Diante de dados que apontavam para uma desaceleração da economia nos Estados Unidos, a cautela prevaleceu nos principais índices europeus e americanos. No Brasil, por outro lado, prevaleceu o otimismo. Um tipo de otimismo que costuma aparecer quando as taxas de juros caem, o PIB cresce, a concorrência externa dá uma pausa e o risco fiscal diminui.
- O Ibovespa subiu 1,31%, aos 136.111 pontos, ainda abaixo da máxima atingida na semana passada quando ultrapassou os 137 mil pontos. No mês, aumentou 0,08% e, no ano, acumulou alta de 1,43%.
- O volume financeiro foi de R$ 16,9 bilhões, em linha com a média diária de R$ 16,6 bilhões dos últimos 12 meses.
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E qual o motivo de tanta excitação?
Hoje, O relatório “Pesquisa de Vagas e Rotatividade de Emprego” (Jolts), divulgado pelo Departamento do Trabalho, mostrou que o número de vagas em julho ficou abaixo do esperado e foi o menor dos últimos três anos.
Para completar, imediatamente, O Livro Bege, retrato da economia americana, trouxe mais sinais de desaceleração da atividade do país.
“O documento mostrou que o número de distritos que reportam actividade estável ou em declínio aumentou de cinco para nove no período actual. O Livro Bege também mostra que as despesas diminuíram na maioria dos distritos. Além disso, o relatório da folha de pagamento (relatório de empregos) destacou a desaceleração do mercado de trabalho. Acredito que esse dado abre ainda mais espaço para a tão esperada queda dos juros, em torno de 0,5%, nos próximos meses”, avalia Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital.
Esses dados podem ser vistos de duas maneiras: uma recessão está chegando ou um corte nas taxas de juros é esperado em maio. Em vez de ver o copo meio vazio, alguns investidores preferiram vê-lo meio cheio. Ao contrário do que aconteceu no início de agosto, quando dados que mostravam o enfraquecimento da economia americana geraram uma quebra nos mercados, desta vez a mensagem foi lida de forma diferente.
Embora a maioria ainda preveja uma redução de apenas 0,25 pontos percentuais nas taxas dos EUA na próxima reunião da Reserva Federal, a tese de que a economia precisa de um corte maior ganhou mais força.
Olhando para o Brasil, O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou acalmar os ânimos após o resultado do PIB, mostrando a foto por um ângulo diferente, de uma economia que cresce com a inflação ainda baixa. Disse ainda que “houve falta de controle na concessão de benefícios [no governo anterior]que está sendo revisado e será posteriormente [revisto]”.
A frase soou como música aos ouvidos do mercado, que anseia por sinais concretos de que o Governo deveria alcançar o equilíbrio, atingindo o prometeu déficit zero e mostrou que pode manter uma matemática redonda no longo prazo. A pressão não é apenas para aumentar a arrecadação (o que vem acontecendo na maioria dos meses), mas principalmente para cortar gastos, exatamente o que o discurso do ministro dava a entender que aconteceria.
O PIB brasileiro, o mais importante indicador do crescimento econômico, subiu 1,4% no segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número ficou acima da mediana das expectativas das 80 instituições financeiras e consultorias consultadas pelo Valor Data, que apontavam crescimento de 0,9%.
Todos esses fatores contribuíram para a forte alta do mercado acionário brasileiro, que subiu em diversos setores, inclusive nas commodities que tendem a ter mau desempenho quando o risco de recessão volta a assombrar o mercado.
Ao longo do dia, as ações de Petrobrás operado em alta. Mas no final do pregão pesou muito a queda intensa do preço do barril de petróleo. OK e outras mineradoras conseguiram avançar, assim como os títulos vinculados ao mercado interno, que se beneficiam do crescimento do PIB e da queda das taxas de juros.
De ponta a ponta, a curva de juros refletiu o prêmio de mercado para os ativos brasileiros. Até a parcela mais curta, que tem maior relação com as perspectivas para a Selic, caiu. No longo prazo, a percepção de menor risco fiscal também ajudou a retirar prémios dos contratos.
- As taxas de Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2025 caíram de 10,98% para 10,983%. Os prêmios em contratos de prazo mais curto estão mais ligados às expectativas dos investidores em relação à Selic;
- Para janeiro de 2034, passaram de 12,06% para 11,86%. Estas taxas mais longas geralmente medem o “risco fiscal”, que é a capacidade do governo de manter as contas públicas atualizadas;
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“Os juros futuros também estão caindo ao longo de toda a curva, num aparente otimismo do mercado em relação às perspectivas para a economia americana, o que está influenciando a economia brasileira”, comenta Castro.
Caso o cenário que o mercado espera realmente se concretize (com queda dos juros nos Estados Unidos e alta da Selic por aqui), o dólar deverá perder força frente ao real. Afinal, a renda fixa brasileira ganharia mais atratividade em relação à americana. Com a queda das taxas de juros no exterior, os investidores tendem a buscar mais riscos em troca de melhores ganhos.
- A moeda americana caiu ligeiramente pela primeira vez após sete sessões de altas. A moeda encerrou o dia cotada a R$ 5,64 após queda de 0,03%. No acumulado do ano, continua 16,22% mais caro.
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Em geral, o aumento das taxas de juro é um mau sinal para o mercado. Mas desta vez, um possível aumento da taxa Selic está sendo bem recebido e aguardado pelos grandes investidores. A tese é que, se o Banco Central (BC) aumentar os juros agora, em breve eles voltarão a cair. E com uma economia forte, os riscos de manter as taxas de juro mais elevadas diminuiriam. Para alguns, o risco de taxas de juro elevadas é menor do que o de uma inflação elevada, pelo que um aumento das taxas agora seria preferível.
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Com o movimento de queda dos juros e PIB favorável, as ações de bancos e varejistas tiveram mais um dia de alta. Entre as maiores subidas da sessão de hoje estão Pão de Açúcar, Embraer e Marfrig.
- Das 86 ações do índice, 78 subiram e apenas oito caíram;
Segundo Castro, as ações do frigorífico subiram 4,2% no pregão após o anúncio do fechamento do acordo para sua fusão com a BRF, que traz o peso das marcas Sadia e Perdigão para a produtora de proteínas.
A Embraer beneficiou da informação de que a BlackRock aumentou a sua participação na empresa para 5,5% do capital social. O Pão de Açúcar registrou a maior alta da sessão, 8,78%. “Esse tipo de volatilidade é típica de ativos alvo de especulação, como o grupo que registrou dias fortes de altas e baixas ao longo do ano”, explica o especialista.
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