A situação política em Venezuela permanece tenso mesmo quando as manifestações antigovernamentais esfriam. No fim de semana, adversários do regime de Nicolás Maduro tiveram a sua casas marcadas em um bairro de Caracas, enquanto o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) começa a analisar o ata eleitoralainda não divulgado oficialmente pelo governo.
Durante o fim de semana, os moradores de Bairro 23 de Janeiroem Caracas, que participou de manifestações antigovernamentais nas últimas semanas, como marchas e potluckstiveram suas casas marcadas por coletivos e grupos paramilitares favoráveis ao governo, segundo o jornal local “El Nacional”.
As residências ficam na região de La Piedrita, comandada por um dos mais poderosos grupos paramilitares do 23 de Janeiro. As residências foram marcadas com um X preto para assustar os adversários que moram no bairro.
O bairro é um região popular de Caracas e é onde estão os restos mortais do falecido presidente Hugo Chávez.
Além de tensões nas ruasAs eleições presidenciais no país continuam a agitar a justiça local, com o TSJ a anunciar que começou a investigar os registos eleitorais da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Os itens são objeto de interesse internacional, pois contêm dados de votação que não foram divulgados pela Justiça Eleitoral do país.
O TSJ anunciou no fim de semana que o investigação sobre as eleições presidenciais venezuelanas iniciará a fase de análise das provas após ter recolhido os depoimentos dos candidatos – exceto o opositor Edmundo González Urrutia – e ter recebido os registos eleitorais da CNE.
Segundo a presidente do tribunal, Caryslia Rodríguez, o tribunal prepara-se agora para realizar um exame de todo o material eleitoral recebido pela CNE, que declarou Maduro vencedor mesmo sem apresentar detalhes da votação.
Num esforço paralelo, a oposição obteve mais de 80% dos registros eleitorais cujos resultados apontam para a vitória de González, provocando uma reação internacional para que o governo divulgue oficialmente a ata.
Rodríguez disse que após a investigação do TSJ, a questão se tornará “inapelável e obrigatória”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgou hoje um comunicado confirmando informações recolhidas por entidades que operam na Venezuela de que pelo menos 23 pessoas morreram durante protestos no país desde 28 de julho e que mais de 1.200 foram presos pelo regime de Maduro.
A entidade afirmou que a repressão aos protestos matou 23 pessoas, sendo 18 delas menores de 30 anos. Além disso, a nota refere que 1.260 pessoas foram detidas no contexto dos protestos e que “dados da Procuradoria-Geral da República indicam que pelo menos 2.200 pessoas, classificadas indiscriminadamente como ‘terroristas’foram detidos”, segundo a entidade.
Num comunicado, o escritório da ONU afirmou que as detenções foram “arbitrárias e constituem graves violações do devido processo, deixando os indivíduos desprotegidos dentro do sistema de justiça”, ao realizarem audiências de custódia remotamente pelo Tribunal Terrorista de Caracas, apesar de os acontecimentos terem ocorrido noutros locais. do país.
A entidade acusa ainda o regime de Maduro de impor “acusações criminais graves, como terrorismo, conspiração e crimes de ódio, sem provas ou aplicadas de forma desproporcional” e também de negar informações aos familiares dos detidos e impedir o acesso à defesa dos detidos. .
“A Missão recebeu informações particularmente preocupantes sobre a detenção de mais de 100 crianças e adolescentes, acusados dos mesmos crimes graves que os adultos. Além disso, essas crianças não foram acompanhadas pelos pais ou responsáveis durante o processo judicial”, afirmou a entidade em comunicado.
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