agosto 2, 2024
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Emprego de meios de pagamento se espalha por transporte público | Brasil

Emprego de meios de pagamento se espalha por transporte público | Brasil
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Quem embarcar no ônibus em Maceió poderá pagar a passagem com cartão de banco, cartão de transporte e via aplicativo, mas não em dinheiro. Na tentativa de evitar riscos à segurança pública e aumentar as possibilidades para a população, a capital alagoana passou a permitir o pagamento com cartão bancário e a excluir o dinheiro nos ônibus em 2021.

Maceió é uma das 19 cidades que já aceitam cartões de crédito e débito em suas catracas, tendência do setor nos últimos anos, conforme mostra pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O avanço está acontecendo nos sistemas de metrô, ônibus e balsas e poderá ser expandido para o Pix por aproximação no futuro. Mas ainda existem obstáculos que precisam ser superados para evitar que, por exemplo, a população mais pobre seja prejudicada. Outra preocupação é mitigar o risco de fraude.

A primeira localidade foi o Rio de Janeiro, que adotou a forma de pagamento no metrô em 2019 e nas balsas em 2024. Jundiaí (SP) passou a adotar em 2020, Maceió e Rio Grande (RS) em 2021 e outras quatro cidades em o país . no próximo ano, incluindo Brasília. Em 2023 foram mais cinco, como São Paulo e Belo Horizonte. Este ano, a tendência se expandiu para mais seis cidades, como Santo André (SP), Foz do Iguaçu (PR) e Angra dos Reis (RJ).

A experiência é melhor quando o cliente pode pagar com cartão bancário”

-Mareska Tiveron

O Diretor de Gestão da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Marcos Bicalho, vê essa expansão dos meios de pagamento como uma tendência natural. “Estamos no caminho certo da evolução tecnológica, de incorporar o maior número de meios de pagamento alternativos”.

No entanto, a modernização enfrenta alguns desafios como o investimento necessário para atualizar os sistemas de bilhética, o risco de fraude e a adaptação da população para, em alguns casos, efetuar pagamentos 100% digitais.

Em Maceió, o investimento foi de R$ 3,5 milhões para atualizar o sistema de bilhetagem de todas as linhas para um que permitisse outras formas de pagamento. Com a mudança, o dinheiro deixou de ser aceito nas catracas. André Costa, diretor-presidente da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito, destaca que a motivação, além da questão da segurança, está relacionada em proporcionar mais comodidade à população e aos turistas. “Às vezes as pessoas não querem pegar um cartão local ou baixar um aplicativo, elas vão lá, usam o cartão de crédito e débito e podem fazer o pagamento”, disse.

O Distrito Federal aceita cartões bancários no metrô desde 2022 e está em processo de eliminação de dinheiro nos ônibus. Mas a transição para o pagamento digital, com aceitação de cartões de débito e crédito nos ônibus, teve alguns contratempos, inclusive na Justiça.

A Seção DF da Ordem dos Advogados do Brasil entrou com uma ação argumentando que a decisão poderia dificultar o acesso da população ao transporte público ao impossibilitar o pagamento em dinheiro. A juíza federal Ana Carolina Roman manteve o saque de dinheiro das 52 linhas já implantadas, mas condicionou a ampliação à implantação de uma solução de pagamento separada, que permitiria que pessoas sem transporte ou cartão bancário pagassem a passagem em dinheiro.

O secretário de Transportes e Mobilidade do DF, Zeno Gonçalves, entende que a decisão ajudou a melhorar o programa. “O separado é o QR Code. Ele vai aos dois postos do BRB [Banco de Brasília]seja nas estações de metrô ou nessas estações credenciadas, pague e emita o bilhete e você terá acesso ao validador [do ônibus] com aquele QR Code”, explica.

O objetivo é alargar a utilização de outros meios de pagamento, como cartões de mobilidade, e levantar dinheiro até o sistema atingir os 100%, aceitando cartões de crédito, cartões de débito, cartões de mobilidade e bilhetes únicos, “criando mecanismos para efetuar pagamentos excecionais em dinheiro fora o ônibus”, diz ele.

Julio Ramos, coordenador da Comissão Especial de Transportes da Abecs, vê espaço para crescimento do mercado, principalmente nos grandes centros. Ele explica que, apesar do ticket médio baixo das transações, o mercado é interessante. “Se as pessoas tiverem outra opção segura e conveniente para pagar por essas transações, elas tendem a usar mais o cartão. A carta dela se torna uma carta de principado maior”, afirma.

Mareska Tiveron, sócia da área bancária, fintech e tecnologia da Viseu Advogados, avalia que existe “enorme potencial” de crescimento na utilização de cartões de crédito neste setor. “A experiência do cliente passageiro é muito melhor quando ele também pode pagar a passagem de ônibus com o cartão bancário que já possui e utilizá-lo em muitas outras compras do dia a dia.”

A utilização de cartão bancário apresenta alguns riscos, como o chamado “diferimento online”. O validador do ônibus pode não estar conectado 100% do tempo, por isso a catraca libera a passagem antes mesmo do sistema verificar se há limite de crédito ou saldo na conta, para garantir a velocidade necessária no momento do embarque.

Enquanto isso, os passageiros podem acabar passando sem pagar. Ramos, da Abecs, explica que nesses casos o cartão utilizado está em uma lista restritiva e não pode ser utilizado novamente em outro ônibus. Além disso, ele destaca que existem formas de contornar a situação, como implementar corretamente as “diretrizes” da marca e colocar algum controle sobre o uso de cartões virtuais, por exemplo.

Outra forma de pagamento que pode se tornar uma possibilidade no futuro é o Pix por contato. A modalidade deverá funcionar por meio de carteiras digitais a partir de fevereiro de 2025. Procurado, o Banco Central (BC) disse que as empresas de transporte público podem procurar participantes do Pix para desenvolver soluções e que cabe ao BC disponibilizar a infraestrutura do Pix, “como você já faz”.

Bicalhores destaca que atualmente existem alguns desafios para a implantação do Pix, como a necessidade de conexão com a internet e a realidade de um processo de pagamento de catraca mais demorado, que exige acesso ao aplicativo do banco e leitura do código. Com o Pix por proximidade “vai resolver essa questão da rapidez de operação, principalmente nos horários de maior demanda”.

Em Maceió, o pagamento com Pix não funciona direto na catraca, mas está disponível para recarga em uma carteira digital que pode ser usada nos ônibus. Sobre o Pix por contato, André Costa, do departamento de transportes, disse que é preciso estudar a segurança do sistema e que ele sempre monitora novas possibilidades. “É comodidade para o usuário. Ele passa a usar uma forma de pagamento no dia a dia, por que não usar também para pagar o transporte?”

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