setembro 13, 2024
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65% das mulheres já sofreram violência em deslocamentos por Fortaleza; veja pesquisa

65% das mulheres já sofreram violência em deslocamentos por Fortaleza; veja pesquisa
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As situações vão desde olhares insistentes, cantos até casos de estupro. A pesquisa foi realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, e entrevistou 350 mulheres. Em Fortaleza, 73% das mulheres disseram ter muito medo de serem estupradas, número superior à média nacional de 66%. Natinho Rodrigues/SVM Pesquisa mostra que 65% das mulheres de Fortaleza já sofreram violência nos deslocamentos pela cidade. A pesquisa, realizada pelos Institutos Patrícia Galvão, Locomotiva e com apoio da Uber, entrevistou 350 mulheres residentes na capital cearense. As situações relatadas são: 31% receberam olhares insistentes, cantos 35% sofreram agressão/roubo/sequestro 19% sofreram assédio/assédio sexual 14% sofreram preconceito ou discriminação por alguma característica própria, exceto raça 10% sofreram racismo 6% sofreram agressão física agressão 5% sofreram violação “Este estudo mostra que as mulheres sentem muito medo quando saem de casa, que esse medo tem a ver com as suas experiências com a violência urbana e de género e que sabem quais as iniciativas que podem contribuir para aumentar a sua segurança. Em particular, a pesquisa revela que as mulheres brasileiras percebem que essas medidas são de responsabilidade do Estado, principalmente da prefeitura de sua cidade”, disse Jacira Melo, diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão. LEIA TAMBÉM: Ceará registra mais de 2 mil crimes sexuais em 2023; maior número dos últimos oito anos Mais de 100 denúncias de assédio sexual em ônibus serão feitas em Fortaleza em 2024 Segundo a pesquisa, 77% das mulheres fortalezens sentem muito medo de sofrer violência ao se deslocarem pela cidade. Assaltos, sequestros, estupros e assédio/importunidade sexual são os principais medos dos moradores da capital quando saem de casa e se deslocam pela cidade. Enquanto 66% das mulheres brasileiras declaram ter muito medo de sofrer um assalto/furto/sequestro repentino, entre os moradores de Fortaleza esse número chega a 79%. Em Fortaleza, 73% das mulheres disseram ter muito medo de serem estupradas, número superior à média nacional de 66%. 59% dos moradores de Fortaleza afirmam ter muito medo de sofrer assédio/assédio sexual. 77% das mulheres de Fortaleza sentem muito medo de sofrer violência ao se deslocarem pela cidade Reprodução/Uber, Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva Fatores que geram insegurança Mais de 420 casos de assédio sexual registrados em um ano em ônibus em Fortaleza Entrevistados relataram que A o sentimento de insegurança se deve à ausência de políticas públicas que possam tornar a locomoção mais segura. Para eles, a falta de polícia e de iluminação e as ruas desertas são os principais fatores que contribuem para o sentimento de insegurança. Veja os números: 57% – falta de policiamento 48% – falta de iluminação pública 49% – ruas desertas e vazias 44% – espaços públicos abandonados 38% – falta de respeito/agressividade das pessoas 37% – falhas no transporte público 36% – falta de empatia/solidariedade 26% – tempos de viagem Apenas 12% das mulheres acreditam que as ruas de Fortaleza são seguras, enquanto 20% dizem que se sentem seguras nas ruas próximas de sua casa. A maior parte da violência ocorreu quando as mulheres estavam no transporte público ou caminhando. É o caso de Bárbara Leão, de 28 anos. Ela conta ao g1 que já sofreu diversos assédios no transporte público da cidade, mas lembra de dois episódios marcantes: aos 19 anos, quando voltava do estágio para casa, e aos 24, quando saía do trabalho. No primeiro caso, Bárbara conta que um idoso ficava olhando para ela e seguindo-a dentro do ônibus, na tentativa de contato com a vítima. Ela até desceu algumas paradas antes de seu destino final porque estava com medo. “Eu ainda não entendia o que era assédio. Você realmente não sabe o que fazer. Lembro-me de estar com medo. Fiquei um pouco em estado de choque, tentando entender o que estava acontecendo”, disse ele ao g1. A segunda situação envolveu contato físico e aconteceu quando ela tinha 24 anos. Bárbara pegou o ônibus para voltar para casa depois do trabalho. Ela relata que o transporte estava lotado e um homem aproveitou a situação para tocar suas partes íntimas na vítima, que estava deitada de costas. “Embora eu entendesse o que estava acontecendo e tentasse sair, não consegui. Ele continuou me empurrando. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Lembro que na minha frente estava outro homem e ele me olhava muito sério e muito feio, fiquei com medo, porque pensei que estava fazendo alguma coisa errada ou que esse homem tinha o que estava atrás de mim.” Bárbara lembra que, no entanto, este segundo homem, depois de o assediador ter saído do veículo, avisou-a sobre o que acabara de acontecer: “Ele perguntou-me se esse outro rapaz era algo meu, se eu o conhecia. , quando se sim, você grita, pede socorro’, desci novamente antes da minha parada e fui para casa engolindo as lágrimas”, disse Bárbara. Mais segurança no transporte Denúncias de assédio via aplicativo devem ser preenchidas para que a Polícia Civil seja notificada sobre o crime Fabiane de Paula/SVM Atualmente, Bárbara não utiliza o transporte público com tanta frequência e tem ido trabalhar em carros de aplicativo. Mesmo assim, ela diz que não se sente mais segura e que também já houve casos de assédio nestes veículos particulares. Para a jovem, a proteção individual virou regra: ela sempre compartilha sua localização com amigos e com o noivo quando participa de corridas de moto e disse que evita ficar sem internet ou qualquer sinal de comunicação com a família. “É uma forma de eu me prevenir, porque é a única coisa que posso fazer. As medidas de segurança viraram rotina, principalmente porque fico muito sozinho. Sabemos que o feminicídio está aumentando”. Segundo as redes sociais, Fortaleza não “leva a sério” as políticas públicas de proteção às mulheres. Outros processos como a revitimização (quando a vítima de um crime sofre posteriormente outra forma de violência), a sexualização e a objetificação das mulheres pela sociedade também são ingredientes nocivos, segundo ela, para que a violência contra as mulheres tenha aumentado. “Acho que a principal coisa que precisa ser feita é realmente aumentar a conscientização. Falamos de muitas coisas, mas na prática isso não se faz. vai fazer Como ele vai reagir numa situação como essa deveria haver um modus operandi”, finalizou. Segundo a pesquisa, 9 em cada 10 moradores de Fortaleza consideram importante priorizar a questão da segurança das mulheres nas eleições municipais de 2024. Eles também têm exigências específicas para melhorar a sua sensação de segurança. Para os entrevistados é preciso garantir iniciativas voltadas ao transporte e à infraestrutura, como melhorar a iluminação pública, revitalizar espaços abandonados (praças, prédios, terrenos baldios), aumentar o número de linhas de ônibus e reduzir o tempo de espera no transporte público. Ambientes em que as mulheres se encontravam quando as situações ocorreram Reprodução/Instituto Patrícia Galvão, Uber e Locomotiva Mais de 100 denúncias em 2024 Os dados são da Plataforma Nina, ferramenta da Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza (Etufor). Marcos Moura/Etufor/Divulgação Fortaleza teve 111 denúncias de assédio sexual no transporte público nos primeiros seis meses deste ano. Os dados são da Plataforma Nina, ferramenta da Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza (Etufor) que recebe ligações semelhantes. Desde o lançamento do Nina 2.0, em setembro de 2022, a plataforma recebeu 580 denúncias. Das 111 denúncias, 81% foram registradas pelas próprias vítimas e 19% por testemunhas. A maioria dos reclamantes (79%) são mulheres entre 19 e 29 anos. Entre as principais ocorrências estão: 235 atos de toque/apalpamento (41%) 112 relatos não descritos (registrados como ‘outros’, representando 19,21%) 77 casos de intimidação (13%) “Cerca de 35% dos relatos estão incompletos, tornando-se impossível proteger as imagens e incluir essas linhas nas ações de políticas públicas de combate ao assédio sexual”, comentou Rayana Mangueira, gerente da plataforma Nina 2.0 da Etufor. Como fazer uma denúncia NINA é uma startup e consultoria que fornece tecnologia para diversos aplicativos de rastreamento de denúncias de assédio e violência Reprodução Para fazer uma denúncia, as pessoas podem se cadastrar na ferramenta pelo WhatsApp (85 93300 7001) e devem fornecer o máximo de informações possível possíveis informações sobre o ocorrido, incluindo número do veículo, horário, fila, localização e referências a vestimentas e características para facilitar a identificação do agressor. É importante destacar que a denúncia no Nina 2.0 não substitui a formalização do registro de Boletim de Ocorrência (BO), para identificação e aplicação da Lei de Assédio Sexual, em vigor desde 2018. Com as denúncias, as imagens Os dados coletados tornam As provas são fornecidas caso a vítima prossiga com a investigação na Delegacia e, assim, as ações dos infratores podem ser inibidas. “Aconselhamos que todos os utentes dos autocarros se registem na plataforma para que a reclamação seja feita”, afirmou Raimundo Rodrigues, presidente da Etufor. A ferramenta Nina 2.0 foi lançada em setembro de 2022 pela Prefeitura de Fortaleza, por meio da Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza (Etufor), em parceria com a Coordenação Especial de Políticas Públicas para Mulheres, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SHDDS ) e a startup Nina. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

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