Médicos paulistas elegeram nesta quarta-feira (7) a chapa da Força Médica para representar o Estado de São Paulo no Conselho Federal de Medicina (CFM). Composta pelo infectologista Francisco Cardoso (principal) e pelo ginecologista e obstetra Krikor Boyaciyan (suplente), a dupla se identifica como da “direita conservadora”, e é contra a assistolia fetal e o aborto após 22 semanas.
A votação online ocorreu na terça (6) e quarta-feira. Cada Estado e o Distrito Federal elegeram um conselheiro titular e um suplente. O mandato dos eleitos vai de 1º de outubro de 2024 a 30 de setembro de 2029.
O conselho é responsável por estabelecer padrões e diretrizes para a prática médica, investigar denúncias de má conduta, supervisionar os conselhos regionais e colaborar com o governo na formulação de políticas e programas.
Cardoso é formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Ele também é vice-presidente da Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP), cargo em que é investigado pelo Ministério da Previdência Social a respeito das ações do CFM em benefício da associação. “O Ministério da Previdência quer basicamente que os médicos especialistas sejam proibidos de usar o CFM. O nome disso é censura”, diz sobre o caso.
Boyaciyan é graduado e doutor pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e atua no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Entre as principais propostas do partido estão a revisão das anuidades do CRM-SP, a criação de uma comissão de apoio ao médico agredido, a oposição ao programa Mais Médicos e a abertura de novas faculdades de medicina, a “defesa intransigente” contra o “feticídio” “(aborto), a criação de câmaras na CRM para avaliar a materialidade e indícios de autoria das denúncias, uma comissão de assuntos do Estado para atuação permanente nos três poderes e a redução da carga tributária dos médicos, ambos praticantes da medicina no que diz respeito a compra de equipamentos.
Cardoso afirma que o grupo é contra a realização de procedimentos estéticos, como harmonização facial e peeling de fenol, por não médicos.
Sobre o combate à abertura de novas faculdades de medicina em todo o país, ele acusa o Sistema Único de Saúde (SUS) de ter “um exército de reserva médica” para “baixar o custo”.
O infectologista também é a favor da contracepção e do cumprimento de ordens judiciais que só permitem o aborto até 22 semanas: “A ordem é interromper a gravidez, não matar o bebê. já é capaz de sobreviver fora do útero.” Alternativamente, ele defende o nascimento precoce.
“Vemos a defesa da vida contra a cultura da morte, que é a história do feticídio”, diz Cardoso.
A disputa foi marcada por postagens de propaganda politizada e mensagens aos eleitores, levando o CFM a acionar a Polícia Federal (PF). Procurada nesta quarta-feira (7), a PF disse não ter atualizações sobre o caso. Durante a disputa, Cardoso lamentou o ocorrido, afirmando que as mensagens foram enviadas para prejudicá-lo. “Acho que foi para atrapalhar a eleição, mas isso é uma coisa que acontece aqui no Brasil. Toda eleição tem isso.”
O empresário Luciano Hang e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga pediram votos no perfil da rede da chapa vencedora durante a corrida eleitoral do conselho. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também manifestou apoio nas redes sociais. Ainda assim, o documento de proposta do partido elenca o “combate à politização da medicina”, a “defesa das prescrições médicas baseadas em evidências científicas e não em ideologias políticas”, e a “promoção de debates médicos baseados em evidências robustas”.
“A política partidária tem de ficar longe dos conselhos, mas a política de ter ideias mais conservadoras ou ideias mais liberais, isso existe. E o CFM, ao contrário do que por vezes se diz na mídia, é um órgão plural. tem gente lá de esquerda, de direita, de centro”, diz Cardoso.
Em 2022, o médico participou de um debate polêmico no Senado, durante o qual médicos usaram informações falsas para criticar as vacinas contra a Covid-19. Durante a sessão, o infectologista afirmou que não houve diferença na transmissibilidade entre pessoas não vacinadas e vacinadas.
Na abertura da eleição, o atual presidente do conselho, José Hiran da Silva Gallo, afirmou que o CFM, como membro do Estado brasileiro, “deve atuar com imparcialidade, com respeito à lei e atento aos princípios éticos e bioéticos princípios fundamentais ao exercício da nossa profissão.”
Havia 73 candidatos e 146 candidatos na corrida. Para concorrer, eles precisavam estar inscritos no CRM, apresentar certidão negativa de condenação em processos éticos, criminais e de auditoria, e certidão de quitação eleitoral, segundo o site do CFM.
A votação teve 75,22% de participação. Do total de 598.573 médicos em atividade no país, 543.395 estavam aptos a votar, com dados cadastrais atualizados e sem problemas administrativos ou financeiros com os CRMs, segundo nota do conselho. O voto era obrigatório para todos os inscritos até 70 anos de idade. Quem não votou está sujeito a multa de R$ 94.
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O posto Membro eleito do CFM em SP se declara ‘direitista conservador’ e contra o ‘feticídio’ | O Brasil apareceu primeiro no WOW News.