Ibovespa cai com Vale e Petrobras em meio à forte aversão a risco após ‘payroll’ | Finanças

Ao final do dia, o Ibovespa caiu 1,41%, aos 134.572 pontos. Na mínima intradiária tocou 134.476 pontos e, na máxima, 136.653 pontos. O índice acumula queda de 1,05% na semana. O volume financeiro negociado no pregão (até 17h45) foi de R$ 13,39 bilhões no Ibovespa e de R$ 17,94 bilhões na B3. Em Nova Iorque, o S&P 500 caiu 1,73%, o Dow Jones fechou em queda de 1,01% e o Nasdaq perdeu 2,55%.

Resumo: O que esperar das taxas de juros no Brasil e nos EUA

A maior parte das ações fechou em baixa no Ibovespa, dada a forte aversão a ativos de risco no exterior, que contaminou o clima local. As ações mais importantes do índice apresentaram forte queda, como a Vale ON, que caiu 1,25%, e as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras, que perderam 1,84% e 1,96%, respectivamente. A forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional e a ligeira queda do minério de ferro em Dalian pesaram sobre as ações dos exportadores de commodities.

O setor bancário também caiu na sessão: Bradesco PN (-1,94%), unidade BTG (-1,66%) e Itaú PN (-1,41%).

Os participantes do mercado aguardavam ansiosamente a divulgação do principal indicador do mercado de trabalho americano, já que o último “payroll”, o de julho, causou pânico nos mercados globais ao apresentar forte desaceleração. Os novos dados mostraram a criação de 142 mil empregos, ante expectativas de 161 mil empregos. A taxa de desemprego, que subiu para 4,3% em Julho, ficou em linha com as estimativas, fixando-se em 4,2%. O rendimento médio por hora trabalhada subiu 0,4%, acima do consenso de 0,3%. Adicionalmente, as vagas criadas em junho e julho foram revisadas para baixo.

O analista Fernando Bresciani, do Andbank, avalia que o mercado esperava números piores na folha de pagamento para agosto, porque aumentariam a probabilidade de um primeiro corte maior na taxa de juros por parte do Federal Reserve (Fed). “Não foi tão ruim. É bom que esteja desacelerando mais lentamente, mas isso indica um corte de 0,25 ponto percentual na reunião deste mês. O Fed é cauteloso”, observa ele.

Em relatório, o Bank of America (BofA) afirma que a folha de pagamento de agosto levou a uma mudança no cenário esperado para o ciclo de cortes, de 0,25 ponto percentual por trimestre a partir de setembro para 0,25 ponto por reunião. “Embora o relatório tenha sido sólido em muitos aspectos, o panorama geral é que o mercado de trabalho está a arrefecer. O crescimento do emprego foi em média de apenas 116.000 por mês nos últimos três meses. Mas também não vemos fraqueza suficiente no mercado de trabalho para justificar um corte de 0,5 ponto”, afirmam os economistas do banco.

Em relação ao Ibovespa, Bresciani destaca que existem algumas preocupações com o cenário doméstico, como o clima seco que contribuiu para o aumento do custo da energia elétrica e, consequentemente, gera inflação; além do aumento da taxa Selic e do ruído político em torno do controle de gastos. “Vivemos uma época em que a inflação é ‘difícil’ de cair quando apareceu outro problema, que é a energia elétrica com bandeira vermelha. Podem ser dois ou três meses com cobrança na conta de luz e isso gera inflação, afetando todo mundo”, pontua.

O corte nos juros americanos poderá beneficiar o Brasil, já que os investidores podem desfazer posições no exterior e investir na bolsa, diante de empresas bem avaliadas e baratas. No entanto, ele reforça que a sinalização de taxa Selic elevada poderia afastar os investidores locais da renda variável. “Por um lado é bom, porque os diretores do Banco Central estão fazendo o dever de casa para não deixar a situação piorar, mas gera mais retorno em renda fixa.”