Para 62% dos brasileiros que não estudaram inglês, o desconhecimento do idioma não teve impacto na carreira, segundo a pesquisa Opinion Box, realizada pela Pearson no Brasil, Argentina, México, Colômbia e Chile. Por outro lado, o estudo aponta que 33% da população brasileira que não fala inglês se sente prejudicada pela falta da habilidade.
Segundo a pesquisa, 9% dos entrevistados brasileiros afirmam ter nível avançado de inglês, 21% possuem conhecimento intermediário, 50% da população possui entendimento básico e outros 20% afirmam não ter entendimento do idioma. “A falta de domínio do inglês pode ser um dos maiores obstáculos na carreira de um profissional hoje e limitar suas oportunidades, principalmente dentro de um mercado global”, avalia Fernando Lugó, diretor de marketing da Pearson LatAm.
Além disso, a maioria dos brasileiros afirmou não se sentir confiante ao realizar tarefas na língua inglesa, como escrever um e-mail (64%), apresentar um projeto de trabalho (73%), realizar uma entrevista de emprego (70%) ou pedir informações básicas sobre uma viagem internacional (66%).
“Os funcionários entrevistados não se sentem capazes de realizar as tarefas do dia a dia”, aponta Lugó. “Carreiras ligadas à tecnologia têm forte ligação com o inglês. As oportunidades de emprego estão abertas e as empresas têm dificuldade em contratar pessoas para esses cargos”, acrescenta.
Entre os países analisados, a população do México mostrou-se mais confiante em todas as atividades listadas, pois quase metade da sua população possui conhecimentos intermediários ou avançados de inglês (48%). “O México está geograficamente mais próximo dos Estados Unidos do que do Brasil. Então, naturalmente, para este mercado esta é uma preocupação maior. Existem possibilidades de emprego e de negócios”, aponta o diretor de marketing da Pearson.
Lugó afirma ainda que quando um funcionário não sabe inglês pode gerar uma perda “gigantesca” de rendimento para a empresa. “Se uma pessoa precisa do dobro ou do triplo do tempo para realizar uma tarefa simples do dia a dia, isso afeta a produção. É fundamental que os colaboradores desenvolvam o inglês para ganhar produtividade”, afirma.
Por outro lado, para Karen Fontana, diretora da Springpoint e FutureBrand São Paulo, saber inglês não é sinônimo de performance. Ela acredita que a língua inglesa é muitas vezes vista no Brasil como um símbolo de status e não representa uma habilidade necessária em todos os cargos. O diretor também reflete sobre a desproporcionalidade entre o número de vagas publicadas que exigem inglês – 60%, segundo pesquisa da Page Personnel (2023) – e o número de pessoas que de fato dominam o idioma no território nacional (9%).
“A verdadeira inovação vem de equipes diversas que operam em ambientes psicologicamente seguros, onde a inclusão e a multiplicidade de ideias são valorizadas”, afirma Fontana.
Ela comenta ainda que o hábito de contratar apenas pessoas que falam inglês leva à exclusão de perfis diversos, limitando a entrada de talentos que possam contribuir com novas perspectivas. O especialista entende que as empresas e os candidatos podem apostar em atributos como pensamento criativo, adaptabilidade, flexibilidade e literacia digital, “fatores que terão de facto valor face ao contexto económico e tecnológico dos próximos anos”.
“Se o inglês é realmente necessário para a sua empresa, oferecer cursos, parcerias com instituições de ensino ou implementar ferramentas de tradução podem ajudar”, sugere o diretor da Springpoint. Lugó, por sua vez, concorda que as empresas precisam promover o desenvolvimento interno dos colaboradores, bem como flexibilizar os processos de contratação. O executivo finaliza indicando o uso de aplicativos que medem o nível de inglês dos funcionários. “A partir desse diagnóstico é possível criar um plano de desenvolvimento personalizado para atender às necessidades de cada pessoa”, observa.
Sob a supervisão de Fernanda Gonçalves
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