O Brasil sofre com o tempo seco e outras consequências dos incêndios que assolam o país há semanas. O Pantanal, por exemplo, tem registros de queimadas desde o início de agosto, há mais de um mês.
O Cerrado, a Amazônia, regiões do interior de São Paulo e do sul do país têm milhares de focos de incêndio. Até esta quinta-feira (12), mais de 5,3 mil focos de incêndio estavam ativos no Brasil, o que representa 76% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, tornando a qualidade do ar insalubre em todo o país. . Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Esta semana, durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, João Ribeiro Capobianco, reconheceu que as atuais estratégias do governo federal para combater os incêndios na Amazônia têm se mostrado insuficientes.
A partir do depoimento, André Lima, secretário de Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, detalha as novas medidas da secretaria em entrevista a Tatiana Vasconcellos, no Estúdio CBN.
“A mudança de estratégia é, além de aumentar a fiscalização, colocar mais gente no terreno para identificar os focos originais (…) e tentar pegar o fogo. Porque o problema é que o fogo pode ser identificado onde começou (…), mas é muito difícil pegar alguém em flagrante e, aí, não tem como punir”, explica.
Desmatamento zero até 2030
Apesar das queimadas, Lima destaca que recentemente foi possível retomar a tendência de redução do desmatamento. A meta do governo federal é chegar a zero até 2030. Porém, o secretário ressalta que há retrocessos que podem dificultar o alcance dessa meta.
“Vimos o desmatamento aumentar em 60% no final de 2022. Considerando 2023 e seis meses de 2024, invertemos essa curva, reduzindo o desmatamento em 60% (…). Temos uma meta de desmatamento zero até 2030 (…), mas temos três grandes riscos: um é um novo governo que pode estar desalinhado com esta estratégia; segundo, o Congresso Nacional aprova leis que anistiam e aumentam a possibilidade de desmatamento legal”, afirma.
Destaca ainda os incêndios em curso em diversas regiões do país como um grande desafio para atingir o objectivo:
«O terceiro risco é aquele que já vivemos este ano, que são os incêndios. Não adianta reduzir o desmatamento em 60%, 70%, 80%, mas a floresta que ainda está de pé, que não é mais derrubada, será queimada, inclusive em reação às ações de controle. Ou seja, deste ano para o próximo teremos de alterar radicalmente toda a estratégia de fiscalização e controlo. A estratégia desenhada para reduzir o desmatamento está funcionando, mas não funciona na questão das queimadas”, destaca.
Ouça a entrevista completa:
*Estagiária sob supervisão de Bianca Vendramini
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