O estudo da concessão da hidrovia do Rio Madeira, que passa por Rondônia e Amazonas, propôs uma tarifa de R$ 0,80 por tonelada transportada para cobrir investimentos, como dragagem e sinalização, e despesas de manutenção, disse o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários. (Antaq), Eduardo Nery, durante audiência pública no Senado. O trecho que será concedido à iniciativa privada passa por 11 municípios, sendo oito no Amazonas e três em Rondônia.
“O grande impulso para esse projeto veio das cargas, principalmente dos produtores de milho, soja e fertilizantes, que chegaram até nós insatisfeitos com os altos custos logísticos e a baixa eficiência operacional da hidrovia”, disse Nery aos senadores da Comissão de Serviços de Infraestrutura.
Segundo ele, os produtores da região informaram que estavam dispostos a pagar até US$ 1 por tonelada. O valor definido no estudo é sete vezes menor que o limite proposto pelos empresários do agronegócio, considerando a cotação do dólar registrada hoje, R$ 5,66.
O leilão está previsto para 2025 e será o vencedor o participante que oferecer o maior desconto na tarifa definida no edital. O contrato de concessão deve durar 12 anos. A tarifa proposta garante ao investidor uma taxa interna de retorno (TIR) de 9,92%, a mesma aplicada aos projetos de arrendamento portuário no país. Somente no segundo ano de concessão, após a realização dos principais investimentos, a taxa poderá ser cobrada.
O troço Madeira que será concedido vai da capital Porto Velho até à foz do mesmo rio, numa extensão de 1.075 quilómetros, com largura média de 1 quilómetro. Nery explicou que os trabalhos de dragagem – retirada de sedimentos do fundo do rio – devem ser restritos a aproximadamente 30 a 40 metros, distância correspondente à largura do canal de navegação por onde passarão grandes embarcações e barcaças. “São intervenções muito limitadas em troços específicos”, destacou.
O diretor-geral da Antaq disse que, no rio Mississippi (EUA), por exemplo, um volume de 90 milhões de metros cúbicos por ano (m³/ano) é retirado em dragagens de manutenção para garantir a navegabilidade. O rio Madeira, com “volume de água muito maior”, retira apenas 1 milhão de m³/ano.
Segundo Nery, a estiagem prolongada que atinge os rios do Norte torna ainda mais necessários os trabalhos de manutenção das condições de transporte no rio da bacia do Madeira. “É um rio que tem uma sazonalidade climática conhecida. Então, a seca na região Norte, que este ano está sendo mais severa devido às mudanças climáticas e tende a ser mais severa a cada ano, não é novidade”, afirmou.
O Rio Madeira será o primeiro de seis rios com volume de carga capaz de sustentar investimentos e operações ao longo de um contrato de concessão. Os demais projetos estão previstos para as seguintes hidrovias: Paraguai, Tocantins, Tapajós, Barra Norte (saída do Rio Amazonas para o Oceano Atlântico) e Uruguai-Brasil (Lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul).
“Só podemos conceder concessões em determinados eixos estratégicos porque a engenharia financeira para que uma concessão seja mantida depende principalmente de uma carga consolidada. Nem toda hidrovia tem essa condição”, Nery.
O secretário nacional de hidrovias e navegação, Dino Antunes Dias Batista, enviou uma mensagem à população local e demais utentes do Rio Madeira, reforçando que a gestora hidroviária não cobrará portagens a ribeirinhos, pescadores e serviços de transporte de passageiros e carga geral. . “É óbvio que uma embarcação de pesca não precisa de nada disto, apenas de acesso ao rio, que continuará a ter normalmente”, destacou.
O secretário, vinculado ao Ministério dos Portos e Aeroportos, explicou que a tarifa será cobrada dos transportadores de soja, milho, combustíveis e fertilizantes. “Estamos falando de mais de 90%, quase 95% de toda a tonelagem que passa pelo rio Madeira”, disse, na audiência pública no Senado.
Nery informou que o Rio Madeira transporta atualmente 3 milhões de toneladas por ano (tonelada/ano) de milho e soja. Uma vez confirmado o aumento de capacidade da concessão, o leito do rio deverá acomodar uma vazão de 20 milhões de toneladas/ano em 2030 e 28 milhões de toneladas/ano em 2057.
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O posto Hidrovia do Madeira deverá ir a leilão em 2025 com tarifa sete vezes inferior ao previsto | O Brasil apareceu primeiro no WOW News.