bull quando o cachorro atacou uma menina de 5 anos na orla da praia de São Vicente (SP). Ainda há um apelo. Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Em nota, Batista informou ao g1 que discorda da decisão do juiz de primeira instância e recorrerá ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). “Quero destacar também a questão da presunção de inocência, que é uma decisão primeira e da qual ainda cabe recurso nos tribunais superiores” (leia a posição completa abaixo). O caso aconteceu no dia 27 de junho de 2020, na orla da praia de Itararé, em São Vicente. Após ser mordida na cabeça pelo cachorro do ex-deputado, a menina foi levada ao Hospital Municipal, o antigo ‘Crei’, onde recebeu os primeiros atendimentos médicos. A Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência e também informou ter apreendido uma arma de fogo em poder de Batista. Em consulta ao Sistema Nacional de Armas (Sinarm), a polícia identificou que a pistola estava desatualizada desde 2011. Na época, a advogada Natália Bezan Xavier Lopes, que representa a família, explicou que a menina sofreu ferimentos graves no rosto. e de volta. mão esquerda, além de ter a cabeça despedaçada pelo cachorro. A criança foi operada com sucesso e recebeu alta posteriormente. A condenação g1 obteve acesso à sentença de 18 de agosto de 2024. O juiz de São Vicente, Alexandre Torres de Aguiar, afirmou não ter dúvidas sobre a negligência do réu, a quem coube adotar os cuidados necessários no manejo do animal de grande porte , raça pit bull, em local de acesso público. “É evidente, portanto, que as lesões corporais gravíssimas sofridas pela vítima resultaram do desrespeito do arguido pelo seu dever de diligência, pois é certo que, ao não tomar as precauções necessárias, deu origem a um resultado que, embora indesejável, era previsível e poderia ser evitado”, disse Aguiar. Para o juiz, foram comprovadas a materialidade e a autoria do crime. “Assim que for demonstrada a culpa na forma e modalidade descritas na denúncia, a condenação do réu é a medida necessária. Da mesma forma, também foi demonstrado o crime de porte ilegal de arma de fogo.” O juiz determinou que as penas fossem somadas e cumpridas, inicialmente, em regime semiaberto. Assim, o ex-deputado foi condenado a 2 anos de prisão e pagou multa de 10 dias, ou seja, R$ 470,66 por porte ilegal de arma de fogo. Além disso, ele deverá cumprir pena de 2 anos e 20 dias de prisão pela lesão corporal negligente [quando não há a intenção de ferir]. Ao g1, a advogada Natália Bezan Xavier Lopes, que representa a família, disse que a sentença [condenação] do arguido enquadra-se na prática legislativa e que, além de as penas terem carácter reparativo, são também pedagógicas. “Porque pretendem incentivar as pessoas a terem cuidado ao conduzir animais de grande porte para que isso não aconteça com outras crianças”, disse Natália. Sobre a vítima mordida pelo animal, o advogado da família disse que ela ainda recebe apoio psicológico devido ao trauma, e que passou por aproximadamente três cirurgias reconstrutivas após o ocorrido. Segundo o advogado, a vítima, que sofre bullying na escola por causa da cicatriz evidente no rosto – que foi causada pela situação, ainda está em observação e tratamento dermatológico para avaliar a necessidade de nova cirurgia. O que diz o ex-deputado? Em nota, Batista afirmou que durante o processo ficou claro que não havia arma no local dos fatos. “Tudo foi comprovado pela mãe da criança, por todas as testemunhas de acusação e defesa e pelos policiais militares.” Segundo ele, a arma em questão estava sem munição e foi apreendida no prédio onde morava o pai do ex-deputado. “O acidente aconteceu no 1.º semestre de 2020, há 4 anos, e faltando pouco mais de um mês para as eleições, foi tomada uma decisão da qual, repito, discordo plenamente e irei recorrer.” Denúncia do MP Após o caso, o Ministério Público apresentou denúncia em julho de 2021, que foi acatada pelo Tribunal. Segundo o documento, a investigação policial mostrou que Batista passeava com seu cachorro apenas na coleira, sem coleira ou focinheira, itens exigidos para cães pitbull, conforme Decreto Estadual nº 48.533. A investigação aponta ainda que o ex-deputado conduzia o cachorro em via pública, onde havia concentração de pessoas, com apenas uma mão, enquanto segurava o celular com a outra, quando a vítima, de 5 anos, perguntou se o cachorro era bom. . Segundo o documento, a criança foi avisada pela mãe para se afastar e, ao subir na bicicleta para obedecer às instruções, foi atacada pelo cachorro e mordida no rosto. Na época, a defesa negou que o cachorro do ex-deputado estivesse sem cabide. O que diz a Lei? A Polícia Militar compareceu ao local para atender ao ocorrido Reprodução O Decreto Estadual nº 48.533 determina que cães de grande porte de raças como Pit Bull, Mastim Napolitano e Rottweiller, entre outras, devem ser conduzidos em vias públicas com guia curta, focinheira e carrasco . As medidas visam evitar a fuga dos animais. Além da multa e da aplicação de processos administrativos estaduais, o proprietário flagrado conduzindo animais de forma irregular também poderá ser multado e deverá ser levado à delegacia para registro da infração, registrada como falta de cautela na guarda ou condução de animais. Repercussão Em 2021, a família da vítima disse ao g1 que a criança apresentava extensos danos estéticos na região facial e foi submetida a uma primeira cirurgia plástica reconstrutiva, com o objetivo de retirar a cicatriz hipertrófica que permaneceu em decorrência da agressão. A menina ainda passaria por outras cirurgias. Além disso, familiares afirmam que ela continua sendo acompanhada por cirurgião plástico, psicológico e dermatológico. “Luciano não prestou nenhum atendimento, nunca ligou ou entrou em contato conosco. O único contato que houve foi através do advogado dele com o meu advogado, alguns dias depois, e pronto”, disse um dos responsáveis pelas crianças, que preferiu não se identificar. A defesa de Luciano fez um vídeo explicando o incidente nas redes sociais Reprodução Em nota enviada ao g1 em 2021, os advogados Sergio Henrique Cotrim e Mariele Fernandez, que representam Luciano, disseram que “o infeliz acontecimento, apesar de muito triste, não implica necessariamente responsabilidade criminal”. Os advogados ressaltam que o recebimento da denúncia pelo juiz não significa que o ex-deputado cometeu crime, nem que será condenado. “Este é apenas o começo do processo criminal, no qual nosso cliente terá o Será apresentada a oportunidade de comprovar que os fatos não ocorreram nos exatos termos da denúncia que levou à sua absolvição”, afirmou a defesa. Em relação ao ataque do pitbull à criança, a defesa afirma que o cliente tomou todos os cuidados. ao conduzir o cachorro e que isso é comprovado pelas imagens do elevador do condomínio onde mora “O cachorro conduzido usava coleira, corrente de estrangulamento e guia curta, exatamente de acordo com a Lei Estadual nº 11.531/2003,. regulamentado pelo Decreto nº 48.533/2004, que estabelece regras de segurança para a posse e condução responsável de cães.” Advogados afirmam que afirmação da defesa é comprovada com imagens do elevador do condomínio onde Batista mora Divulgação Segundo os advogados, o ex-deputado não transitava por um parque destinado a crianças na companhia de um cachorro, no momento do acidente . Ele estava no canteiro de obras da pista de skate, que ainda está em construção na orla da praia de São Vicente. “Esclarecemos que Luciano sempre buscou um acordo com as vítimas e tentou prestar assistência à criança, sendo que um de seus advogados chegou a se reunir com os advogados dos demandantes logo após o acidente. A partir de agora lamentamos tudo o que aconteceu em nome do Luciano, que sofre muito e lamenta o acidente.” VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos
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