Segundo pesquisas, os moradores da cidade estão entre os maiores visitantes do país. O apelido da Estrada da Barra da Tijuca, a famosa Rua dos Motéis, perdeu a razão de ser. Depois de também ganhar fama como “Broadway Carioca”, no final da década de 60, e mantê-la por décadas a fio, a rua já não conta com tantas casas voltadas ao luxo e ao prazer. Dos 15 que existiam na época da ditadura, apenas três sobreviveram. Ainda assim, estudo da Associação Brasileira de Motéis afirma que o Rio é a quarta cidade brasileira com mais clientes de motéis e que 54% da população vai lá pelo menos uma vez por ano. Criatividade: Motel com piscina coletiva tem fila em dia de calor escaldante no Rio Fama: saiba como reabriu o Motel Vips Se depender do radialista Merlin Calazans, 40, e da namorada, a analista de marketing Clarissa Ferreira, 29, este índice poderia subir, bem como a temperatura de suas reuniões. — Este ano fomos três ou quatro vezes, no ano passado foi muito mais e, em 2022, foi quase todas as semanas — diz ela, acrescentando o que os atrai. — Dê algo diferente, tenha mais liberdade. Às vezes em casa fica complicado por causa da vizinhança ou se você tem família. Encontros quentes em locais adequados —fora de casa— fazem tanto parte da rotina que chegaram a pedir um encontro em um dos motéis mais conhecidos do Rio, o Corinto, no Andaraí. Ao posar para fotos na reportagem, Merlin, que mora no mesmo bairro, mostrou que conhece a região: — Brinquei com o gerente que fui ao local porque não tinha tablet. Agora o controle é todo tecnológico: ar condicionado, luzes, banheiro. Segundo especialistas, tecnologia, privacidade e decoração renovada são a tríade infalível para que os motéis continuem lucrando porque, como podemos perceber, o Rio não tem falta de visitantes. Gisele Silva, diretora da ABMotels, explica que os clientes não procuram mais apenas um local protegido para fazer sexo. — Motéis que não se atualizam, que ficam parados no tempo, acabam perdendo clientes e fechando as portas. Hoje em dia as pessoas valorizam muito o entretenimento e a paisagem. Então, é preciso que haja reformas ou formas de atender às novas demandas — afirma o especialista. Passado sem glamour Os motéis proliferaram no Brasil a partir de 1968, durante a ditadura, quando toda nudez era punida e a liberdade sexual só podia existir no escuro. É o que nos conta o livro “Os Motéis e o Poder”, de Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo. Mas antes de serem vistos com esse propósito, os motéis nasceram de incentivos dos governantes da época para a criação de casas de beira de estrada – sem segundas intenções – para acomodar famílias brasileiras que viajavam pelo país. A ideia evoluiu a partir da criação da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), fase em que o governo liberou recursos públicos e incentivos fiscais para o setor. — Muita gente pegou esse dinheiro, construiu motéis e viu que as pessoas estavam, no fim das contas, usando esses lugares para fazer sexo. Houve vista grossa, mas claro que se sabia — diz Ciça Guedes. Embora as famílias brasileiras não utilizassem os estabelecimentos, algumas ganhavam milhões com o negócio: as famílias dos proprietários, neste caso. Murilo Fiuza de Melo, coautor do livro, acrescenta: — Muitos herdeiros de motéis aproveitaram essa herança. Há cerca de dez anos, existiam cerca de 180 motéis na cidade do Rio. Perto das Olimpíadas de 2016, alguns deles passaram por reformas e foram transformados em hotéis para receber hóspedes. Hoje, não há consenso sobre o número exato de estabelecimentos em funcionamento na capital, mas, em resposta ao GLOBO, o Guia de Motéis informa que são 95 credenciados à rede. O que acontece atualmente é que, com maior liberdade sexual, o público-alvo dos motéis precisa ser reconquistado. Daí as estratégias que os sobreviventes do Rio empreenderam. — Hoje, parte do público que frequenta motéis é jovem e quer lugares “Instagramáveis” para compartilhar nas redes sociais. Por isso, é importante que a suíte tenha uma decoração bonita ou tome mais cuidado no seu design. Além disso, há unidades que investem também em suítes temáticas — diz Gisele Silva, da ABMotels e gerente do Motel Itaoka, em Bonsucesso. Suíte do Motel Itaoka é inspirada em ’50 Tons de Cinza’ Divulgação Recentemente reformado, o motel Vips, na Avenida Niemeyer, está na vanguarda da atração de público por sua reputação por abrigar celebridades, incluindo artistas e jogadores de futebol, e por seu paraíso vista no mar. Além disso, a unidade investe na imagem de um estabelecimento sofisticado. Bárbara Pfeiffer, gerente de marketing da agência Sides, responsável pela gestão da imagem da marca, explica: — O Vips não tem o mesmo posicionamento de motel que vemos em outros estabelecimentos. Por isso, as suítes possuem design contemporâneo, focado em uma temática mais praiana ou boho chic, e cada categoria de quarto possui diferenças: uma com teto de vidro com vista para a piscina no segundo andar; outra com sauna projetada com vista para o mar, algumas com borda infinita… Suíte ‘Jungle’ no Motel Comanche, em Nova Iguaçu Divulgação Para entrar em forma Na Baixada Fluminense, o diferencial é a criatividade. O Comanche Motel, em Nova Iguaçu, possui uma suíte com aparelhos de ginástica e outra repleta de plantas e chamada “Jungle”. Na Zona Norte, a suíte exclusiva é a Itaoka, inspirada no livro e filme “Cinquenta Tons de Cinza”, completa com móveis e brinquedos sadomasoquistas. A busca pela reforma dos motéis cariocas baseia-se no fim dos tabus das décadas anteriores, principalmente no que diz respeito a serem locais de sexo pago ou traição. A chegada e saída de novos visitantes é tão natural que um grupo chega ao Rock in Rio e opta por dormir nas camas redondas. No TikTok, depois que o Motel Caravellas, localizado no Jardim Sulacap, foi citado como uma opção viável para quem quer chegar à Cidade do Rock em até uma hora, as reservas para as datas do festival se esgotaram. Mudando a lei O comportamento aquece a discussão sobre a legislação. Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.383/24 que propõe alterar a Lei Geral do Turismo para incluir os motéis entre os meios de hospedagem previstos no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur). Outra tendência atual é a utilização de motéis por defensores de relacionamentos mais livres, como a não monogamia. É o caso do influenciador Felipe Vinha, casado há 20 anos. — É no motel que o companheiro vai vivenciar algo diferente com outra pessoa. Frequento muito motéis e acho que o número de frequentadores deve ser maior do que mostram as pesquisas — brincou.
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